27 de Abril de 2024 • 03:11
Cultura
Você sabia que há uma pedra da feiticeira em Santos? Mas ela não está na Orla e sim aos pés do Monte Serrat. A cidade também já teve um ‘vulcão’ incrustado no Macuco e reza a lenda que um fantasma assombra as ruas do Paquetá.
O cineasta Dino Menezes e a contadora Camila Genaro. / Rodrigo Montaldi/DL
Você sabia que há uma pedra da feiticeira em Santos? Mas diferentemente do que muitos acreditam, ela não está na Orla e sim aos pés do Monte Serrat. A cidade também já teve um ‘vulcão’ incrustado no Macuco e reza a lenda que um fantasma assombra as ruas do Paquetá.
Essas e outras histórias, passadas de geração em geração, ganharão as telonas em breve com o filme ‘História Oral da Gente de Santos’, produzido pelo cineasta Dino Menezes e que tem como fio condutor o trabalho e a pesquisa da contadora Camila Genaro.
Contemplado pelo Fundo de Assistência à Cultura (Facult) o filme faz um paralelo entre as tradicionais lendas santistas e o relato de outros três contadores da cidade: o agitador cultural do Monte Serrat Arquimedes Machado; o artista multimídia Márcio Barreto, Ailton Guedes e Alexandre Camilo.
“Há anos já conto as Lendas Santistas e um dia o Dino assistiu ao espetáculo e me sugeriu a concepção de um filme mesclando as duas formas de contar histórias em uma só: a oral e a audiovisual”, conta Camila.
De acordo com Dino, a proposta do projeto é tecer uma rede de memórias, despertando essas histórias que se perderam no tempo por diversas razões e construindo uma identidade santista através de palavras e imagens.
“A tradicional fonte do Tororó da cantiga popular fica em Santos e muita gente nem sabe. Queremos eternizar uma história que tem a ver com a região, que tem a ver com pertencimento e o objetivo é fazer com que esse filme esteja nas escolas, nos centros culturais e também nos festivais externos para que essa riqueza seja conhecida e reconhecida”, destaca.
O filme está em fase de finalização e presta também uma homenagem aos 20 anos de carreira da santista Camila Genaro, presidente da Academia Brasileira dos Contadores de Histórias.
Para ela, a cidade é povoada de riquezas imateriais e valorizar esse potencial é zelar pela memória do povo. “Imagina quanta coisa já se perdeu. Somos o resultado de todos esses contos passados, cada um a sua maneira, e essa é a beleza do vídeo: contadores que trazem suas próprias vivências narrando essas histórias que são imortais”, finaliza.
A lenda da pedra da feiticeira, por Camila Genaro
Há muito tempo atrás, na época dos avós dos meus avós, quando a cidade de Santos era muito pequena, uma velha, muito velha desgrenhada e envergada, sempre vestida com uma bata de algodão e um chapéu de palha , vivia dentro de um buraco no pé do Monte Serrat.
Todos a chamavam de bruxa e fugiam apavorados se cruzassem seu caminho.
Ela contava com a generosidade de Dona Angelina, que sempre levava um prato de comida e uma palavra de conforto.
Porém, ninguém se torna um arremedo de gente à toa. E essa história teve um começo que foi assim:
Uma viúva cedeu aos encantos de um soldado, mas ele só estava de passagem pela cidade. Ela não se conteve e foi atrás do seu amor, abandonando seus três filhos.
Os filhos cresceram e nunca mais tiveram notícias da mãe que sumiu no mundo. Mas nem por isso eles deixaram de serem pessoas do bem e muito ricos.
Seu Antoninho, sempre teve uma mão doadora.
Um dia, Seu Antoninho ficou muito doente e dona Angelina sabendo do seu estado foi visitá-lo levando a velha que vivia no buraco.
Foi uma confusão. Todos na porta do seu Antoninho gritavam: "Bruxa!"
"A feiticeira está lá dentro"
Mas para nossa surpresa dona Angelina disse:
"Seu Antoninho, sua mãe quer te ver"
Imagine a emoção...
Ela pediu perdão. Ele a reconheceu como a feiticeira da pedra que ele tanto ajudou com esmolas. Se abraçaram.
Ela ficou sabendo que seus outros filhos já tinham falecido. E dizem que até hoje no solstício conseguimos escutar o choro da feiticeira que abandonou seus filhos por causa de um amor não correspondido.
Polícia
Um dos agentes envolvidos alegou que sua câmera corporal estava descarregada no momento dos tiros
Cotidiano
O acidente ocorreu por volta das 6h30, no cruzamento da Rua Comendador Martins com a Júlio de Mesquita