04 de Outubro de 2024 • 06:07
Meirelles deve procurar Maia nos próximos dias / Agência Brasil
O ministro Henrique Meirelles (Fazenda) vai buscar uma nova aproximação com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), para tentar destravar a pauta econômica após a votação da segunda denúncia contra o presidente Michel Temer.
Em um primeiro movimento, Meirelles deve procurar Maia nos próximos dias para discutir a proposta do governo de reduzir o pacote de mudanças previstas na reforma da Previdência. O ministro quer saber se essa ideia é viável e se há condições de aprovar o texto no Congresso até o fim do ano.
A equipe econômica quer abrir um canal direto de interlocução com Maia para contornar a relação desgastada entre o presidente da Câmara e o Palácio do Planalto.
Segundo auxiliares do ministro da Fazenda, os seguidos desentendimentos entre Temer e Maia criaram um ambiente de instabilidade que pode colocar em risco a aprovação de medidas consideradas prioritárias -como a Previdência e propostas de ajuste orçamentário com impacto nas contas de 2018.
O objetivo de Meirelles é participar ativamente da articulação e da discussão dos projetos que precisam de aval do Congresso, sem depender necessariamente da intermediação de ministros do Palácio do Planalto.
Integrantes da equipe econômica acreditam que o envolvimento de Meirelles nessas conversas -e especificamente com Maia- será uma maneira de manter o ajuste fiscal vivo mesmo que o governo saia enfraquecido da votação da denúncia contra Temer na quarta-feira (25).
Auxiliares do ministro afirmam que, caso Temer tenha 250 votos ou menos a seu favor no plenário, o capital político do Planalto para fazer avançar medidas de austeridade ficará extremamente comprometido.
Nesse caso, a Câmara terá potencial para assumir de vez o protagonismo da pauta do país e principalmente dos projetos com impacto nas contas públicas.
Novo modelo
Na avaliação da Fazenda, o Congresso já demonstrou sua força em votações recentes de medidas econômicas de interesse do governo, e a equipe política teve pouco poder de reação.
A medida provisória do Refis, por exemplo, só foi aprovada depois de uma intensa negociação com líderes da base aliada, que reformularam o texto e abriram novos benefícios para o pagamento de dívidas com o fisco -contra as recomendações da Fazenda.
Além disso, Maia assumiu o protagonismo nas negociações pela aprovação do projeto que cria regras para acordos de leniência entre instituições financeiras e o Banco Central.
Na ocasião, ele acusou o Planalto de deixar que a medida provisória que tratava do assunto perdesse a validade, e articulou a aprovação de um projeto de lei sobre o assunto, redigido dentro da Câmara.
A ideia da Fazenda, agora, é fazer sondagens diretas e frequentes a Maia para evitar tropeços semelhantes na tramitação de outras medidas econômicas.
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