04 de Maio de 2024 • 15:27
Sedentarismo e sobrepeso viraram problema ainda maior durante a pandemia / Divulgação
Antes da Covid-19, a hérnia de disco era o principal motivo de recebimento do auxílio-doença no Brasil, pago àqueles que precisam se afastar temporariamente do trabalho por complicações de saúde. Causada pelo rompimento dos discos intervertebrais, a condição pode gerar intensas dores nas costas e está relacionada a fatores do estilo de vida, como sedentarismo, sobrepeso e tabagismo.
"O disco é um amortecedor de cartilagem que está entre cada vértebra. Como é um osso próximo do outro, o disco é como se fosse uma almofadinha circular", explica Osmar Jose Santos de Moraes, neurocirurgião do Hospital Santa Catarina.
Segundo o médico, há duas estruturas que formam o disco: uma membrana externa endurecida e um núcleo interno gelatinoso. Quando, por alguma razão, há um excesso de carga ou degeneração, a membrana rompe e o líquido sai, o que caracteriza a hérnia de disco.
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O rompimento pressiona nervos vizinhos, gerando dores nas costas, um dos principais sintomas. "A dor nas costas tem um pouco mais de trinta causas. É um sintoma muito frequente, mas, quando a dor nas costas irradia para uma das pernas, em geral, está relacionada a uma hérnia", diz o neurocirurgião.
Além disso, pode haver formigamentos ou fraqueza das pernas e dos pés. "Outro sinal de alerta é estar dormindo e acordar com dor nas costas", complementa Moraes.
Em média, pessoas com idade entre 25 e 50 anos são acometidas com maior frequência. Dentre as causas do quadro, estão fatores de risco relacionados ao estilo de vida.
"Dois terços da sustentação da coluna vertebral é feita pela musculatura. O indivíduo sedentário, obeso, que não faz atividade física, tem mais tendência de degeneração dos discos", esclarece o médico do Hospital Santa Catarina.
O tabagismo é outro ponto de atenção. Em indivíduos fumantes, a cicatrização da hérnia de disco é cinco vezes pior, afirma Moraes, porque há mais problemas na circulação sanguínea daqueles que fumam.
"A maioria desses fatores agem ao longo de muitos anos, forçando até romper o disco, como tipos de trabalho que demandam esforço físico e posições que sobrecarregam a coluna, além de traumas e questões de ergonomia no trabalho", complementa Luciano Miller, ortopedista e cirurgião de coluna do Hospital Albert Einstein.
Também há uma predisposição genética envolvida nas causas, que pode fazer com que a membrana externa do disco seja menos resistente, diz o médico.
Por esse motivo, hábitos no dia a dia são essenciais para reduzir os fatores que predispõem a hérnia de disco. Não fumar, escolher cadeiras adequadas para o trabalho, manter uma boa postura e não carregar excesso de peso são recomendações médicas.
Os especialistas ainda reforçam que, ao agachar, é importante dobrar os joelhos e levar o quadril próximo ao chão. Assim, é possível diminuir a sobrecarga da coluna e levantar peso sem maiores prejuízos.
"Manter a saúde da coluna inclui atividade física. Uma atividade para qual você tenha tempo, consiga incluir na rotina e goste. Fazendo exercício é mais fácil manter seu peso e fortalecer o disco", defende Miller.
90% DOS CASOS NÃO PRECISAM DE CIRURGIA.
A hérnia de disco é uma doença muito benigna, explica o neurocirurgião do Hospital Santa Catarina, Osmar Jose Santos de Moraes. "Não é comum termos uma hérnia que precisa operar. Mais de 90% dos casos evoluem bem com tratamento conservador", relata.
O tratamento conservador consiste no uso de medicamentos analgésicos, anti-inflamatórios ou relaxantes musculares, combinados à perda de peso, reeducação postural através da fisioterapia e repouso relativo.
O repouso relativo é adotado no início do tratamento e é um período em que o paciente deve parar de fazer atividades físicas para não piorar o quadro, esclarece o ortopedista Luciano Miller. O repouso absoluto e prolongado não faz parte das recomendações.
"A cirurgia é indicada para pacientes que têm perda de força progressiva ou dor que não melhora com tratamento conservador", diz Miller. Atualmente, segundo o médico, as cirurgias evoluíram bastante e são cada vez menos agressivas e invasivas.
A acupuntura por si só não funciona como tratamento, mas, de acordo com os médicos, é uma modalidade que pode ser somada ao resultado do uso de medicamentos e fisioterapia. Os especialistas também reforçam a importância de buscar um médico para confirmar o diagnóstico e realizar o tratamento adequado.
"Infelizmente, há muita coisa que não funciona. Acupuntura funciona, terapia manual também, mas tem alguns tratamentos que não têm comprovação. Por isso, é ideal procurar tratamentos que sejam homologados e que funcionem", complementa Moraes.
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