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Política

Divergências de Levy e Barbosa vão além do Orçamento

O governo definiu um corte de R$ 69,9 bilhões. O ministro da Fazenda queria um valor maior, enquanto o Planejamento defendia um montante menor

Pedro Henrique Fonseca

Publicado em 24/05/2015 às 14:17

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As divergências entre os ministros da Fazenda, Joaquim Levy, e do Planejamento, Nelson Barbosa, não se resumem ao montante de cortes no Orçamento para o ajuste fiscal. Segundo fontes do governo, as discordâncias incluem também a desoneração da folha de pagamento das empresas e principalmente as mudanças no cálculo do fator previdenciário aprovadas pela Câmara. Foi por causa destas divergências, e não por conta de uma gripe, que Levy não compareceu à entrevista coletiva convocada para anunciar o contingenciamento, anteontem.

O governo definiu um corte de R$ 69,9 bilhões. Levy queria um valor maior - entre R$ 70 bilhões e R$ 80 bilhões - enquanto Barbosa defendia um montante menor do que foi anunciado. Mas as discordâncias não param aí.

Há cerca de duas semanas, numa reunião da coordenação política do governo, a presidente Dilma Rousseff foi obrigada a intervir em uma acalorada discussão entre os dois. Segundo relatos, Barbosa, apoiado por outros ministros ligados ao PT, defendeu que caso Dilma decida vetar o novo cálculo previdenciário, que reduz a idade mínima para aposentadoria, crie um mecanismo alternativo que contemple os trabalhadores e ao mesmo tempo mantenha a saúde financeira da Previdência.

Já Levy foi na direção contrária. Para ele o governo deve tentar barrar o projeto no Senado. Em último caso, a presidente deve vetar o novo cálculo, sob risco de comprometer o ajuste fiscal.

O ministro da Fazenda ficou isolado na discussão até que Dilma interveio. “Não vou admitir que vocês façam este debate dessa forma. Quem vai decidir sobre isso sou eu”, disse a presidente, segundo testemunhas.

As divergências de Joaquim Levy e Nelson Barbosa vão além do Orçamento (Foto: Agência Brasil)

Conforme integrantes do governo, o apoio a Levy se ampara hoje em Dilma e no vice-presidente, Michel Temer, com quem tem se reunido pelo menos duas vezes ao dia.

Já os maiores focos de críticas são o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva - que em conversas privadas e públicas tem criticado o ajuste fiscal - e o PT, que na última semana escancarou o desconforto com o titular da Fazenda em um manifesto divulgado pelo diretório paulista. Irritado com as constantes investidas de Lula e do PT, Levy se refere com ironia ao partido. “Mas o PT é mesmo o partido do governo?”, disse ele recentemente a um interlocutor.

O terceiro ponto de divergência seria o projeto que reduz a desoneração da folha de pagamento das empresas. Levy reclama do Congresso, que incluiu diversos setores na lista de isenções e se queixa da postura de Barbosa. Pessoas próximas ao ministro do Planejamento negam que haja divergência neste ponto.

Apesar das discordâncias, os dois trabalham como aliados em alguns casos. Um exemplo é a decisão sobre o destino da MP 664, que restringe o pagamento de benefícios previdenciários e integra o pacote de ajuste fiscal. Enquanto a área política do governo é a favor de que a base aliada protele a votação no Congresso até o dia 1o de junho, quando a MP perde a validade, a área econômica defende que as medidas sejam votadas o quanto antes.

‘Pede pra sair’

Na etapa paulista do 5º Congresso Nacional do PT, realizada anteontem e ontem, dezenas de militantes descontentes com o ajuste fiscal pediram a saída do ministro da Fazenda. “Ei Levy, pede pra sair e leve junto o FMI (Fundo Monetário Internacional)”, gritavam.

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