26 de Abril de 2024 • 13:22
Segundo Raul Takaki, diretor do jornal Nikkei Shibum, tal atitude vindo de um presidente é condenável / Reprodução/YouTube
As declarações do presidente Jair Bolsonaro (PSL) que compararam o Japão e os japoneses a coisas pequenas geraram revolta e risadas entre descendentes do país que vivem em São Paulo.
No dia 15 de maio, Bolsonaro foi abordado por um rapaz estrangeiro de feição asiática no aeroporto de Manaus. Ao posar para fotos, Bolsonaro fez um gesto com a mão e disse "tudo pequenininho aí?"
Nove dias depois, na sexta-feira (24), o presidente voltou a repetir a comparação, ao falar sobre a reforma da Previdência. "Se for uma reforma de japonês, ele vai embora. Lá [no Japão], tudo é miniatura", declarou o presidente, em Petrolina, Pernambuco.
Procurados pela reportagem, representantes da comunidade japonesa em São Paulo se dividiram sobre as declarações: alguns se mostraram revoltados, enquanto outros preferiram reagir com bom humor.
"Não sei se ele disse isso em relação à estatura ou a outra coisa. Se foi por relação a órgão sexual, foi infeliz essa colocação. É muito revoltante. Vindo de um presidente, é muito condenável. A gente não deve ficar inerte a esse tipo de comentário", disse Raul Takaki, diretor do jornal Nikkei Shibum, publicado em japonês e distribuído em São Paulo.
"Minha resposta é uma sonora risada. O presidente pode falar o que ele quiser. Não tem que dar muito valor, tem que relevar, que rir", diz Renato Ishikawa, presidente do Bunkyo (Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa).
"Isso de miniatura tem dois lados, um positivo e um negativo. É um país pequeno, mas que conseguiu se projetar ao mundo, criar tecnologia, tem uma arte milenar. Fazer miniatura é uma arte", ponderou Ishikawa.
O analista de sistemas Hugo Tanaka, 30, ficou revoltado com as falas de Bolsonaro e teme que elas possam aumentar as piadas e o bullying contra japoneses.
"Já passei por isso em todos os ambientes, especialmente ao estudar, mas relevo. Essa nova polêmica pode gerar mais brincadeiras, que vão afetar principalmente os jovens, o que pode criar finais desastrosos se atingir pessoas com depressão", analisa.
O Consulado do Japão em São Paulo não quis se pronunciar. "Estamos cientes da fala do presidente, mas não sabemos sobre detalhes a respeito da relação dos fatos e da intenção do pronunciamento. Por isso, preferimos não comentar nada em relação a isso", disse o vice-cônsul Yasuhisa Ikeda.
As falas de Bolsonaro foram noticiadas em ao menos dois sites de notícias do Japão no fim de semana, o Sankei Shimbun e o Jiji News, que consideraram as piadas como preconceituosas.
O presidente irá ao país no fim de junho, para participar da cúpula do G20, em Osaka.
Bolsonaro visitou o Japão em fevereiro de 2018, como pré-candidato à Presidência. Em Hamamatsu, a 260 km de Tóquio, ele fez uma palestra a brasileiros que viviam lá e prestou continência à bandeira japonesa.
Em janeiro, ele se reuniu com o premiê japonês Shinzo Abe, durante o Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça.
O Japão é formado por um conjunto de ilhas que soma quase 378 mil km² de área, tamanho próximo ao do estado de Goiás (340 mil km²).
O país asiático possui 126 milhões de habitantes e é a terceira maior economia do mundo. Seu PIB atingiu US$ 4,8 tri em 2017. O do Brasil (8ª maior economia) foi de US$ 2 trilhões naquele ano.
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