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Coreia do Sul elege presidente nesta terça após meses em tumulto político

O voto no país não é obrigatório e a Comissão Nacional Eleitoral espera uma taxa de comparecimento superior a 80%

Folhapress

Publicado em 09/05/2017 às 00:30

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Moon Jae-in, do Partido Democrático, de centro-esquerda, deve ser eleito / Divulgação

Quase dois meses depois do impeachment de Park Geun-hye, 31 milhões de sul-coreanos vão às urnas nesta terça-feira (9) para escolher um novo presidente na tentativa de encerrar meses de tumulto político desencadeado com o escândalo de corrupção envolvendo a ex-mandatária, uma amiga e os maiores conglomerados do país.

Derrotado por Park na eleição de 2012, o liberal Moon Jae-in (Partido Democrático, de centro-esquerda) deve ser eleito -ele lidera todas as pesquisas com uma margem de 20 pontos percentuais em relação ao segundo colocado.

O voto na Coreia do Sul não é obrigatório, e a Comissão Nacional Eleitoral espera uma taxa de comparecimento superior a 80% -26% dos eleitores já votaram antecipadamente no dia 4. Não há segundo turno.

O novo presidente assume já na quarta-feira (10) com dois grandes desafios: internamente, avançar com reformas que aumentem a transparência do governo, combalido após as denúncias contra Park. Presa no fim de março, ela é acusada de subornar empresas e foi a primeira presidente a sofrer impeachment desde a divisão da península Coreana, em 1948.

No campo externo, o novo líder sul-coreano terá pela frente -ou melhor, ao lado- uma Coreia do Norte cada vez mais belicosa e o processo de instalação do sistema americano antimísseis no sul.

Se eleito, Moon deve trabalhar por uma reaproximação com Pyongyang. Por exemplo, reabrindo o complexo industrial intercoreano de Kaesong -fechado por Park em fevereiro de 2016- e retomando o programa que leva turistas sul-coreanos ao monte Geumgang, no lado norte-coreano. "Tal postura poderia causar um relacionamento incômodo com os EUA", afirma o cientista político Chung-in Moon, da Universidade Yonsei de Seul.

Moon também critica a instalação do escudo antimísseis pelos EUA, que foi feita, segundo ele, de forma pouco democrática.

Dois candidatos brigam pelo segundo lugar: o conservador Hong Joon-pyo e o centrista Ahn Cheol-soo.
Hong é do mesmo partido de Park, o antigo Saenuri que em fevereiro deste ano foi renomeado para Coreia Liberdade. Defende adotar um tom mais duro com a Coreia do Norte e vê a aliança com os EUA como inquestionável.

Com cerca de 20% nas pesquisas, o conservador cresceu nos últimos dias apostando no apoio do eleitorado mais velho -13% da população sul-coreana tem mais de 65 anos, índice que chegará a 20% em 2026.

"Hong tem explorado habilmente uma divisão ideológica e geracional em relação às relações intercoreanas", diz o professor Moon.

"Conservadores de gerações mais velhas apoiam Hong porque se opõem à política reconciliatória com a Coreia do Norte. Hong inclusive tem dito que, se Moon for eleito, Trump abandonaria a aliança com a Coreia do Sul. Para os conservadores, uma postura de segurança mais dura é considerado mais importante que os erros cometidos por Park Geun-hye."

Buscando inspiração no recém-eleito presidente francês, Emmanuel Macron, o deputado centrista Ahn Cheol-soo, do Partido Popular, tenta se apresentar como uma opção ao establishment representado pelos dois maiores partidos de centro-esquerda e centro-direita.

"O povo francês optou por um novo futuro, eliminando a relação hostil mas simbiótica que existia entre os dois principais partidos. Eu acredito que os coreanos vão escolher mudar para o futuro também", afirmou Ahn.

Ele aparecia em segundo lugar nas pesquisas, em torno de 20%, durante grande parte das três semanas de campanha. Perdeu fôlego nos últimos dias depois de um desempenho ruim nos debates televisivos e foi ultrapassado por Hong Joon-pyo nas sondagens, ainda que dentro da margem de erro.

Correndo por fora na disputa estão a deputada do Partido da Justiça (esquerda) Sim Sang-jung e o deputado conservador Yoo Seong-min, que deixou o Coreia Liberdade em dezembro ao defender o impeachment de Park -ele e outros 28 deputados fundaram o Partido Bareun.

Para o cientista político da Universidade Yonsei, a ausência de um candidato com retórica populista se deve ao fato de que "nos EUA e na Europa, o populismo foi uma reação ao fracasso de políticas liberais moderadas. Mas, na Coreia, o conservadorismo falhou, então não há como depender de um populismo nacionalista conservador", diz Chung-in Moon.

Ele se refere aos quase dez anos em que a Coreia do Sul é governada pelo grupo conservador -antes de Park, eleita em 2012, o partido esteve no poder com Lee Myung-bak entre 2008 e 2013.

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