03 de Maio de 2024 • 22:50
A maioria dos pacientes que sofrem de artrite reumatoide não sabe que as lesões nas articulações provocadas pela doença são irreversíveis, mostra pesquisa divulgada nesta terça-feira, 18, no Congresso da Liga Panamericana das Associações de Reumatologia (Panlar), em Punta del Este, Uruguai. Doença crônica e autoimune, a artrite reumatoide atinge cerca de 2 milhões de brasileiros e pode levar à incapacidade e até à morte.
O levantamento, o maior já realizado no mundo sobre a doença, aponta que, na América Latina, 55% dos entrevistados não sabiam que as lesões que comprometem as articulações não podem ser revertidas. Além disso, 43% dizem acreditar que a doença não é tão séria quanto outros problemas crônicos, como o diabetes e a hipertensão arterial. No Brasil, o índice chega a 46%, quase o dobro do observado no resto do mundo (24%).
Apesar da desinformação, 88% dos entrevistados acreditam ter boa compreensão sobre a importância de manter a doença controlada e outros 61% disseram estar bem informados sobre como fazer isso. "Esses dados são preocupantes porque mostram que o paciente acha que compreende bem a sua doença, mas não sabe coisas básicas sobre ela. Sem essas informações, fica mais difícil de fazermos com que ele siga o tratamento e mantenha a doença controlada", afirma o reumatologista Roger A. Levy, professor da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) e membro do comitê que coordenou a pesquisa na América Latina. No continente, foram ouvidos 1.032 pacientes. Em todo o mundo, foram mais de 10 mil entrevistados.
Controle
O médico ressalta ainda que a artrite reumatoide pode ter complicações tão graves quanto às demais doenças crônicas e que, por mais que ela não tenha cura, precisa estar controlada. No entanto, muitos pacientes pensam que só devem tomar a medicação quando sentem dor. De acordo com a pesquisa, 63% dos entrevistados dizem acreditar que sua doença está controlada quando não manifestam o sintoma. "Essa percepção prejudica o paciente. Se ele para de tomar a medicação quando não sente dor, a doença pode evoluir e provocar as lesões irreversíveis, que vão causar deformidades e incapacidade de funções em vários membros, sobretudo nas mãos", alerta o especialista.
Líder de um grupo de pacientes, a universitária Priscila Torres, de 33 anos, diz que o comportamento de buscar ajuda apenas no momento da dor é comum. "Muita gente procura nosso grupo da internet, faz desabafos, tira as dúvidas, e quando a crise passa, apaga tudo e desaparece, como se acreditasse que a doença pudesse sumir", diz ela.
Para Levy, a falta de informação não é culpa do paciente. "Temos que fornecer informação de qualidade para ele e estabelecer uma relação de maior igualdade. Como médico, não posso apenas impor o tratamento ao paciente sem ouvir a opinião dele", disse. Com a desinformação constatada pela pesquisa, associações médicas, grupos de pacientes e indústria farmacêutica lançaram uma campanha para melhorar a educação daqueles que possuem artrite reumatoide. Batizada de "AR: Juntos Por Esta Causa", a iniciativa disponibiliza informação em uma página da internet (www.despertarbrasil.com.br) e elaborou um guia para que os pacientes estabeleçam um diálogo com o médico para que ambos possam decidir, juntos, um plano de tratamento viável e que o paciente possa seguir.
São Vicente
Imunização de crianças e adolescentes contra o HPV está baixa no estado de SP
Tarcísio veta projeto de ampliação na prevenção do vírus HPV dentro de escolas estaduais
Ministério Público investiga médica por alegações falsas sobre vacina de HPV
Variedades
Disponível em formato e-book, o 'É assim que eu voto' oferece aos cidadãos uma ferramenta para compreender o funcionamento do sistema eleitoral brasileiro
Cotidiano
Nesta sexta-feira, uma médica especialista da Sesau irá até a escola para fornecer mais informações aos pais, professores e funcionários