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Educação

Conter a evasão escolar é o principal desafio, alerta educadora

Quase seis meses após início da pandemia, pais, alunos e professores ainda encontram dificuldades no ensino remoto

Gazeta de S. Paulo

Publicado em 22/08/2020 às 13:08

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Salas de aula estão vazias por causa da quarentena imposta devido à pandemia / Robson Ventura/Folhapress

Por Gladys Magalhães

Já se passaram quase seis meses desde que Davi Pereira, 11 anos, viu seus amigos e professores pela última vez. Desde então, o menino, morador do bairro da Bela Vista, na capital paulista, e aluno do 6º ano do ensino fundamental de uma escola pública municipal, vem tentando entender sozinho o conteúdo do material recebido pelo Correio, entregue pela prefeitura. Os pais não conseguem ajudar e também não conseguiram baixar o aplicativo que deveria fornecer explicações sobre o conteúdo.

"A gente tentou baixar o aplicativo em todos os celulares aqui de casa, no meu, da minha esposa e no do próprio Davi, mas não deu certo. Fui na escola para pedir ajuda, mas também não conseguiram. O canal que eles falam que tem na TV, a gente não achou. Ele só está fazendo a lição do livro. A gente olha, mas não sabe se está certo ou errado", relata o porteiro Antonio Pereira, 56 anos, pai de Davi.

É por situações como a de Davi, que a pedagoga Andrea Deis acredita que o principal objetivo educacional de 2020 deve ser a manutenção dos estudantes na escola.

"Existe uma diferença social muito grande no Brasil e os alunos mais pobres é que estão pagando o maior preço. Muitos enfrentaram e enfrentam falta de estrutura para seguir os estudos. Assim, acredito que o principal objetivo deste ano deve ser evitar a evasão escolar, mais do que cumprir ementas", argumenta a educadora, com foco em orientação educacional e vocacional, palestrante e
escritora.

Desmotivação.
Uma pesquisa realizada pelo Datafolha, encomendada pela Fundação Lemann, Itaú Social e Imaginable Futures, divulgada na última quinta- feira (20), mostra que 51% dos pais ou responsáveis de alunos de escolas públicas do Brasil estão percebendo os filhos desmotivados com a rotina de estudos durante a pandemia.

Percepção parecida tem a professora Virgínia Nazaré Aveiro, 50 anos, que leciona História, Geografia e Filosofia em uma escola estadual de Ribeirão Pires. "Como não sabemos quantos alunos estão acompanhando as aulas do Centro de Mídias, na nossa escola, preparamos aulas nossas para que eles pudessem acompanhar. Eu dou aulas em uma escola na região central, que tem um público com mais condições financeiras do que uma escola da periferia, por exemplo. Mesmo assim, muitos alunos não estão acompanhando as aulas (...). Eu tenho 10 turmas, com cerca de 35 alunos cada, mas só 1/3 está acompanhando de fato".

Vínculo.
Na opinião de Deis, uma das formas de driblar as dificuldades impostas pela pandemia na educação é a criação do vínculo entre professor e aluno "para que os estudantes não se sintam sozinhos neste momento".

Esta também é a crença de Fabiana Vigo, 40 anos, diretora de uma escola municipal de Barretos. "Tem um grupo de referência da prefeitura que grava as aulas, que são transmitidas pela TV e redes sociais. Mesmo assim, eu tenho caso de mães, com cinco filhos e apenas um celular, que não conseguem acompanhar. Então, todos os dias, eu fico disponível presencialmente na escola para tirar dúvidas dos pais e os professores fazem um monitoramento constante pelo Whatsapp. Dessa forma conseguimos 60% dos alunos ativos, mas eu queria mais".

Nº da educação pública brasileira
- Atividades não presenciais chegaram a 82% dos alunos.
- 51% dos alunos estão desmotivados .
- 67% dos alunos estão com dificuldades na rotina de estudos em casa.
- 38% dos pais e responsáveis temem que filhos desistam da escola.

Fonte: Pesquisa Datafolha realizada com pais ou responsáveis por 1.556 estudantes da rede pública do país.

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