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Sindical e Previdência

Desativação na Usiminas será debatida amanhã

Reunião entre sindicatos vai tratar da situação de três mil terceirizados da siderúgica. Desativação poderá resultar em 1,8 mil demissões diretas na empresa

Publicado em 02/11/2015 às 10:26

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Dezenas de sindicatos da Baixada Santista e Litoral estão convidados para reunião, amanhã, sobre os efeitos da desativação das áreas primárias da Usina de Cubatão da Usiminas.

O debate, às 15 horas, será na sede do Sindicato dos Trabalhadores na Construção Civil, Montagem e Manutenção Industrial (Sintracomos), que representa três mil terceirizados em atividade na siderúrgica.

A iniciativa de convocar a reunião partiu do presidente do Sindicato dos Trabalhadores Químicos e coordenador da Central Força Sindical na Região, Herbert Passos Filho.

A desativação na siderúrgica, dentro dos próximos quatro meses, foi anunciada na última quinta-feira, dia 29, pela própria Usiminas, e poderá resultar em 1.800 demissões diretas na empresa.

O presidente do Sintracomos, Macaé Marcos Braz de Oliveira, está preocupado também com os trabalhadores das 18 empreiteiras que prestam serviços à fábrica de aço.

Conforme destaca o sindicalista, “são três mil famílias, perto de 10 mil pessoas, preocupadas com a possibilidade de desemprego e comprometimento de seu futuro imediato”.

“Ainda que a Usiminas diga tratar-se de desativação temporária, não se sabe se ela será definitiva”, adverte Macaé. Segundo ele, há rumores de que a empresa poderia transformar sua atividade industrial em portuária, o que resultaria em milhares de demissões.

Áreas primárias serão fechadas, conforme anunciou a empresa (Foto: Arquivo/DL)

“Nós, trabalhadores, somos vítimas da enorme crise capitalista que assola o planeta, onde a imensa maioria é vítima dos poucos que dominam o chamado ‘mercado’”, lamenta Macaé.

A Usiminas desativará as sinterizações, coquerias, o segundo alto-forno (o primeiro foi paralisado em maio), aciaria e atividades associadas a essas áreas. A estimativa é que o processo seja concluído entre três e quatro meses, conforme o anúncio da empresa.

O Sintracomos terminou, recentemente, após 26 dias de greve, uma campanha salarial vitoriosa. Com data-base em agosto, a categoria conseguiu correção salarial de 10%, com pagamento de 16 dias de paralisação e compensação de dez.

Os operários garantiram ainda uma Participação nos Lucros ou Resultados (PLR) de R$ 1.100 e elevaram o tíquete-alimentação de R$ 150 para R$ 165, embora façam as refeições no trabalho. Para Macaé, “foi um resultado bastante positivo”.

“Infelizmente, nos deparamos agora com essa notícia bombástica da Usiminas”, diz o sindicalista, que marcará uma reunião de diretoria, para a próxima semana, a fim de debater o problema. Para ele, “o enfrentamento da crise tem que ser coletivo e não individual”.

“Não resolverá o Sintracomos adotar medidas próprias e o mesmo ser feito pelos sindicatos dos metalúrgicos e de trabalhadores em refeições coletivas, para citar apenas três. Temos que pensar em bloco, inclusive com outros segmentos sociais, empresariais e políticos”, defende Macaé.

Justificativa

A decisão foi tomada diante da crise econômica no País e no mundo, seguindo problemas financeiros enfrentados pelo mercado do aço. Segundo a siderúrgica, em nível mundial, o excesso de capacidade produtiva de aço já é da ordem de 700 milhões de toneladas e os patamares de preço encontram-se depreciados, sem perspectivas de recuperação consistente. Já no plano doméstico, números preliminares do Instituto Aço Brasil indicam queda no consumo aparente de aços planos de 14% neste ano em relação a 2014 e de 22% em relação a 2013, refletindo a atual crise econômica e a perda de participação da indústria de transformação no PIB brasileiro. “Com isso, a siderurgia brasileira tem operado com um nível de capacidade instalada da ordem de menos de 70%. Somam-se os elevados custos de produção e a falta de isonomia competitiva frente à concorrência desleal do aço importado, notadamente da China”, justifica.

Segundo o presidente da Usiminas, Rômel Erwin de Souza, estes fatores têm influenciado os resultados da empresa, o que exigiu a reconfiguração de suas operações. “O cenário mundial e doméstico para a siderurgia foi determinante para reposicionarmos a Usiminas em um patamar de escala mais viável à sua competitividade no curto e médio prazos”, afirma.

A Usina de Cubatão já havia tido um de seus dois altos-fornos desligados em maio deste ano, bem como seu laminador de chapas grossas em setembro. No entanto, os estudos da Usiminas apontaram que a alternativa mais viável, no atual cenário, era a paralisação das áreas primárias da unidade.

“A Usiminas tem consciência do impacto social desta medida sobre a empregabilidade na Região da Baixada Santista. Porém, ressalta que diante dos últimos resultados financeiros, a desativação foi necessária para a própria sustentabilidade da Usiminas como empresa e, como tal, movimentadora de uma cadeia produtiva estratégica para a economia, como a indústria automotiva, de máquinas e equipamentos, construção civil, linha branca, naval, óleo e gás, distribuidores, entre outros”, complementa.

 

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