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Política

Dilma reage aos gritos hostis e às vaias que ouviu durante jogo

A presidente disse que não vai se deixar "atemorizar por xingamentos que não podem nem ser escutados pelas crianças e pelas famílias"

Pedro Henrique Fonseca

Publicado em 13/06/2014 às 21:32

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A presidente Dilma Rousseff reagiu ontem (13) aos gritos hostis e às vaias que ouviu no jogo de abertura da Copa do Mundo, em que a seleção brasileira venceu a croata por 3 a 1 na Arena Corinthians, zona leste paulistana. Em discurso em Brasília, disse que não vai se deixar "atemorizar por xingamentos que não podem nem ser escutados pelas crianças e pelas famílias". A presidente chegou a lembrar do período em que foi torturada pelo regime militar. "Suportei não foram agressões verbais, foram agressões físicas." As declarações de Dilma foram dadas durante uma fala de improviso na inauguração de uma obra do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

"Eu quero lembrar que eu enfrentei situações do mais alto grau de dificuldade. Situações que chegaram ao limite físico. Eu suportei não foram agressões verbais, foram agressões físicas. Suportei agressões físicas que eu tenho… quero dizer para vocês quase insuportáveis. E nada me tirou do meu rumo. Nada me tirou dos meus compromissos, nem do caminho que eu tracei para mim mesma", discursou. "Não serão xingamentos que vão me intimidar, me atemorizar. Eu não me abaterei por isso. Não me abato nem me abaterei."

O coro de protesto com xingamentos - "Ei, Dilma, vai tomar no c. ." - ocorreu por três vezes na abertura da Copa. A primeira após ela chegar ao estádio, a segunda depois da execução do hino nacional e a terceira no finalzinho do jogo. Ainda durante a partida, quando Neymar fez o gol de pênalti, Dilma e o vice, Michel Temer, foram mostrados no telão do estádio comemorando. Acabaram vaiados. Cerca de 62 mil pessoas compareceram anteontem (12) à abertura da Copa. O preço pago pelos ingressos variou, no mercado oficial, de R$ 160 a R$ 990. No paralelo, chegavam a R$ 5 mil. A dura resposta de Dilma foi combinada com sua assessoria A presidente já esperava vaias, mas não os xingamentos.

A presidente Dilma reagiu aos gritos hostis e às vaias que ouviu no Itaquerão (Foto: Agência Brasil)

Ao questionar o comportamento dos presentes no estádio, a presidente falou de sua surpresa com as agressões verbais. "Eu conheço o caráter do povo brasileiro. O povo brasileiro não age assim. O povo brasileiro não pensa assim, e, sobretudo, o povo brasileiro não sente da forma como esses xingamentos expressam. O povo brasileiro é um povo civilizado e é um povo extremamente generoso e educado."

A presidente aproveitou seu discurso também para atacar a oposição, sem citar nomes. "Teve gente que azarou de tudo quanto é jeito a nossa Copa do Mundo", observou, ao lembrar que diziam que os aeroportos não ficariam prontos. "Nós superamos todos os desafios. E depois que nós superamos isso, enfrentamos os obstáculos, encaramos os problemas, demos a volta por cima", afirmou Dilma.

Na noite de anteontem, após o jogo, o ministro-chefe da Secretaria-Geral, Gilberto Carvalho, em entrevista a um canal de TV, também comentou o episódio. Disse que os xingamentos estavam sendo feitos, na verdade, contra "qualquer autoridade" e não especificamente contra ela. Segundo ele, aquele gesto era "mais uma manifestação contra qualquer autoridade que ali estivesse naquele momento, qualquer pessoa que representasse autoridade do País".

Líderes de partidos aliados defenderam Dilma ontem. O ex-líder do PT na Câmara e atual vice-presidente nacional do partido, José Guimarães (CE), chamou o episódio de lamentável e criticou os adversários na corrida presidencial. No dia dos xingamentos, o pré-candidato tucano ao Planalto, Aécio Neves, disse que o País tem uma "presidente sitiada". "Condeno que um dos candidatos tenha tentado surfar a manifestação dizendo que a Dilma está sitiada, logo ele que foi vítima também de uma manifestação que eu condeno quando disseram coisas impróprias a ele (em 2008 durante um jogo entre Brasil e Argentina no Mineirão)", disse o presidente do PT, Rui Falcão. Ontem, Aécio amenizou as críticas e disse que as manifestações não podem "ultrapassar os limites do respeito pessoal".

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