“Profeta”, Ricardo Oliveira enxergava o Santos como seu prato de comida

No futebol árabe, Ricardo Oliveira atuou por dois clubes, Al-Wasl e Al-Jazira, anotou 85 gols em 118 jogos

22 ABR 2015 • POR • 14h27

A contratação de Ricardo Oliveira, no início da temporada, gerou um clima de desconfiança em muitos torcedores e até membros da diretoria alvinegra. O centroavante, que completa 35 anos em maio, retornou ao Peixe após 12 anos, com o ‘problema’ de ter atuado as últimas cinco temporadas no questionado no futebol árabe.

"Era, para mim, meu prato de comida. Não sabia se ia jogar, entrar ou não. Todo jogo que entrava, falava que tinha que provar. Nesse ponto, foi positivo. Obviamente, muitas pessoas não esperavam que eu ia ter essa performance. Isso só foi possível por causa dos meus companheiros e do meu empenho. A bola chega, os caras me procuram", contou o jogador, que chega às finais do Campeonato Paulista como artilheiro isolado da competição Estadual com 10 gols.

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"Pra mim, era como se eu tivesse que lutar por um prato de comida todo dia. Saia de casa e vinha para o clube treinar e aguardar minha oportunidade. Fui paciente, conquistei nos treinos o meu espaço. Fui entrando aos poucos, adquirindo a forma física ideal, ritmo de jogo, que senti bastante quando voltei a jogar", completou.

No futebol árabe, Ricardo Oliveira atuou por dois clubes, Al-Wasl e Al-Jazira, anotou 85 gols em 118 jogos (somando as participações pelos dois times), venceu duas vezes o principal campeonato do país e ainda se transformou no recordista de gols da Liga dos Campeões da Ásia. Mesmo assim, assinou um contrato com término previsto para 4 de maio e um salário de ‘apenas’ R$ 50 mil.

"O meu interesse, quando vim acertar, era fazer contrato de um ano, mas me foi proposto isso ai, e aceitei. Sabia que antes do final o Santos ia me chamar. Aconteceu como planejei. Não previa que seria dessa forma, mas profetizei que viria para brigar por artilharia e títulos, porque qualquer jogador que sabe de futebol não pode vir para o Santos pensando em participar", explicou o sempre muito confiante camisa 9 do Peixe.

"As coisas estão dando certo. Mas foi duro, tive que matar um leão por dia. Provar que merecia vestir a camisa do Santos. Fui questionado, normal. Me dou muito bem com as críticas, sou critico. Cinco anos no mundo árabe, voltar para o Brasil com 34 anos, normal... me motivou. Só precisava da oportunidade e aqui eu tive".

Em 2003, quando atuou por pouco menos de um ano pelo Peixe, Ricardo Oliveira marcou 21 gols em 32 partidas e fez parte do grupo vice-campeão da Libertadores da América. Essa lembrança de um desempenho individual satisfatório, mas sem conquistas coletivas é usada como motivação pelo centroavante.

"Eu queria mostrar a forma que eu estava, queria retribuir o carinho de 2003. Saí artilheiro do Paulista e da Libertadores. Sem título e ficou gostinho amargo. Queria ter saído campeão", admitiu.

Agora, o momento é de dúvida e indefinição. Após quase quatro meses vestindo a camisa santista, Ricardo Oliveira já provou que segue com seu faro de goleador e isso, por incrível que pareça, complicou sua permanência no clube. O staff do jogador e a diretoria do Peixe seguem tentando entrar em um acordo para estender o vínculo contratual, mas não há previsão para um acordo. Pelo menos nas entrevistas, o atleta reitera seu desejo de continuar na Baixada Santista.

"O fato de voltar, meu filho, santista apaixonado... gosto muito do Santos, tenho familiares santistas fanáticos. Deixar minha família feliz é uma das minhas prioridades. Então, sempre deixei isso bem claro. Minha vontade, e vou me empenhar nisso, é de permanecer", encerrou.