04 de Maio de 2024 • 09:37
Saúde
No país, 15% das gestantes consomem bebidas alcoólicas, o que pode causar danos irreversíveis à saúde do bebê, como a Síndrome Alcoólica Fetal (SAF)
No mundo, a cada mil bebês, de 6 a 9 nascem com SAF / Mustafa Omar/Unsplash
A análise apresentada na publicação Álcool e a Saúde dos Brasileiros – Panorama 2021 indica que no Brasil, 15% das gestantes consomem bebidas alcoólicas. Este comportamento cria o risco de desenvolvimento de transtornos neurológicos e comportamentais como Transtorno do Espectro Alcoólico Fetal (em inglês, FASD – Fetal Alcohol Spectrum Disorders), sendo a Síndrome Alcoólica Fetal (SAF) seu quadro mais grave.
Essa condição pode causar danos cerebrais e problemas de crescimento que não podem ser revertidos. Os efeitos decorrem da interferência na formação cerebral, anomalias do sistema nervoso central, retardo no crescimento e prejuízos no desenvolvimento cognitivo e comportamental. Vale ressaltar que trata-se de uma doença sem cura.
"Apesar de importante incidência, os danos causados pelo uso de álcool na gravidez ainda são pouco conhecidos pela população e suas consequências podem persistir por toda a vida adulta da criança. Portanto, a prevenção é fundamental. Nosso papel é contribuir na disseminação de conhecimento a respeito do perigo", destaca Erica Siu, vice-presidente executiva do CISA – Centro de Informações sobre Saúde e Álcool, referência nacional no tema.
No mundo, a cada mil bebês, de 6 a 9 nascem com SAF. No Brasil, não há dados oficiais, mas estudo realizado em maternidades da periferia de São Paulo aponta que 38 a cada 1.000 nascidos sofriam de algum transtorno relacionado ao uso de álcool. No entanto, estimativas indicam que sequer 1% das crianças afetadas são diagnosticadas.
Para a especialista em Pediatria Neonatal e conselheira científica do CISA, Conceição Aparecida de Mattos Segre, essa falta relevante de diagnóstico pode ser explicada pela complexidade do próprio diagnóstico. A dependência da presença de alterações faciais (que ficam menos nítidas com o passar dos anos), a necessidade de preparo das equipes de saúde para identificar os casos e a carência de uma equipe multidisciplinar também são fatores que dificultam o mapeamento e o combate à síndrome.
"O diagnóstico precoce e o tratamento multidisciplinar são essenciais para promover o melhor desenvolvimento e possibilitar um aumento da qualidade de vida das crianças acometidas. Sem o diagnóstico correto, deixamos uma geração de brasileiros e famílias sem o atendimento de que tanto precisam", alerta Segre.
A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) promove a Semana de Prevenção das FASD, em parceria com a Associação Médica Brasileira (AMB) e o CISA, possui participação da Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP) e da brasileira Marjan Farma, visa a disseminar conhecimento científico a respeito dos riscos do consumo de álcool durante a gravidez. A ação acontece nas redes sociais das instituições a partir do dia 9 de setembro, Dia Mundial da Síndrome Alcoólica Fetal (SAF), com a publicação de conteúdos especiais sobre efeitos do álcool no feto e as consequências para a saúde do bebê, diagnóstico e tratamento.
O estudo Álcool e a Saúde dos Brasileiros – Panorama 2021, também mostra a tendência de redução da abstinência entre as mulheres entre 18 e 34 anos, com variação média anual de 2% ao ano. Além disso, o uso abusivo de bebidas apresenta tendência de aumento com média anual de 5% para a mesma faixa etária.
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