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Política

Graça reafirma que Pasadena não foi bom negócio

A presidente da Petrobras apresentou detalhas da compra da refinaria e disse que o ativo, à época, tinha como vantagem estar no centro de um dos maiores 'hubs' do mundo

Pedro Henrique Fonseca

Publicado em 27/05/2014 às 12:34

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A presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, voltou a afirmar que a aquisição da refinaria de Pasadena, no Texas (EUA), não foi um bom negócio, isso com base em dados disponíveis hoje. "À luz da situação atual é fato que hoje não foi um bom negócio", disse. "No futuro próximo é possível que haja melhoria, mas não seria feito de novo (com os dados atuais)", justificou a executiva, que presta depoimento nesta terça-feira, 27, na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Senado que investiga a estatal.

Graça apresentou detalhas da compra da refinaria de Pasadena e disse que o ativo, à época, tinha como vantagem estar no centro de um dos maiores 'hubs' do mundo. As negociações em 2006 se inseriam em um contexto de internacionalização da petroleira brasileira, segundo a executiva. A presidente da empresa também sustentou que o resumo executivo encaminhado ao conselho de administração e que embasou a compra não continha as cláusulas Put Option e Marlim, que, de acordo com ela, eram fundamentais. Tampouco constava a obrigação de aquisição da metade restante da refinaria, afirmou.

"São cláusulas extremamente importantes para Pasadena, juntas elas precificaram os 50% iniciais e os 50% finais das ações", disse. Em março deste ano, o jornal O Estado de S. Paulo revelou que a presidente Dilma Rousseff, à época da transação ministra da Casa Civil e presidente do conselho de administração da Petrobras, apoiou a aquisição de 50% da refinaria. O Palácio do Planalto justificou a decisão de Dilma e argumentou que o resumo executivo encaminhado ao conselho não continha cláusulas importantes do contrato que, se conhecidas, seriam rejeitadas.

Ao final, a Petrobras entrou em desacordo com a sócia Astra Oil e foi obrigada a comprar a outra metade de Pasadena, o que ocasionou um prejuízo bilionário para a petroleira. Graça Foster ressaltou que o preço pago por Pasadena à época era "bastante razoável" e que a transação foi avaliada por analistas. "Eles consideraram que a aquisição de Pasadena foi positiva, destacando o preço por barril pago pela companhia abaixo da média da indústria", pontuou. Ela destacou, no entanto, que hoje Pasadena tem baixo potencial de retorno dos investimentos.

A executiva afirmou ainda que desde 1999 o planejamento estratégico da estatal previa a busca de refinarias no exterior. Ela disse foram feitas aquisições, por exemplo, na Bolívia e na Argentina. Graça Foster disse também que, após a descoberta da camada do pré-sal, em 2007, a estatal decidiu "desinvestir" em algumas das refinarias e vendeu San Lorenzo.

Graça Foster reafirma que Pasadena não foi bom negócio (Foto: Agência Brasil)

SBM Offshore

Graça revelou também que a Petrobras começou a interagir pela primeira vez com a holandesa SBM Offshore em 1996. A empresa da Holanda, que aluga navios-plataforma (FPSOs), foi apontada em denúncia como suposta fonte de pagamento de propinas a funcionários da Petrobras para fechar negócios.

A executiva detalhou que a Petrobras hoje possui 96 navios-plataforma em operação, sendo que 43 são afretados - modalidade na qual se insere a SBM e outras duas empresas que alugam navios-plataforma. De acordo com ela, o processo para firmar essas parcerias é "bastante detalhado". Ela finalizou dizendo que todas as informações envolvendo as denúncias sobre a SBM estão sendo encaminhadas aos órgãos de controle.

Abreu e Lima

Graça afirmou também que a execução da refinaria de Abreu e Lima, em Pernambuco, está com três anos de atraso. Ela informou ainda que a projeção atual de custo para a refinaria está US$ 18,4 bilhões, sendo que o projeto de partida para a obra era de R$ 13,36 bilhões. A executiva informou ainda que a realização física de Abreu e Lima está hoje em 87%. Já a realização financeira, de acordo com a executiva, é de 84%.

Graça disse que o projeto inicial de 2005, orçado em R$ 2,4 bilhões, era apenas uma projeção, que não continha outros investimentos que posteriormente foram incluídos no projeto. "A refinaria que nós começamos a construir foi na fase três, já com valores ajustados. (Éramos) sabedores de que tínhamos que construir muito mais do que a refinaria", justificou. "Com R$ 2,4 bilhões não seria possível construir essa refinaria, no nível de conversão desejado, em qualquer lugar do mundo", justificou.

Ela pontuou que os aportes em Abreu e Lima comportam obras no "extra-muro", como píer e rodovia. Até o momento, segundo Graça, foram efetivamente gastos R$ 15,8 bilhões. "Abreu e Lima é extremamente importante. Precisamos dela e o lugar correto é em Pernambuco", finalizou a presidente da Petrobras.

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