X

Política

‘Perdi o ano’, admite prefeito de São Paulo

Fernando Haddad não conteve o abatimento em conversa com aliados do PMDB, na semana passada, ao comentar a sucessão de derrotas, em 2013

Pedro Henrique Fonseca

Publicado em 29/12/2013 às 12:18

Comentar:

Compartilhe:

A-

A+

Sem dinheiro para investimentos e com dificuldades na seara política, o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), não conteve o abatimento em conversa com aliados do PMDB, na semana passada. "Perdi o ano", desabafou ele, em seu gabinete, ao comentar a sucessão de derrotas, em 2013. Até agora, porém, não há sinais de que a presidente Dilma Rousseff, candidata à reeleição, vá ajudar Haddad a recuperar as finanças da Prefeitura a curto prazo. Preocupado com a percepção externa de que o Brasil pode estar sendo negligente com o ajuste fiscal, o governo Dilma decidiu não mais apoiar a proposta que prevê a mudança retroativa do indexador das dívidas de Estados e municípios.

O projeto de lei complementar, assim como está, é a esperança de Haddad para recuperar a capacidade de investimento da cidade, após a Prefeitura sofrer um baque com a decisão do Supremo Tribunal Federal, que barrou o aumento do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU). A simples troca do indexador da dívida (de IGP-DI mais 9% ao ano por IPCA mais 4%, limitada à taxa Selic), em caráter retroativo, pode aliviar em R$ 24 bilhões o débito da Prefeitura, que hoje é de R$ 56 bilhões. A equipe econômica, no entanto, não quer a aprovação da proposta pelo Senado.

Prestes a completar um ano de governo e com a imagem desgastada desde os protestos de junho, Haddad não esconde mais a mágoa com o governo federal e com dirigentes do PT. Patrocinadores do "homem novo" na política, todos temem agora o impacto de sua baixa popularidade nas campanhas de Dilma e do ministro da Saúde, Alexandre Padilha, candidato ao Palácio dos Bandeirantes.

O prefeito Fernando Haddad admitiu que 'perdeu o ano' (Foto: Divulgação)

A estratégia de Padilha, por exemplo, é começar a campanha pelo interior do Estado e Região Metropolitana, até a esperada recuperação de Haddad. Motivo: o PT faz de tudo para evitar que o índice de rejeição do prefeito, ex-ministro da Educação de Dilma, contamine a repaginada aposta do partido no "homem novo". Nos bastidores, Haddad avalia que sofre cobranças injustas, que aliados do PMDB são mais bem tratados do que ele pelo Palácio do Planalto e os petistas não o defendem nem divulgam medidas positivas de sua gestão, como o Bilhete Único Mensal e a ampliação das faixas exclusivas para ônibus.

O problema, no diagnóstico do prefeito, não é a política, mas, sim, a absoluta impossibilidade de tomar crédito, até mesmo para oferecer contrapartidas em programas, como o PAC das Cidades. O pacote de investimentos do governo federal destinou R$ 8 bilhões para obras de mobilidade urbana - como construção de corredores de ônibus - e também para drenagem e recuperação de mananciais. Algumas dessas obras, porém, exigem desapropriações, que não são financiadas pelo PAC.

"Se a dívida da Prefeitura não for renegociada, a cidade ficará estagnada e quebrará em 2030", afirmou o secretário das Finanças de São Paulo, Marcos Cruz, numa referência ao ano do fim do contrato. "Politizou-se essa discussão, mas atrelar a dívida à eleição de 2014 não tem cabimento porque não se trata de um projeto com resultado imediato. O maior beneficiário com essa renegociação será o próximo prefeito."

Apoie o Diário do Litoral
A sua ajuda é fundamental para nós do Diário do Litoral. Por meio do seu apoio conseguiremos elaborar mais reportagens investigativas e produzir matérias especiais mais aprofundadas.

O jornalismo independente e investigativo é o alicerce de uma sociedade mais justa. Nós do Diário do Litoral temos esse compromisso com você, leitor, mantendo nossas notícias e plataformas acessíveis a todos de forma gratuita. Acreditamos que todo cidadão tem o direito a informações verdadeiras para se manter atualizado no mundo em que vivemos.

Para o Diário do Litoral continuar esse trabalho vital, contamos com a generosidade daqueles que têm a capacidade de contribuir. Se você puder, ajude-nos com uma doação mensal ou única, a partir de apenas R$ 5. Leva menos de um minuto para você mostrar o seu apoio.

Obrigado por fazer parte do nosso compromisso com o jornalismo verdadeiro.

VEJA TAMBÉM

ÚLTIMAS

Guarujá

Guarujá irá ampliar vacinação para todos os públicos, a partir desta sexta (3)

Dose já está liberada a toda população, com mais de 6 meses de idade; mais de 26 mil doses foram aplicadas no Município, até o momento

São Vicente

PAT de São Vicente oferta 19 vagas de emprego na quinta (3)

Postos funcionam de segunda a sexta-feira, das 9 às 17 horas, na região Insular e na Área Continental

©2024 Diário do Litoral. Todos os Direitos Reservados.

Software

Newsletter