05 de Maio de 2024 • 13:32
A candidata socialista Michelle Bachelet venceu o primeiro turno da eleição presidencial no Chile e é favorita para conquistar o cargo na segunda fase do pleito, marcado para 15 de dezembro, depois de deixar a presidência do país quatro anos atrás.
Após anos de protestos de rua exigindo mudanças na estrutura de poder chilena e uma reversão das políticas da época de ditadura, Bachelet prometeu reformas. Apesar disso, mais da metade dos eleitores não foram às runas e ficaram em casa no domingo
"É muito provável que os mesmos que geralmente votam tenham comparecido às urnas nessas eleições e os jovens não votaram em grandes números", disse Kenneth Bunker, doutorando chileno em Ciência Polícia da London School of Economics.
"Isso mostra que embora as promessas dos candidatos tenham muito a ver com as demandas das ruas, os jovens não votaram nos candidatos que propuseram o que eles exigem. Bachelet não venceu com o votos dos jovens. Ela ganhou com o voto tradicional."
Embora o equilíbrio preciso no Congresso continuasse indeterminado na noite de domingo, a coalizão Nova Maioria, de Bachelet, tinha obtido a maioria simples necessária para alterações fiscais, mas ainda não estava certo se conseguira assentos suficientes para mudar o sistema eleitoral ou a Constituição, escrita durante a ditadura.
O movimento estudantil pode ter um importante papel a cumprir, afirmou Bunker. Para avançar nas reformas educacionais, Bachelet vai precisar de 22 senadores e 69 deputados e pode conseguir esses números somente se conseguir persuadir dois líderes estudantis eleitos para a Câmara dos Deputados e um senador independente se unirem a ela, declarou ele.
"Se Bachelet conseguir essa ampla maioria, ela estará muito mais forte no segundo turno, porque será capaz de prometer a reforma educacional", disse ele. "Caso contrário, ela vencerá a eleição presidencial, mas será muito mais difícil as pessoas gostarem dela."
Regras da época da ditadura exigem maiorias votantes no Congresso de 57% para reformas educacionais, 60% para uma reforma eleitoral e cerca de 67% para mudanças constitucionais.
Bachelet, de 62 anos, deixou o cargo com 84% de aprovação após seu mandato entre 2006 e 2010, apesar de não ter conseguido promover mudanças importantes na sociedade. Desta vez, ela assumiu a causa dos manifestantes, prometendo alterar a Constituição, elevar os impostos corporativos de 20% para 25% para financiar uma reforma educacional e reduzir a distância entre ricos e pobres.
A vitória de Bachelet no segundo turno é quase certa, já que a maior parte dos candidatos de oposição deve se manter calado ou apoiá-la na segunda etapa da eleição.
A segunda colocada, Evelyn Matthei, de 60 anos, conseguiu 25% dos votos. Ex-ministra do Trabalho, ela defende que o Chile mantenha sua políticas pró-mercado que, segundo ela, são responsáveis pelo rápido crescimento e pelo baixo desemprego sob o governo de Sebastián Piñera, de centro-direita. Ela é contra as mudanças constitucionais e favorável ao financiamento de programas governamentais por meio do crescimento econômico e não do aumento de impostos.
"As duas candidatas terão de tentar encantar um grande porcentual de eleitores no segundo turno", disse Guillermo Holzmann, professor de Ciência Polícia da Universidade de Valparaíso. "Para Bachelet, isso significa incentivar os eleitores sem ir muito para a esquerda. Para Matthei, é convencer que o governo de Piñera deve ter continuidade."
O Chile é o maior produtor mundial de cobre e sua economia cresce rapidamente, com baixas taxas de desemprego e estabilidade democrática. Mas milhões de chilenos foram às ruas nos últimos anos, demonstrando sua grande frustração com a enorme distância entre ricos e pobres e os problemas crônicos de falta de recursos para a educação.
Líderes estudantis têm concentrados suas exigências na retomada de um sistema de educação gratuito e de alta qualidade. Mas os grupos de estudantes advertiram que podem voltar às ruas se suas exigências não forem atendidas.
Como muitos outros chilenos, os estudantes querem uma nova Constituição. "Bachelet deve vencer", disse Holzmann. "Mas vai ser realmente difícil para ela quando se tornar presidente."
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