05 de Maio de 2024 • 14:54
Moradores de grandes cidades com altos níveis de poluição do ar têm um risco aumentado de desenvolver a Síndrome do Olho Seco. Os resultados são de um estudo – Environmental Factors and Dry Eye Syndrome: A Study Utilizing the National U.S. Veterans Affairs Administrative Database – apresentado durante o congresso anual da Academia Americana de Oftalmologia, em Nova Orleans, EUA, em novembro desse ano.
Os participantes da pesquisa – moradores de Nova York, Chicago, Los Angeles e Miami – apresentaram entre três a quatro vezes mais probabilidade de serem diagnosticados com a Síndrome do Olho Seco em comparação com moradores de outras áreas urbanas, onde a poluição do ar é relativamente menor. Como resultado, os pesquisadores sugerem que as influências ambientais devam ser consideradas como parte do controle geral e do tratamento de doentes com a síndrome.“A Síndrome do Olho Seco, uma deficiência na produção de lágrimas, é uma condição prevalente tanto nos Estados Unidos, quanto no Brasil, cujas manifestações afetam
negativamente o funcionamento físico e mental do indivíduo. Os sintomas da Síndrome do Olho Seco podem ser muito prejudiciais para os pacientes, afetando gravemente a qualidade de vida da pessoa, resultando em perda de produtividade devido à interrupção das atividades diárias, como a leitura e o uso de telas de computador”, afirma o oftalmologista Virgílio Centurion, diretor do IMO, Instituto de Moléstias Oculares.
Embora já se tenha sugerido antes que fatores ambientais poderiam impactar a Síndrome do Olho Seco, este é o primeiro estudo realizado com uma grande população de pacientes que cobre todo o território continental dos Estados Unidos, que relaciona efetivamente a localização do paciente tratado para olho seco com as condições atmosféricas: em especial, a poluição do ar, juntamente com as condições meteorológicas.
Cruzando informações dos bancos de dados dos veteranos e da NASA, os pesquisadores examinaram os registros de saúde de 606.708 pacientes que receberam tratamento para a Síndrome do Olho Seco em uma das clínicas especializadas para veteranos entre julho de 2006 e julho de 2011.
Aqueles que viviam em áreas com altos níveis de poluição do ar apresentaram um risco aumentado para a Síndrome do Olho Seco e uma taxa de incidência da doença 1,4% maior. A maioria das áreas metropolitanas – incluindo Nova York, Chicago, Los Angeles e Miami – mostrou alta prevalência da Síndrome do Olho Seco (17 a 21%) e altos níveis de poluição do ar.
Além disso, o risco de Síndrome do Olho Seco também apresentou-se 13% maior em áreas de grande altitude. Locais onde havia maior umidade e maior velocidade do vento foram inversamente associados com o risco da Síndrome do Olho Seco, após o controle da poluição do ar e de outras condições climáticas.
“Os resultados da pesquisa sugerem que os oftalmologistas precisam estar cientes da associação entre as condições ambientais e a Síndrome do Olho Seco, registrando a história ambiental na avaliação de pacientes com a doença”, diz a oftalmologista Sandra Alice Falvo (CRM-SP 59.156), que também integra o corpo clínico do IMO.
Pessoas que vivem em cidades poluídas áridas e prontamente atestam que a poluição do ar tem um efeito irritante sobre o olho seco. A pesquisa sugere que ações simples, como manter a umidade adequada dentro de casa e usar um filtro de ar de alta qualidade devem ser consideradas como parte da gestão global dos pacientes que sofrem com a Síndrome do Olho Seco.
“Os sintomas do olho seco podem variar de ardência ou queimação ao lacrimejamento excessivo e extremo desconforto com o uso de lentes de contato. Como o olho responde com irritação à esta condição, o olho, muitas vezes, ele se resseca excessivamente para tentar combater a perda de umidade. Muitas pessoas com a Síndrome do Olho Seco podem achar que assistir televisão, ler e trabalhar por longos períodos no computador pode ser muito desconfortável. Para alívio da síndrome, o mais recomendável é buscar aconselhamento com um oftalmologista para determinar o melhor curso do tratamento para cada paciente”, recomenda Sandra Falvo.
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