04 de Maio de 2024 • 21:02
Saúde
A chamada Síndrome do Bebê Sacudido afeta principalmente crianças com até dois anos de idade e, gera, sobretudo, danos cerebrais de diferentes escalas
Descoberta na década de 1970, a chamada Síndrome do Bebê Sacudido, do inglês Shaking Baby Syndrome (SBS), afeta principalmente crianças com até dois anos de idade e, gera, sobretudo, danos cerebrais de diferentes escalas. Para a SBS ocorrer não é necessário haver impacto ou traumas externos o que a torna uma síndrome silenciosa. Como o próprio nome diz, é uma síndrome que se origina do ato de movimentar bruscamente um bebê e que pode acarretar sérias deficiências para a sua saúde.
Isso acontece porque nessa faixa etária o bebê não tem controle dos movimentos do pescoço, já que os músculos da região não estão plenamente desenvolvidos. Quando movimentado bruscamente, sua cabeça fica à mercê das forças de aceleração e desaceleração impelidas no seu corpo, já que geralmente está sendo segurado pelos ombros ou por suas extremidades.
Além de não controlar seu pescoço, nesta etapa da vida o cérebro do bebê está se desenvolvendo rapidamente, precisando de espaço para crescer no crânio. Com este espaço interno disponível, o cérebro ricocheteia contra o crânio quando movimentado bruscamente. Em casos mais graves, esse ricochete do cérebro e o movimento do pescoço podem resultar em lesões cervicais, intracranianas e até mesmo hemorragias cerebrais e de retina, com a criança podendo vir a óbito. Em casos não fatais, a SBS pode causar sequelas permanentes como paralisia cerebral, baixo desenvolvimento psicomotor, convulsões e cegueira.
Infelizmente, os casos de SBS estão atrelados, em mais de 90% das vezes, à violência doméstica, praticada geralmente pelos pais. O “gatilho” para a SBS é o choro do bebê, que aumenta muito após a sexta semana de vida e é difícil de ser controlado, já que as crianças desta faixa etária choram, em média, duas horas por dia. Com isso, é comum os pais se irritarem e tentarem cessar o choro sacudindo a criança bruscamente.
Segundo informações da diretora de Atenção Básica e Especializada de Saúde de Itanhaém e coordenadora do Programa Cuidar, Dra Iloma Girrulat Bohem, os pais devem saber lidar com o choro do bebê. “Estima-se que 20 a 30 por cento dos bebês com mais de seis semanas de vida extrapolam essa média duas horas de choro por dia. Isso é normal, desde que todas as suas necessidades estejam satisfeitas. Os pais precisam ter paciência e não tentar silenciar o bebê à força”, explica.
Além da violência doméstica, brincadeiras em excesso que sacudam a criança também podem causar a SBS. Balançar o carrinho bruscamente, brincar de jogar a criança pra cima pegando-a em seguida ou pular com o bebê no colo entram nesta conta. É importante lembrar que ocorrer SBS nestes casos é raro, a não ser que essas brincadeiras sejam muito bruscas ou realizadas em excesso.
Outro ponto comum da SBS é que ela pode ocorrer mediante uma tentativa de salvamento de uma criança que estiver engasgada com leite, por exemplo, com o bebê sendo sacudido ou recebendo tapas nas costas. Neste caso, Bohem afirma que o procedimento correto é uma técnica chamada drenagem postural, que consiste em apoiar a criança no antebraço, com a barriga virada pra baixo e a cabeça levemente inclinada para o solo.
Os profissionais que lidam com atendimento infantil em Itanhaém estão atentos para os sinais e sintomas da doença, que são poucos e dificilmente associados a SBS. “Olhos letárgicos (semi abertos) e pele pálida ou azulada são os únicos sinais visuais. Também pode se associar à irritabilidade, tremores, letargia, vômitos e estupor. Em todos os casos é necessário assistência médica imediata já que existe chance de morte, principalmente em recém-nascidos”, afirma Dra Iloma.
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