Conselho do Samba de Santos busca valorização da cultura do samba

Vice-presidente, Mestre Simonal trata Conselho do Samba de Santos como o sindicato do sambista

10 FEV 2015 • POR • 11h04

O sindicato do sambista. É desta forma que Jorge Jeremias de Campos, o mestre Simonal, classifica o Conselho do Samba de Santos, órgão responsável por cuidar das questões envolvendo a cultura do ritmo na Cidade.

Simonal, que possui uma longa experiência à frente da bateria da União Imperial, é o vice-presidente do Conselho, presidido por João Henrique Makumba. “Agora, o samba tem respeito e quem decide as coisas é o Conselho. Alguém maltratou outra pessoa ou desrespeitou, o Conselho irá tomar uma atitude. Vai se manifestar. É uma luta do próprio sambista. É o sindicato do sambista”. 

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Ele explicou a função da organização. “O Conselho do Samba foi criado para poder, na realidade, cuidar da parte artística, que é a parte musical, de dança e rítmica. O samba é feito desses três fatores. Há muito tempo víamos que as coisas estavam indo por outro caminho, que não eram os tradicionais”, disse.

O Conselho é responsável também por dar títulos e definir patentes para sambistas. “Nós temos o samba como uma religião. Nesta seita existe uma hierarquia. Mas essas patentes não estavam mais sendo comprovadas do jeito que tem de ser. O Conselho definiu os critérios. O primeiro é antiguidade. Precisa ter 20 anos de samba. Depois é o currículo no samba. Por exemplo, não adianta você ser um diretor burocrático numa escola de samba, fundou, foi presidente a vida toda, mas você não sabe sambar, cantar ou compor, não é mestre-sala ou porta-bandeira, nem tia do samba. Então, você não vai receber patente”, explicou o vice-presidente.

De acordo com o sambista, o órgão estuda a criação do título de baluarte para quem não tiver um currículo dentro do samba. O Conselho também definiu como é feita a escolha do cidadão e cidadã-samba. “A primeira patente dentro do samba é a de cabo. Depois você ganha o direito de concorrer ao cidadão-samba. Hoje, o cidadão-samba é único, válido por um ano. Depois que termina o mandato, ele se torna embaixador do samba. Sempre, aquele que está durante o ano, será a figura de destaque. É o representante do samba dentro do Carnaval, tanto que ele forma a corte de Momo, do qual o chefe é o Rei Momo, a quem todos devem se curvar. Ele não se curva a ninguém”.

Cartilha e evolução

Em 1985, o então prefeito Oswaldo Justo havia criado, por um decreto municipal, o Conselho Oficial do Samba Santista. Na nova versão do órgão, foi criada uma cartilha com o que seriam os princípios básicos do samba.

“É educativa, mas não é imposta a ninguém. Cada um dentro da sua quadra faz o que bem entende, até porque cada um, dentro da sua casa, é dono do próprio nariz. Mas demos um seguimento. No meu tempo de colégio existia a “Caminho Suave”, que era uma cartilha. Ali, a gente aprendia o bê-a-bá. A cartilha do samba é isso”, explicou Simonal, que acredita que o documento, uma espécie de carta magna do samba, deva receber uma atualização em dois anos.

Além disso, o Conselho também quer incentivar a troca de experiências com outros profissionais. “Daqui em diante, deverá ter palestras, intercâmbios. Na última semana, eu trouxe, na quadra da União Imperial, o Mestre Tadeu, da escola de samba Vai-Vai. Ele é mestre de bateria e veio me fazer uma visita porque somos amigos há mais de 40 anos. Nos deu um grande valor com sua presença. Foi uma coisa muito boa. Podemos trocar experiências sobre instrumentos, mestre-sala e porta-bandeira podem trocar experiências sobre uma dança, alguma inovação. A vida é isso. Ela evolui. Quem fica para trás perde espaço. O samba não pode perder esse espaço”, finalizou Simonal.