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Política

Lava Jato recebe prêmio, e Dallagnol critica aprovação de pacote na Câmara

O procurador da República, que fez o discurso de agradecimento, e os procuradores receberam a premiação no centro de convenções da Cidade do Panamá

Folhapress

Publicado em 04/12/2016 às 11:01

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Deltan Dallagnol criticou a aprovação do pacote anti-corrupção na Câmara / Agência Brasil

O procurador da República Deltan Dallagnol, da força-tarefa da Operação Lava Jato, disse neste sábado (3) no Panamá que os deputados federais no Brasil se aproveitaram da tragédia com a Chapecoense para "infligir o mais duro ataque" que a operação já sofreu.

Ele e mais onze procuradores de Curitiba (PR) foram ao Panamá para receber neste sábado o prêmio internacional de combate à corrupção concedido pela Transparência Internacional.

Dallagnol, que fez o discurso de agradecimento, e os procuradores receberam a premiação no centro de convenções da Cidade do Panamá, onde ocorre a conferência internacional da organização e a conferência latino americana de jornalismo investigativo promovida pelo Ipys (Instituto de Prensa y Sociedad), de Lima, no Peru.

O anúncio se converteu em um ato de protesto contra o pacote de medidas aprovadas pela Câmara nesta semana que, segundo afirmou Deltan em seu discurso, representam "o início do fim da Lava Jato" caso se transformem em lei. Um grupo da Transparência abriu um cartaz com os dizeres "Não à intimidação da Lava Jato".

Em seu discurso que leu em inglês, Dallagnol afirmou, sem citar o nome da empresa, que o acordo de delação premiada com a empreiteira Odebrecht, pelo qual 77 executivos começam a colaborar com as investigações, está relacionado à ação do Congresso.

"O pano de fundo desses ataques é a negociação de acordo com uma companhia que pagou algumas das maiores propinas. A companhia tinha um departamento só para fazer esses pagamentos ilícitos. Dezenas de políticos foram envolvidos. Quanto mais perto estávamos do acordo, maiores eram as reações do Congresso. Nessa semana, a Câmara dos Deputados cruzou a linha", afirmou Dallagnol.

Segundo o procurador, o projeto aprovado na Câmara prevê "o corte da independência dos procuradores federais e do Judiciário".

"Nessa semana, quando uma tragédia levou o país a um grande luto, homens impiedosos colocaram em curso uma estratégia cruel. Enquanto o Brasil chorava o acidente aéreo que matou diversos jogadores de futebol, enquanto as manchetes estavam cheias de dor, deputados da Câmara trabalharam ao longo da noite para infligir o mais forte ataque que a Lava Jato sofreu ao longo de mais de dois anos de vida", afirmou o procurador.

Renúncia

Dallagnol voltou a dizer que os procuradores estão decididos a renunciar a seus papéis na força tarefa da Lava Jato caso o projeto aprovado na Câmara seja confirmado pelo Senado e pelo presidente Michel Temer (PMDB).

"As regras do projeto são tão destrutivas que não haverá mais condições para nós, como procuradores, trabalharmos na força-tarefa de Lava Jato. Nós anunciamos que se o projeto for aprovado pelo Senado e pela Presidência, nós vamos renunciar", disse Dallagnol, que foi muito aplaudido.

"Sobre a nossa possível renúncia, não se trata de desistir, mas reconhecer que, uma vez que a linha foi cruzada, as autoridades da Lava Jato estão indefesas ante a legisladores que usam seu poder para proteger a si mesmos."

Ao anunciar o grupo da Lava Jato como o vencedor do prêmio internacional de combate à corrupção, o presidente da Transparência Internacional, José Ugaz, disse que "não se pode deixar os procuradores sozinhos".

"Esse grupo de procuradores é único e abre um caminho de esperança, porque não somente estão limitados a fazer suas investigações judiciais, como fazem todos os procuradores do mundo, mas também tiveram a capacidade inovadora para apresentar ao seu país dez opções para melhorar as leis", disse Ugaz.

"Nós queremos que o governo do Brasil e seu Congresso saibam que estamos olhando, a cidadania global e geral, e qualquer tentativa de torpedear esse procedimento vai gerar uma reação de nossa parte", disse Ugaz.

A força tarefa Lava Jato concorria à premiação com outros três candidatos, incluindo a equipe de jornalistas que fez a série de reportagens conhecida como Panamá Papers, sobre irregularidades da empresa que cria e gerencia offshore Mossack Fonseca.

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