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Cresce rumor de Zuckerberg para Casa Branca

A intensa programação pelo país e as postagens com belas fotos e vídeos exaltando cada uma das paradas deram início aos rumores de uma possível candidatura de Zuckerberg

Folhapress

Publicado em 13/08/2017 às 19:00

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A meta de Zuckerberg para o ano é percorrer cerca de 30 dos 50 Estados do país que ainda não conhecia para "escutar" os americanos / Divulgação

Visitas a uma clínica de tratamento para dependentes de opiáceos em Ohio, a uma escola de Rhode Island, a uma fábrica de carros nos arredores de Detroit, além de um tour por uma reserva indígena em Montana e um jantar com refugiados somalis em Minneapolis.

A movimentada agenda, que já inclui passagens por mais de 20 Estados desde janeiro, poderia muito bem ser a de qualquer candidato americano à Casa Branca em ano de campanha, mas é, oficialmente, parte do desafio autoimposto pelo fundador do Facebook, Mark Zuckerberg, no início do ano.

A intensa programação pelo país e as postagens com belas fotos e vídeos exaltando cada uma das paradas deram início aos rumores de uma possível candidatura de Zuckerberg, 33, à Presidência dos EUA em 2020.

As especulações ganharam ainda mais corpo com a recente contratação do estrategista-chefe da campanha de Hillary Clinton, Joel Benenson, para trabalhar na Iniciativa Chan Zuckerberg, uma fundação de cunho social tocada por ele e a mulher, Priscilla Chan.

Também já faz parte do quadro da organização, criada em dezembro de 2015, David Plouffe, o "guru" de Barack Obama em sua vitoriosa campanha de 2008.

A meta de Zuckerberg para o ano é percorrer cerca de 30 dos 50 Estados do país que ainda não conhecia para "escutar" os americanos -nada poderia se parecer mais com uma caravana política.

"A tecnologia e a globalização criaram muitos benefícios, mas para muitas pessoas também tornaram a vida mais desafiadora. Precisamos achar uma forma de mudar o jogo, para que funcione para todo mundo", escreveu Zuckerberg ao justificar, recentemente, a sua turnê.

Algumas pesquisas de intenção de voto para 2020 já incluem o nome do fundador do Facebook, como uma realizada em julho pelo Public Policy Polling (PPP), um instituto tido como ligado aos democratas.

Segundo o levantamento, se a eleição fosse agora, Zuckerberg empataria com Trump, com 40% dos votos cada um. Foram entrevistados 836 eleitores registrados, e a margem de erro é de 3,4%.

"Neste momento, não há razão para que Zuckerberg não concorra [em 2020]. Ele é uma importante figura no mundo dos negócios e das mídias sociais, e representa uma voz nova no cenário politico", diz Julian Zelizer, professor da Universidade Princeton especialista em histórica política americana.

Apesar de não ser afiliado a nenhum partido, Zuckerberg faz questão de ressaltar bem algumas de suas posições políticas, com mensagens de apoio à comunidade LGBT, em defesa dos refugiados e imigrantes, e exaltando as energias limpas.

E, mesmo não sendo um crítico constante de Trump nas redes sociais, o empresário já se posicionou contra algumas medidas, como o decreto presidencial de janeiro que vetava temporariamente a entrada de refugiados e de cidadãos de sete países de maioria muçulmana, e a decisão do governo de proibir a entrada de transgêneros nas Forças Armadas.

"Todos deveriam poder servir o seu país -não importa quem sejam", escreveu Zuckerberg em seu perfil no Facebook. A mensagem teve 652 mil curtidas e 25.500 compartilhamentos.

Facebook como arma

Hans Noel, cientista político da Universidade de Georgetown, diz que há "várias explicações inocentes possíveis" para os movimentos recentes do criador do Facebook, como, por exemplo, tentar entender melhor como a sua ferramenta influencia as eleições americanas.

Ele, contudo, considera que Zuckerberg tem algumas vantagens em relação a outros "outsiders" numa eventual disputa eleitoral.

"Ele basicamente controla uma plataforma importante para notícias. Mesmo que não a manipule para o seu benefício, sabe como ela funciona e como usá-la. Ele tem acesso a toneladas de dados que podem ser úteis na elaboração de sua campanha", afirma Noel.

Dinheiro também não será um problema, já que Zuckerberg é hoje o quinto homem mais rico do mundo, segundo a "Forbes", com uma fortuna de US$ 72,6 bilhões.

E não será problema nem mesmo em termos de ostentação, já que o empresário adota uma imagem calculada de desprezo ao dinheiro.

Em 2016, ao justificar por que sempre usava a mesma camiseta cinza e jeans, Zuckerberg disse que não queria "gastar tempo e energia com coisas bobas ou frívolas" ao escolher sua roupa pela manhã. Cada camiseta, feita sob medida pela grife italiana Brunello Cucinelli, contudo, custa cerca de R$ 1.200.

Para Noel, é bem provável que os democratas queiram uma outra pessoa como seu candidato. "Mas eles podem estar tão divididos quanto os republicanos em 2016, deixando uma abertura para um outsider", afirma, como ocorreu com Trump.

Zelizer diz acreditar que um governo ruim de Donald Trump não necessariamente atrapalharia a eleição de um novo "outsider".

"Pode ser que, depois de quatro anos de governo Trump, exista um forte desejo de eleger alguém com experiência de governo. Mas [Ronald] Reagan foi visto como um outsider, e ele acabou derrotando Jimmy Carter, que era um outsider fracassado", afirma Zelizer.

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