Motoristas de táxi e funcionários da engenharia de trânsito de Atenas paralisaram as atividades na segunda-feira (5), em protesto contra o novo pacote de medidas de austeridade de 13,5 bilhões de euros que o Parlamento da Grécia deverá votar na amanhã. Nesta terça (6) e na quarta-feira, a Grécia deverá ficar quase paralisada por uma greve geral de 48 horas convocada pelas duas maiores centrais sindicais do país, a GSEE, do setor privado, e a ADEDY, que representa funcionários públicos.
Além dos trabalhadores sindicalizados, advogados, engenheiros, funcionários de hospitais, jornalistas, dentistas e trabalhadores dos setores de energia e telecomunicações irão entrar em greve. Em cartazes colados nos muros de Atenas, a GSEE afirma que convocou a greve para que "as medidas não sejam aprovadas" e promete: "todos juntos vamos vencer".
Além dos motoristas de táxi e funcionários de tráfego, os ferroviários não trabalharam nesta segunda-feira. Na terça-feira, os voos serão interrompidos por pelo menos três horas, porque os controladores de voo disseram que irão parar em protesto. A Grécia está em recessão há cinco anos e 25% da força de trabalho está desempregada.
A expectativa é que a participação na greve geral seja alta e existe o risco de que as manifestações de rua degenerem em violência. Alguns analistas esperam a repetição do que ocorreu no primeiro semestre deste ano, quando as eleições foram antecipadas e aconteceram protestos violentos nas ruas. Mas a expectativa é que o governo consiga aprovar as medidas no Parlamento amanhã, bem como o orçamento de 2013, que deverá ser aprovado no Parlamento no próximo domingo.
O problema, contudo, também é interno no governo grego. Os três partidos que formam a coalizão - a Nova Democracia, de centro-direita; o Partido Socialista (Pasok), de centro-esquerda; e o pequeno partido da Esquerda Democrática - controlam nominalmente 176 cadeiras do Parlamento de 300. Mas a Esquerda Democrática disse que se absterá do voto amanhã, devido a desacordos sobre a reforma trabalhista. Também existem sinais de que alguns parlamentares do Pasok não irão votar.
Por isso, existem dúvidas a respeito da viabilidade da própria coalizão de governo, formada em junho após o colapso do governo do Pasok e da antecipação das eleições. Nenhum partido obteve maioria no Parlamento. Mais um colapso de coalizão de governo na Grécia poderá levar a novas eleições antecipadas, que muito provavelmente podem ser vencidas pelo segundo maior partido, a esquerda radical Syriza, que se opõe aos termos do pacote de 173 bilhões de euros feito por Comissão Europeia (CE), Banco Central Europeu (BCE) e Fundo Monetário Internacional (FMI).
O pacote da chamada "troica" evitou uma moratória desorganizada da Grécia. Mas a troica exige a aprovação do pacote de austeridade na quarta-feira. Sem a aprovação, a troica não liberará uma tranche de 31 bilhões de euros e a Grécia entrará em moratória em meados de novembro.
O primeiro-ministro da Grécia, Antonis Samaras, alertou no domingo que sem a aprovação do pacote na quarta-feira a Grécia não receberá a tranche de 31 bilhões de euros e deverá ficar sem dinheiro para honras seus compromissos no dia 16.