25 de Abril de 2024 • 23:53
Mundo
Foram lançadas dezenas de mísseis que partiram de navios Destroyers localizados no Mar Mediterrâneo; ação foi autorizada por Trump como retaliação ao uso de armas químicas
A ofensiva representa uma guinada na posição da administração Donald Trump / Associated Press
Os Estados Unidos lançaram na noite desta quinta-feira, 6 (horário de Brasília), pelo menos 60 mísseis Tomahawk contra posições do governo Bashar Al Assad na Síria, em retaliação ao ataque com armas químicas que provocou a morte de cerca de 100 pessoas na terça-feira, 4. A ofensiva representa uma guinada na posição da administração Donald Trump, que na semana passada declarou que o afastamento do dirigente sírio do cargo havia deixado de ser uma prioridade para Washington. O ataque partiu de navios Destroyers no leste do Mar Mediterrâneo.
Os bombardeios também representam um contraste com a posição menos intervencionista defendida pelo presidente durante a campanha eleitoral, quando repetiu que os EUA não poderiam ser a “polícia do mundo” e deveriam colocar questões domésticas em primeiro lugar. Nesta quinta, Trump disse que o ataque representa a defesa de “interesses de segurança nacional vitais” para os Estados Unidos.
Autoridades militares disseram que os alvos dos mísseis foram pistas de pouso, aviões e centrais de abastecimento de combustíveis - os ataques químicos de terça-feira foram realizados por bombardeios aéreos. Ações semelhantes foram defendidas ontem por Hillary Clinton, a democrata derrotada por Trump na eleição de novembro.
Donald Trump, que participava de uma cerimônia com o presidente chinês Xi Jinping na Flórida, fez um apelo momentos após o ataque. "Esta noite eu chamo todas as nações civilizadas para buscar um fim à matança e ao banho de sangue na Síria", disse o mandatário americano.
Mais cedo, em entrevista a bordo do Air Force One a caminho da Flórida, Trump fez declarações sobre as ações da Síria. “Eu acho que o que Assad fez é terrível. Eu acho que o que aconteceu na Síria é um crime verdadeiramente grave. Isso não deveria ter acontecido”, afirmou. “Eu acho que o que aconteceu na Síria é uma desgraça para a humanidade. Ele (Assad) está lá, e acredito que ele no comando, portanto alguma coisa tem de acontecer.”
O ataque químico também parece ter provocado uma mudança de posição de Trump em relação à Rússia. Durante a campanha e depois de sua posse, o presidente manifestou o desejo de cooperar com Vladimir Putin e o próprio Assad no combate ao terrorismo. Na quarta-feira, sua embaixadora na Organização das Nações Unidas (ONU), Nikki Haley, confrontou Moscou por sua oposição a resolução do Conselho de Segurança que condenava o ataque químico.
“Quantas crianças mais precisam morrer até que a Rússia se importe?”, perguntou Haley, exibindo fotografias de crianças mortas no ataque químico. No mesmo encontro, a embaixadora indicou que os EUA poderiam agir de maneira unilateral caso o Conselho de Segurança não chegasse a um consenso em torno de uma resposta a Assad. “Quando as Nações Unidas fracassam de maneira consistente em sua missão de agir coletivamente, há momentos na vida dos Estados em que somos compelidos a adotar nossas próprias ações”, disse Haley.
A ofensiva contrasta com a posição adotada pelo ex-presidente Barack Obama em 2013, quando um ataque químico atribuído a Assad provocou a morte de quase 1,5 mil pessoas. Meses antes, Obama havia dito que esse tipo de ação por parte do regime sírio cruzaria uma “linha vermelha” e teria resposta dos EUA. Depois de dias de debate e de um pedido de autorização ao Congresso para iniciar a ação militar, o ataque foi abandonado, depois de a Rússia fechar um acordo com Assad sobre suas armas químicas. Na negociação, o dirigente sírio se comprometeu a entregar todo o seu arsenal químico à comunidade internacional.
Na terça-feira, a Casa Branca responsabilizou Obama pelas ações de Assad. “O ataque químico de hoje na Síria contra pessoas inocentes, incluindo mulheres e crianças, é lamentável e não poder ser ignorado pelo mundo civilizado”, disse o porta-voz de Trump, Sean Spicer. “Essas ações hediondas do regime de Bashar al-Assad são consequência da fraqueza e falta de determinação da administração anterior.”
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