05 de Maio de 2024 • 11:38
Saúde
Órgão está terminando de reunir os dados solicitados pela agência, que negou o primeiro pedido para a utilização do imunizante contra a Covid-19 nessa faixa etária
A Anvisa afirmou, em decisão tomada em 18 de agosto, que faltavam informações para comprovar a eficiência e a segurança da Coronavac para esse grupo / Rovena Rosa / Agência Brasil
O Instituto Butantan vai entrar na próxima segunda (8) com um novo pedido na Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para a aprovação do uso da Coronavac em crianças e adolescentes entre 3 e 17 anos.
De acordo com a informação, confirmada pela reportagem, o órgão está terminando de reunir os dados solicitados pela agência, que negou o primeiro pedido para a utilização do imunizante contra a Covid-19 nessa faixa etária, feito em 30 de julho.
A Anvisa afirmou, em decisão tomada em 18 de agosto, que faltavam informações para comprovar a eficiência e a segurança da Coronavac para esse grupo. Os dados estão sendo levantados pelo laboratório chinês Sinovac, que desenvolveu a vacina, produzida no Brasil pelo Butantan.
Os chineses são os responsáveis pelas pesquisas e, portanto, pelos dados solicitados pela Anvisa. Precisam, porém, encaminhá-los ao Butantan. O instituto paulista é que possui, desde 17 de janeiro, a autorização para o uso emergencial da vacina no Brasil para maiores de 18 anos, e deve ser o responsável pela petição na Anvisa para a sua aplicação em crianças e adolescentes.
Ao negar anteriormente a autorização para os menores de 18 anos, a agência afirmou que a mostra utilizada na pesquisa, com 586 participantes, era insuficiente.
Além disso, segundo a Anvisa afirmou à reportagem, não havia informações sobre os resultados em subgrupos de faixas etárias (de 3 a 5 anos, de 6 a 11, e de 12 a 17).
A equipe técnica da agência apontou ainda a falta de dados sobre a eficácia em crianças com comorbidades ou imunossuprimidas, ou seja, com sistema imunológico debilitado.
Por ora, no Brasil, a Pfizer é a única vacina autorizada pela Anvisa para menores de 18 anos, e apenas para aqueles que têm entre 12 e 17. O fabricante deve entrar nos próximos dias com um pedido na agência para o uso a partir dos 5 anos, faixa que acaba de ser incluída na bula como indicada para o imunizante.
Nesta quarta-feira (3), a Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo enviou ofício à Anvisa solicitando "máxima urgência" na liberação da vacinação contra a Covid-19 para crianças. A liberação urgente da vacinação para esse público foi também defendida pelo governador João Doria (PSDB) em entrevista coletiva.
Gestores do SUS chegaram a avaliar priorizar o uso da Coronavac na terceira dose para idosos. O instituto paulista, no entanto, disse que não concorda que um grupo seja escolhido em detrimento de outro. "O Butantan tem como prioridade salvar a vida dos brasileiros por meio da vacina, portanto todas as faixas etárias são prioridade", afirmou nota encaminhada à reportagem.
Na disputa política em torno da pandemia, a Coronavac costuma ser alvo de ataques do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que já a chamou de "vacina chinesa do João Doria" –os dois chegaram a se aproximar durante a eleição de 2018, mas depois romperam e hoje são adversários políticos.
Já a Anvisa, no relatório em que negou a autorização do imunizante para crianças e adolescentes, defendeu a vacina como uma arma importante no combate à pandemia e afirmou que sua "relação custo-benefício continua favorável".
A diretora Meiruze Freitas, relatora da manifestação técnica sobre o uso em menores de 18 anos, ressaltou que a Coronavac "tem contribuído para a diminuição dos danos da pandemia, favorecendo a redução significativa da hospitalização e dos óbitos da população imunizada".
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