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Política

Eleitor de Campos era o ‘meio termo’ entre PT e PSDB

No último Ibope, Campos obteve 9% das preferências - o equivalente a 12% dos votos válidos registrados no levantamento -, mas ainda não era conhecido de todo o eleitorado

Publicado em 16/08/2014 às 15:45

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O perfil dos eleitores que vinham demonstrando preferência por Eduardo Campos nas pesquisas de intenção de voto mostra que o candidato do PSB, morto em um acidente aéreo na quarta-feira, estava obtendo adesões na "via do meio" entre PT e PSDB. O eleitorado do ex-governador de Pernambuco era mais branco, rico, instruído, crítico ao governo e favorável a mudanças se comparado ao da petista Dilma Rousseff, mas registrava tais características em menor intensidade que o do tucano Aécio Neves.

Os números das duas mais recentes pesquisas do Ibope, de julho e agosto, revelam que há um filão de eleitores jovens, insatisfeitos com a gestão da presidente, candidata à reeleição, e decididos a votar no primeiro turno, mas que preferem uma outra opção de candidato que não o candidato do PSDB, tradicional partido de oposição aos governos petistas.

No último Ibope, Campos obteve 9% das preferências - o equivalente a 12% dos votos válidos registrados no levantamento -, mas ainda não era conhecido de todo o eleitorado. Esse era um dos desafios do candidato do PSB, tarefa que contava com a entrevista ao vivo ao Jornal Nacional, principal telejornal brasileiro, ocorrida na véspera do acidente aéreo que tirou sua vida. A exposição na propaganda eleitoral, a partir desta semana, era o próximo passo para Campos ganhar notoriedade e, com isso, aumentar o porcentual de intenções de voto.

Ao se considerar a renda de quem já havia decidido votar em Campos, 18% desses eleitores ganham mais de cinco salários mínimos mensais - o ponto médio entre os 25% de Aécio e os 10% de Dilma. Sua renda familiar média é de R$ 2,2 mil mensais, acima do que afirma ganhar o eleitor dilmista (R$ 1,8 mil) e abaixo do declarado pelos simpatizantes do tucano (R$ 2,4 mil).

Eleitor de Campos era o ‘meio termo’ entre PT e PSDB (Foto: Divulgação/Psb)

Na escolaridade, a situação é similar. O grau de instrução em que Campos conseguia mais votos era entre os eleitores com ensino médio - 44% de seus eleitores vinham desse grupo. Já a candidata petista vai melhor que os adversários entre os eleitores com ensino fundamental, enquanto o presidenciável tucano tem a preferência do eleitorado com ensino superior.

O mesmo padrão se repete em outras variáveis demográficas: 46% dos eleitores agora sem candidato declaram-se brancos, ante 35% dos que pretendem votar em Dilma Rousseff e 51% em Aécio Neves.

A única exceção é a idade, em que o eleitor do ex-governador de Pernambuco e presidenciável do PSB se destaca dos dois outros candidatos. Mais da metade dos eleitores de Campos (55%) tem entre 16 e 34 anos, mais de dez pontos acima do que o total do eleitorado.

Tanto Dilma quanto Aécio possuem eleitores mais velhos, com média de idade quatro anos maior que os do ex-governador pernambucano.

Por causa disso, a diretora executiva do Ibope Inteligência, Márcia Cavallari, ressalta a semelhança entre quem dizia votar em Campos e os manifestantes de junho do ano passado. Embora os números não sejam diretamente comparáveis - pesquisas de intenção de voto são conduzidas em todo o Brasil, enquanto o perfil dos manifestantes traçado pelo Ibope foi feito em apenas oito capitais -, Márcia diz que os dois grupos se aproximam sobretudo no que se refere a essa última característica. "Os participantes dos protestos eram jovens de classe média, com um grau de instrução elevado. Assemelha-se a quem pretendia votar em Campos", afirma.

Os eleitores do ex-governador de Pernambuco também estavam entre os de Dilma e Aécio quando as variáveis analisadas são políticas Se os eleitores do tucano são os que mais rejeitam a petista (68%), 36% dos que votariam em Campos afirmam que poderiam optar pela atual presidente. Em relação à avaliação do governo e à expectativa de mudança, eles estavam bem mais perto de Aécio do que de Dilma, apesar de ainda se posicionarem entre os dois.

Quem apoiava o presidenciável do PSB avaliava o governo Dilma melhor que os eleitores tucanos - 3% a mais que os simpatizantes de Aécio o descreviam como bom ou ótimo, a mesma diferença entre os que o achavam ruim ou péssimo -, mas bem pior que os eleitores de Dilma.

O desejo de mudança também mostrava tendência similar: quatro em cada cinco eleitores de Campos diziam preferir mudar a continuar, um pouco a menos que os do tucano (85%), mas muito mais que os de Dilma (49%).

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