05 de Maio de 2024 • 04:36
O olho é o órgão que mais sofre no calor. De acordo com o oftalmologista do Instituto Penido Burnier, Leôncio Queiroz Neto, no verão acontecem os maiores surtos de conjuntivite.
“Da mesma forma que no inverno o vírus influenza aumenta os casos de gripe, os prontuários do hospital mostram que nos meses mais quentes o número de pessoas com conjuntivite viral e bacteriana chega a ser 30% maior que no restante do ano”, afirma.
O tipo de conjuntivite depende dos hábitos de cada pessoa. Os principais gatilhos para o aumento da doença no verão são a maior proliferação de bactérias, contato com água contaminada e o compartilhamento de equipamentos eletrônicos.
O médico afirma que por serem contagiosas, tanto a conjuntivite viral como a bacteriana estão entre as principais causas de afastamento do trabalho no Brasil.
A doença é a inflamação da conjuntiva, membrana transparente que reveste a face interna das pálpebras e a íris, porção branca do olho.
Embora os tratamentos sejam diferentes, os dois tipos têm alguns sintomas em comum: olhos vermelhos, lacrimejamento, coceira, sensação de corpo estranho, queimação, fotofobia e visão borrada.
Estudo
A boa notícia é que o tratamento correto não deixa sequelas na visão. A má é que um estudo conduzido pelo Queiroz Neto com 369 pacientes mostra que no verão 40% dos pacientes já chegam ao consultório usando colírio por contra própria, contra 30% no restante do ano. “O brasileiro tem este hábito porque independente da fórmula todo colírio melhora o conforto do olho”, comenta.
O problema é que de acordo com o MS (Ministério da Saúde) a automedicação é a maior causa de internações por intoxicação no Brasil. Quando se trata de colírio, o estudo conduzido por Queiroz Neto mostra que o vasoconstritor para deixar o olho branquinho é usado por 56% das pessoas. Em longo prazo, o especialista diz que a medicação pode causar catarata. O problema é tão sério que o MS está desenvolvendo uma pesquisa para saber como o brasileiro usa medicamentos.
Crianças e conjuntivite bacteriana
Queiroz Neto afirma que a conjuntivite bacteriana, caracterizada por uma secreção amarelada e purulenta, é mais comum entre crianças. Isso porque, estão com a imunidade em desenvolvimento e permanecem por mais tempo imersas na água das piscinas ou mar que pode funcionar como veículo de transmissão de bactérias. Por ser altamente contagiosa, ressalta, é comum que uma única criança contamine toda a família. O tratamento em estágio inicial pode ser feito com compressas de água morna. Não desaparecendo os sintomas em dois dias a recomendação é consultar um oftalmologista que prescreva o colírio antibiótico mais adequado.
Computadores podem transmitir conjuntivite viral
O médico destaca que entre adultos que compartilham computadores no ambiente de trabalho ou em casa a conjuntivite viral que tem uma secreção aquosa pode ser transmitida pelos equipamentos. Isso porque, explica, uma pessoa que esteja com a conjuntivite encubada pode esfregar os olhos com as mãos e deixar o vírus no teclado ou mouse. Como piscamos 5 vezes menos na frente do computador os olhos ressecam e ficam mais expostos à contaminação, esclarece.O tratamento é feito com colírio antiinflamatório que pode ser hormonal (corticóide) ou não. O uso deste tipo de colírio sem acompanhamento médico pode causar catarata r glaucoma.
Como prevenir
As principais dicas do médico para prevenir a doença são:
Mantenha as mãos sempre limpas.
Evite coçar os olhos.
Depois de lavar as mãos, higienize com solução de 70% de álcool.
Quem compartilha computador deve limpar o mouse e o teclado com álcool a 70%.
Evite tocar no corrimão de escadas púbicas.
Não compartilhe colírio, toalhas, fronhas ou maquiagem.
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