04 de Maio de 2024 • 15:53
Sindical e Previdência
Siderúrgica se transformou numa praça de guerra na manhã de ontem. A Polícia Militar foi acionada, desfez a mobilização sindical na empresa e prendeu três sindicalistas
Trabalhadores da Usiminas, que tentaram paralisar a produção da siderúrgica, na manhã de ontem, devido às demissões na empresa, foram recebidos com bombas de gás lacrimogêneo e gás de pimenta pela Polícia Militar. Por volta das 6h30, o local mais parecia uma praça de guerra, mencionaram sindicalistas, que não pouparam críticas à truculência da PM.
O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, Florêncio Resende de Sá, o Sassá, disse que os siderúrgicos faziam um movimento pacífico no local. “Nossa intenção era apenas a de reverter as demissões em massa previstas pela empresa, mas fomos recebidos com truculência e com bombas pela Polícia Militar, que impediram que os trabalhadores descessem dos ônibus na porta da empresa para participar da manifestação” .
Já o sindicalista Ricardo Saraiva, o Big, presidente do Sindicato dos Bancários de Santos e Região, disse que o local, por volta das 6h30, se transformou numa verdadeira praça de guerra. “A situação fugiu do controle, quando policiais do 2º Batalhão de Ações Especiais (Baep) da Baixada Santista, juntamente com a Cavalaria e a Força Tática, abriram caminho à força na portaria 2 da Usiminas para a passagem de 15 ônibus com trabalhadores”, relata o sindicalista.
A partir de então, Big diz que os policiais utilizaram gás lacrimogêneo e tiros de borracha para liberar a entrada da empresa. Houve tumulto para dispersar a multidão de servidores públicos e movimentos sociais presentes, preocupados com o impacto das demissões em toda a economia da Baixada Santista.
Também secretário da central sindical Intersindical, o sindicalista diz que a polícia já estava preparada dentro da empresa antes da chegada dos trabalhadores.
Ele relata que cerca de 50 viaturas, além da cavalaria, estavam se reunidos dentro da empresa.
Três sindicalistas foram detidos. Algumas pessoas se machucaram e o gás lacrimogêneo atingiu jornalistas, e trabalhadores que estavam do lado de fora da empresa também chegaram a passar mal durante o confronto.
Truculência
“Nós fomos para a Usiminas, para fazer um movimento pacífico, e a intenção era dialogar para resolver essa situação tão grave para os trabalhadores, mas a direção da empresa preferiu convocar a polícia para, com truculência, reprimir a nossa mobilização com bombas e balas de borracha”, explicou Florêncio Resende de Sá, o Sassá, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos.
Ele diz que o absurdo maior “é que a polícia praticamente dormiu na Usiminas, visando com antecedência reprimir nosso movimento, que era pacífico, pois queremos mesmo é garantir o mercado de trabalho, pois essas demissões vão desestabilizar a economia da região e colocar milhares de pais de família na fila do desemprego”.
Sassá disse que o movimento vai prosseguir hoje cedo e terá continuidade até que a situação se reverta e os trabalhadores tenham garantido seus empregos.
Liberados
Os três detidos pela polícia: Eliezer da Cunha e Claudinei Gatto, diretores da Intersindical, e Victor Martins, jornalista da central sindical foram liberados horas depois. Victor teve apagada as imagens que gravou.
Usiminas
Em nota, a Usiminas disse que a Justiça do Trabalho garantiu, em decisão proferida na quarta, o direito à livre manifestação sindical desde que os sindicalistas manifestantes não impedissem o acesso dos empregados à usina.
Em virtude disso, a Usiminas lamenta que o cumprimento desta decisão tenha sido possível apenas depois da intervenção da Polícia Militar, que garantiu a entrada dos empregados e a operação normal da usina.
Comando da PM
Já o comandante da Polícia Militar na Baixada Santista, coronel Ricardo Ferreira de Jesus, disse que a ação dos policiais militares contra os manifestantes, foi legal, pois seguiu determinação judicial. Disse que as três detenções foram por desacato.
A PM mobilizou efetivos de Cubatão, Guarujá e Praia Grande e trabalhou com 150 homens e 30 viaturas para cumprir uma liminar que determinava que a entrada da Usiminas não fosse obstruída.
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