26 de Abril de 2024 • 21:50
Diversos protestos vem acontecendo nos EUA / Associated Press
Ameaça à segurança nacional. O argumento adotado pelo governo para barrar temporariamente cidadãos de sete países de maioria muçulmana e refugiados já está sendo usado também por quem é contra a medida.
Segundo os críticos do decreto presidencial, o texto estabelecendo a proibição coloca em risco os soldados e os agentes de inteligência americanos em alguns destes países, além de prejudicar o processo de coleta de informações valiosas para o governo com a suspensão do processo de vistos.
O procedimento de entrevistas para vistos é, por exemplo, uma importante ferramenta de inteligência para obter informações de países como o Irã, onde os EUA não têm presença diplomática, ou na Líbia, onde a ação dos agentes em campo é bastante arriscada.
Há ainda a possibilidade de que os países afetados pela medida (Síria, Libia, Irã, Iraque, Iêmen, Somália e Sudão) respondam aos EUA na mesma moeda, o que pode afetar o trabalho de agentes de inteligência americanos que operam na maior parte deles.
O impacto, contudo, pode ir além dos sete países-alvo. Em documento apresentado à Corte de Apelação que decidirá o futuro do decreto, o ex-diretor da CIA Leon Panetta, o ex-secretário de Estado John Kerry (governo Obama) e outros oito ex-altos funcionários de defesa e inteligência das últimas três administrações argumentam que a ordem de Trump "alimenta a narrativa" do Estado Islâmico "de que os EUA estão em guerra contra o Islã".
"[O decreto] vai atrapalhar as relações com as comunidades que nossos profissionais de segurança precisam para conter a ameaça", diz o texto.
Steven Hall, um ex-alto funcionário da CIA (inteligência americana) concorda que a rede de cooperação com a inteligência americana pode ser afetada. "Todos os caras que se sentam à mesa [com os agentes] são muçulmanos -eles são muçulmanos e mesmo assim querem trabalhar conosco", disse Hall ao portal Politico.
Empregos
Além do impacto sobre a inteligência, há quem aponte o argumento econômico contra o decreto de Trump. Um dos riscos, por exemplo, é que grandes acordos comerciais, como a venda de 80 aviões da Boeing para o Irã, estimado em US$ 20 bilhões (R$ 62 bilhões), sejam cancelados por conta da medida.
Neste caso, ainda estariam sob alguma ameaça 100 mil empregos nos EUA, que a própria Boeing estima estarem ligados a esse acordo especificamente. Esse é outro ponto especialmente complicado para Trump, que fez da geração de empregos no país sua principal bandeira.
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