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Violência com faca sobe 47% em Londres

O Parlamento britânico decidiu formar um grupo de estudos sobre medidas para limitar a violência com armas brancas

Folhapress

Publicado em 06/11/2017 às 17:30

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Onda crescente de violência vem assustando a população britânica / Reprodução

O pesquisador inglês Daniel Rob, 33, diz que não se sente mais seguro em Londres, cidade onde viveu quase a vida toda. Em setembro, ele se tornou vítima de uma onda crescente de violência que vem assustando a população britânica, ganhando manchetes dos principais jornais e levando o governo a discutir metodologias para combater a criminalidade.

Doutorando na Universidade de St. Andrews, na Escócia, Rob estava esperando para atravessar a rua em frente à Biblioteca Britânica, na região central de Londres, quando três motonetas subiram a calçada rapidamente, e um dos motociclistas arrancou o celular da sua mão.

"Antes que eu tivesse tempo de processar o que aconteceu, eles já tinham ido embora", disse.

Caso parecido aconteceu com a brasileira Barbara Grasso, 35, que há três anos teve o celular roubado por uma das gangues de motoneta que têm proliferado em Londres. "Não houve violência física, mas fiquei alguns meses meio traumatizada e não podia escutar o barulho de uma moto se aproximando que meu coração acelerava demais", diz ela, que mora na cidade desde 2009.

Para Rob, o roubo mostra que a situação na capital britânica não permite sentir maior segurança do que as grandes cidades do Brasil, país onde ele passou seis meses em 2015. "Não quero voltar a morar em Londres nunca mais. Trato o centro de Londres como o Rio ou São Paulo. Estou sempre atento, olhando para os lados. Nunca uso o celular em público."

A comparação pode soar exagerada, considerando que o número de homicídios registrados na Inglaterra em um ano mal chega a um centésimo do total de assassinatos que acontecem no Brasil em período semelhante.

Levantamento do Fórum Brasileiro de Segurança Pública mostra que o número de mortes violentas intencionais registradas no Brasil chegou ao recorde de 61.619 em 2016.

Já os dados mais recentes do Escritório Nacional de Estatística britânico (ONS, na sigla em inglês) sobre a Inglaterra e o País de Gales revelam que foram 629 assassinatos entre julho de 2016 e junho de 2017 (sem contar as 35 vítimas dos atentados em Londres e em Manchester).

Ainda assim, a preocupação com a criminalidade crescente é grande no país. Por menores que soem os dados de homicídios, eles revelam uma alta de 8% em relação ao ano anterior –aumento proporcional maior do que o de 4,7% registrado no Brasil.

Além disso, os dados divulgados em outubro na Inglaterra (o dado é específico, e não para todo Reino Unido) mostraram aumento de 13% nos registros de violência no período de 12 meses completado em junho de 2017."

A polícia está lidando com um volume crescente de crimes, especialmente em categorias de menor incidência, mas de maior gravidade", diz John Flatley, analista de estatísticas de violência do ONS.

Armas brancas

O maior problema, considerando que o Reino Unido tem um forte controle na venda e porte de armas de fogo, são os roubos, furtos e os ataques com armas brancas, muitas vezes usadas por gangues para roubar celulares.

A polícia inglesa registrou 36.998 infrações usando facas no último ano do levantamento. Isso revela um aumento de 26% nos casos de violência com armas brancas, sendo 241 assassinatos, 438 estupros e mais de 14 mil assaltos.

A maior alta foi em Londres, onde o número de casos de violência com faca cresceu 47% em um ano.

Por isso, em agosto o Parlamento britânico decidiu formar um grupo de estudos sobre medidas para limitar a violência com armas brancas.

Além disso, neste mês a Scotland Yard (a polícia londrina) anunciou uma nova tática para combater as motonetas. Em vez de perseguir assaltantes pelas ruas (algo proibido por segurança), usará tecnologia para identificar os suspeitos e ampliará o uso de motos pelos policias.

Para a brasileira Grasso, que mora em Londres há oito anos, a situação britânica ainda não se compara à do Brasil. "Mesmo com a violência aumentando aqui, me sinto segura em andar na rua sozinha. Tenho paz."

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