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Política

PF acha recibos de pagamentos de Youssef para Collor

Os depósitos teriam sido efetuados em maio de 2013, e somam R$ 50 mil. Ex-presidente não quis comentar as investigações da Polícia Federal

Pedro Henrique Fonseca

Publicado em 22/05/2014 às 20:56

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A Polícia Federal encontrou, durante as operações de busca e apreensão no escritório do doleiro Alberto Youssef, comprovantes de depósitos bancários em nome do senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL). Os depósitos teriam sido efetuados em maio de 2013, e somam R$ 50 mil. A descoberta é citada pelo juiz Sergio Moro, do Paraná, em ofício remetido ao Supremo Tribunal Federal sobre as ações decorrentes da Operação Lava Jato, que investiga esquema de desvio e lavagem de dinheiro em vários Estados.

Segundo o documento, os agentes da PF teriam localizado oito diferentes comprovantes bancários - dois com depósitos de R$ 1 500 cada um, um de R$ 4.000, três com valores de R$ 8.000 cada e outros dois de R$ 9.000 cada. Todos foram realizados entre 2 e 5 de maio de 2013. Nos comprovantes, o beneficiário citado seria o ex-presidente Fernando Collor.

No ofício, datado do dia 20 de maio, Moro diz que a relação entre Youssef e o senador era "absolutamente desconhecida" até a descoberta dos comprovantes, que teria acontecido "fortuitamente durante a busca e apreensão" realizada em março no escritório do doleiro.

Youssef está preso desde então, na carceragem da PF em Curitiba, acusado de comandar um esquema de lavagem de cerca de R$ 10 bilhões. Ele é réu em pelo menos três das oito ações penais abertas em decorrência da Lava Jato, que prendeu também o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa. Costa, solto nesta semana, seria o elo do doleiro com a Petrobras.

A Polícia Federal encontrou recibos de pagamentos de Youssef para Collor (Foto: Divulgação)

O juiz ressalta, no ofício, que não há "qualquer indício do envolvimento" do senador com os crimes que já tiveram processos abertos pela Justiça. "A intenção era primeiro analisar para depois juntar aos autos, mas, em decorrência da necessidade de remessa do feito ao Supremo Tribunal Federal, optou-se por realizar a juntada mesmo sem análise total. Ainda não houve, da parte da polícia, análise exaustiva desse material."

Procurado, Collor informou, via assessoria de imprensa, que não iria comentar as investigações da Polícia Federal. O relatório da PF já havia sido citado em conversas entre Youssef e Pedro Paulo Ramos, ex-ministro do governo Collor. Ramos é apontado como controlador da empresa Investminas, que teria pago R$ 4,3 milhões à empresa de consultoria MO, de propriedade de Youssef. Segundo a PF, a empresa seria uma central para lavagem de dinheiro e distribuição de recursos a políticos e partidos.

Ramos também é sócio da GPI Participações e Investimentos S.A., que teria participação no laboratório Labogen. Nas escutas telefônicas da operação Lava Jato, o ex-ministro também é citado como articulador de uma reunião entre Youssef e o deputado federal André Vargas (sem partido-PR). Eles teriam negociado participação do laboratório em contratos com o Ministério da Saúde. O ofício foi encaminhado ao STF, juntamente com os autos e relatórios da Lava Jato, atendendo à determinação do ministro do Supremo Teori Zavascki. O documento apresenta as justificativas do juiz Moro pela condução, em primeira instância, de processos que citam parlamentares com foro privilegiado. Segundo ele, "jamais houve medida investigatória dirigida contra autoridade sujeita a foro privilegiado".

Moro considera um "desdobramento natural" a descoberta de outros crimes além daqueles apurados previamente pela PF, a partir de suas autorizações judiciais. "Em todos esses casos, os indícios relacionados a autoridades com foro privilegiado surgiram em decorrência de medidas investigatórias dirigidas a Alberto Youssef."

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