Sem acordo, greve segue em São Vicente

Após assembleia realizada na noite da última quinta-feira, os funcionários rejeitaram a proposta do Executivo e decidiram deflagar greve por tempo indeterminado

28 FEV 2015 • POR • 00h51

“Bili solta piada e São Vicente vira palhaçada”. “Bili, a culpa é sua, servidor na rua”. Ao som desses e outros coros, os servidores públicos municipais de São Vicente saíram ontem às ruas para protestar contra o aumento de 7% oferecido pela Prefeitura. Após assembleia realizada na noite da última quinta-feira, os funcionários rejeitaram a proposta do Executivo e decidiram deflagar greve por tempo indeterminado. A adesão à paralisação foi de 70%.

“É inaceitável a proposta de 7% da Prefeitura. Queremos, no mínimo, dois dígitos. Podemos até avaliar uma proposta de 10%, menos que isso não voltamos”, disse o professor de matemática Heitor Rivau. Segundo o docente, na pauta dos professores também está incluída a equiparação salarial da categoria. “Desde o ano passado estamos cobrando a readequação da hora aula. Tem professor ganhando menos que outro para exercer a mesma função. Em fevereiro do ano passado cobramos o pagamento do abono e ele (o prefeito) disse que pagaria em março e não pagou. Cobramos novamente em novembro e ele de novo disse que pagaria em janeiro, mas não o fez. Disse que cairia em fevereiro, que termina amanhã, mas até agora o salário não caiu”.

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Há cinco anos no quadro de servidores da Prefeitura, Rivau destacou que a luta não é apenas pelo aumento salarial, mas por melhores condições de trabalho. “Há muito tempo as escolas estão sucateadas e em má conservação. Não há um plano de educação na Cidade”.

Ontem, pela manhã, o Diário do Litoral acompanhou a reunião dos servidores na sede do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de São Vicente (SindservSV). Centenas de trabalhadores, a maior parte dos setores da Educação e da Saúde, deixaram seus postos de trabalho. No Hospital Municipal, antigo Crei, onde houve manifestação, o atendimento foi prejudicado, apesar de os médicos continuarem a atender normalmente. A Reportagem verificou também que sete escolas de Ensino Fundamental paralisaram as atividades. Nas unidades básicas de saúde onde os funcionários aderiram à paralisação, apenas os serviços essenciais como entrega de remédios foram mantidos. A Guarda Municipal e os agentes de trânsito não participam da greve.

“A ideia era que todos os professores parassem, mas a chefia está pressionando. Muitos ainda estão em estado probatório (experiência) e têm medo de perder o emprego”, disse uma professora que não quis se identificar. Na escola onde ela leciona as aulas foram mantidas.

A presidente do SindservSV, Mara Valéria Giangiulio, disse que apesar da adesão à greve ter sido grande, 30% de todos os serviços essenciais serão mantidos. “As unidades básicas, os hospitais, as creches vão trabalhar normalmente, todo o pessoal da saúde estará trabalhando com 30%, em alguns locais até com um pouco mais. A gente pede a compreensão da comunidade para que a gente resolva esse transtorno o mais rápido possível. Encaminhamos ofício pedindo o quanto logo ele tenha uma proposta ela seja encaminhada. Enquanto isso não acontecer, a greve será por tempo indeterminado”.

De acordo com Mara Valéria, houve descontentamento geral dos servidores, especialmente dos setores da Saúde e da Educação. “Todas as propostas que ele apresentou foram do ano passado. Então as pessoas não se sentiram contempladas. Ontem, eles (a Prefeitura) apresentaram uma proposta falando do adicional de risco dos agentes de trânsito e isso acirrou os ânimos. Na verdade, se ele (o prefeito) chegasse aos dois dígitos que a gente discutia desde o ano passado a categoria já se sentiria contemplada. O servidor público vem pedindo ao longo do tempo e sempre tem as desculpas x e y”, ressaltou. 

Sem acordo

A Prefeitura de São Vicente, por meio de nota, informou que, embora considere justa a reivindicação dos servidores, é impossível atender qualquer proposta de reajuste salarial com dois dígitos, e que esta fugiria da disponibilidade financeira do Município, suplantando as possibilidades definidas no Orçamento Municipal do exercício de 2015, já aprovado.
Segundo a Administração Municipal, os 7% oferecidos, índice acima da inflação, é resultado de vários esforços e está entre os maiores concedidos à categoria nos últimos sete anos.

Ela ressaltou que, em todos os acordos coletivos celebrados com o sindicato, o reajuste discutido abrange além do salário base, outros benefícios como abono alimentação e cesta básica, o que eleva o impacto orçamentário.

Ao final da nota, a Prefeitura destacou que “há uma distância entre o querer e o desejar da Administração e de outros setores, pois ainda que pudesse superar as barreiras legais, leviano seria contemplar a categoria com índices superiores e benefícios, justos e cabíveis, mas não termos condições financeiras de arcar e suportar com os compromissos assumidos no futuro”.

No início da noite, o prefeito Luis Cláudio Bili (PP) anunciou que, se os servidores não voltarem às atividades, a Prefeitura acionará a Justiça no início da próxima semana.

Considerando a paralisação abusiva, o chefe do Executivo disse que aqueles que continuarem a greve terão os dias descontados.