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Na retomada dos trabalhos do Congresso após o Carnaval, os presidentes da Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), e do Senado, Renan Calheiros (AL), pretendem usar os cargos para criar uma agenda de votações que os tire da defensiva e projete positivamente o nome do PMDB.
Os dois são alvos da Justiça. Alves é acusado de enriquecimento ilícito e Renan foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República por peculato, falsidade ideológica e uso de documento falso.
A ideia de ambos é aprovar projetos que reduzam a burocracia, incentivem a economia e façam uma redistribuição dos recursos arrecadados para beneficiar Estados e municípios. Antes disso, terão de zerar a lista de pendências herdadas da gestão passada, como o imbróglio sobre a votação de vetos e do Orçamento de 2013, além de 23 medidas provisórias.
O partido do vice-presidente da República, Michel Temer, está convicto de que a vitrine conquistada com o comando das duas Casas pode, na verdade, transformar-se em uma vidraça caso a legenda não consiga avançar em votações que ajudem a melhorar a imagem do parlamento perante à sociedade.
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"Queremos ser conhecidos como o partido que destravou o Brasil, ou quem pagará a conta seremos nosso partido, e não todos os parlamentares que também são igualmente responsáveis", resume o líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE). "É uma oportunidade ímpar de afirmação do partido e Renan e Henrique estão determinados em fazer de suas gestões um marco para o Congresso", diz o presidente do partido, senador Valdir Raupp (RO).
No topo da lista de desejos para a pauta deste ano está a complexa rediscussão do pacto federativo. O objetivo é enfrentar polêmicas como a unificação do ICMS com o fim da guerra fiscal, a renegociação de dívidas dos entes federados com a União, a definição de novos critérios para o Fundo de Participação de Estados (FPE), além de uma solução definitiva para a nova partilha dos royalties do petróleo. Presente na agenda política há alguns anos, o FPE é visto como urgente, e o presidente da Câmara convocou os governadores para uma primeira reunião em março.
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Outro assunto no qual os peemedebistas prometem se envolver é o da reforma política. O objetivo é aprovar até setembro mudanças possíveis de serem aplicadas já na próxima eleição. Dificilmente será modificado o financiamento de campanhas ou o sistema de votação para deputados e vereadores, como deseja o PT, mas há a intenção de impedir coligações proporcionais nestas disputas, o que poderia gerar, a longo prazo, a redução do quadro partidário
Também agrada ao PMDB a ideia de unificar as eleições, mas ainda falta consenso sobre uma possível ampliação ou encurtamento dos mandatos dos prefeitos. ‘Fazer a pauta’. O objetivo dos peemedebistas é aproveitar o protagonismo para ditar a agenda de debates no País. "A Casa vai fazer a pauta, não vamos mais ficar a reboque do Executivo", acredita o líder do partido na Câmara, Eduardo Cunha (RJ).
As propostas que o PMDB pretende comandar são compartilhadas por outros partidos. O líder do PT na Câmara, José Guimarães (CE), acredita que a pressão da sociedade ajudará o Congresso a enfrentar tais temas: "Não temos mais como fugir dessas questão federativas e da reforma política. O Congresso não pode mais se esconder".
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Currículos sob suspeita
A tentativa de debater projetos relevantes visa ainda tirar o holofote das questões éticas. Além dos presidentes das duas Casas, líderes de algumas legendas tem um passivo na biografia. Eduardo Cunha, por exemplo, é investigado no Supremo Tribunal Federal, acusado de uso de documentos falsos, o que ele nega.
Guimarães é irmão de José Genoino (PT-SP), condenado no processo do mensalão, e foi processado após um assessor seu ser flagrado com US$ 100 mil na cueca no aeroporto de Congonhas, em São Paulo O deputado foi retirado do processo pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).
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