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Policiais do estado de SP recebem menos do que outros estados / Reprodução/ Sindesp

Pelo segundo ano consecutivo, o estado mais rico da federação pagará o pior salário aos seus policiais. Investigadores e escrivães também estão entre as remunerações mais baixas

O delegado da Polícia Civil paulista vai começar 2022 recebendo o pior salário da categoria entre todos os estados da federação. O valor pago pelo Governo do Estado é de R$ 10.382,48 mensais. Como comparação, em Tocantins, um delegado inicia a carreira com remuneração mensal de R$ 25.259,62. (confira abaixo o ranking salarial nacional completo de delegados, investigadores e escrivães).

Os valores fazem parte do ranking salarial elaborado anualmente pelo Sindicato dos Delegados de Polícia de São Paulo (Sindpesp), com levantamento de dados concluído na primeira semana de dezembro.

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As informações salariais foram levantadas em todos os estados da federação, com informações de portais da transparência, setores de recursos humanos das secretarias de segurança e diários oficiais.

O resultado do levantamento aponta a desvalorização da Segurança Pública paulista, em um desmonte que ocorre há mais de 20 anos por parte do Governo do Estado, mas se acentuou de forma vertiginosa na gestão Doria.

“Durante toda a gestão do governador João Doria, a Polícia Civil recebeu um único aumento salarial, de 5%, no final de 2019. No mesmo período, a inflação ficou acima de 19%. O orçamento paulista desse ano foi de mais de R$ 240 bilhões e São Paulo é disparado o estado mais rico da federação”, explica a presidente do Sindpesp, Raquel Kobashi Gallinati.

“Estados com capacidade financeira infinitamente menor valorizam seus policiais”.
Os salários de investigadores e escrivães também colocam São Paulo entre os piores salários da federação, com valor inicial de 3,931,18.

Durante sua campanha em 2018, o candidato Doria prometeu que os policiais paulistas seriam os mais bem remunerados do país, compromisso reiterado já no cargo de governador. (veja o vídeo no link: https://www.youtube.com/watch?v=zdklRLiITwE )

“O governador joga a responsabilidade da falta de valorização salarial sobre o Governo Federal, mas a legislação é clara ao apontar que, cumpridos critérios financeiros, ele pode conceder o aumento para os policiais”, explica Raquel. “E o próprio Doria afirma que o estado tem superávit financeiro, então ele tem condições econômicas e legais de pagar melhor sua polícia e cumprir sua palavra”.

Sobrecarga

Além da remuneração mais baixa do Brasil, a Polícia Civil paulista vive hoje a pior crise de efetivo da sua história. Desde 2017, o Sindpesp divulga mensalmente uma ferramenta chamada Defasômetro (http://www.sindpesp.org.br/defasometro.asp), que mostra os cargos existentes na Polícia Civil por carreira e quantos estão efetivamente ocupados.

Em dezembro de 2021, o Defasômetro apontou o número recorde de 15.219 cargos vagos na Polícia Civil, o que representa uma falta de mais de 36% do efetivo necessário, de 41.912 policiais.

Esse efetivo foi estabelecido pela Resolução SSP 105, de 12 de julho de 2013, pela Secretaria de Segurança Pública. A norma serviu de embasamento para o Ministério Público ingressar com ações na Justiça exigindo a contratação de policiais (http://g1.globo.com/sp/vale-do-paraiba-regiao/noticia/2016/04/sp-revoga-norma-usada-em-processo-que-obriga-estado-contratar-policiais.html). “Para se proteger das ações na Justiça, o governo, ao invés de contratar policiais, revogou a norma, explica Raquel Gallinati. 

“Trabalhamos com recursos humanos muito abaixo do número ideal, o que causa sobrecarga de trabalho, estresse e reflete diretamente na qualidade da segurança pública para o povo paulista. Pelo descaso do Governo, a população do Estado de São Paulo está à mercê da criminalidade, apesar dos esforços do efetivo da Polícia Civil. Não temos condições para fazer o trabalho que a população de São Paulo merece, que é um trabalho de excelência”, completou a presidente do Sindpesp, Raquel Kobashi Gallinati.

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