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Itanhaém

Vai começar a 'Festa do Divino', em Itanhaém

Evento começa neste sábado, 1º, e segue até dia 16, no Centro Histórico.

Nayara Martins

Publicado em 01/06/2019 às 10:29

Atualizado em 01/06/2019 às 10:33

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Festa do Divino Espírito Santo foi trazida de Portugal pelos colonizadores que se instalaram na então Vila Nossa Senhora da Conceição. / NAYARA MARTINS/DIÁRIO DO LITORAL

A tradicional Festa do Divino de Itanhaém, celebrada há mais de três séculos, tem início neste sábado, dia 1º de junho, e se estende até o dia 16. Trazida com a vinda dos portugueses ao Brasil, a Festa do Divino se mantém até os dias de hoje com a participação da comunidade católica. Na região da Diocese de Santos, Itanhaém é o único município que ainda realiza a Festa.

"A Festa do Divino é a mais bonita de Itanhaém". A definição é de uma das moradoras mais antigas e que participa do evento, a aposentada Zely Jorge Paniquar, mais conhecida como Dona Zely, de 94 anos. Na sua opinião, todos os rituais da Festa são muito especiais, desde a Erguida do Mastro, a Alvorada, a primeira Soca de arroz e a distribuição do pão bento, logo após a missa solene.

Dona Zely acredita que a tradição deve ser mantida. "Uma das passagens que deveria voltar a ser como antes são os personagens representados na Festa do Divino, como o Imperador, a Imperatriz e o Capitão do Mastro. Eles devem ser representados por pessoas jovens, dá mais imponência à Festa", sugeriu.

Há 84 anos acompanhando a celebração do evento, desde que veio morar na cidade, ela lembra ainda das ruas, nos tempos antigos, que eram todas enfeitadas com as bandeirinhas do Divino, desde o Convento Nossa Senhora da Conceição até o Centro Histórico.

Dona Zely já recebeu a Bandeira do Divino em sua casa, este ano, com os moradores do Centro. "Sempre recebi a Bandeira em minha casa. É uma alegria, com as orações feitas por todos. A bandeira fica de um dia para o outro e, quando ela vai embora, dá uma tristeza", desabafa saudosa a aposentada.

"A Festa do Divino tem uma grande importância aos moradores de Itanhaém, porque ela representa o momento em que cultuamos a devoção ao Espírito Santo". A afirmação é do diácono Ernesto Bechelli, presidente da Associação Pró-Festa do Divino de Itanhaém - Aprodivino, responsável pela organização.

Bechelli acrescenta que a Festa resgata o simbolismo e os rituais que ajudam a manter a tradição, a cada ano. "Para mim, nascido em Itanhaém, é um momento de boas recordações da época em que fui festeiro e Imperador", completou o diácono.

A Festa do Divino Espírito Santo foi trazida de Portugal pelos colonizadores que se instalaram na então Vila Nossa Senhora da Conceição de Itanhaém. Era uma época conturbada do Reino Português, no século XIII, quando a vida econômica e política se agravavam e colocavam em risco a segurança do trono. A rainha Isabel, de Portugal, teve uma atitude inesperada à Corte. Muito devota, ela abdicou da coroa em favor do Divino Espírito Santo.

FOLIA DO DIVINO

Bechelli explica como são as visitas das bandeiras com a "Folia do Divino", dando início à preparação da festa, onde as famílias recebem a Bandeira do Divino em suas casas. "São dez bandeiras que percorrem diversos bairros da cidade e visitam cerca de 600 residências nos dois meses que antecedem a festa".

As famílias recebem e ficam com a Bandeira do Divino durante 24 horas em suas casas. Ao receber a bandeira, acontece a reza ao Divino Espírito Santo, pedindo-se a paz para o mundo e a benção aos lares. Os devotos divulgam a festa e ainda ajudam na arrecadação dos fundos para custear as despesas.

"As famílias mais antigas vão falecendo e os novos moradores é que devem manter a tradição. Temos o momento de devoção e também simbólico, o de estar junto à comunidade. Essa é a mensagem da Festa do Divino", destaca Bechelli.

Na sua opinião, o Poder Público municipal poderia colaborar de forma mais efetiva com o evento, já que é um incentivo ao turismo religioso da Cidade.

ERGUIDA DO MASTRO

A Erguida do Mastro, um dos momentos mais importantes da Festa, será neste domingo, 2 de junho, liderada pelo Capitão do Mastro, em frente à Igreja Matriz, após a procissão pelo Centro Histórico.

A primeira noite da tradicional Soca do Arroz acontece neste sábado, dia 1º, quando é feito o preparo do cuscuz que é distribuído com café, nas Alvoradas, às 5h30 da manhã de domingo, 2. Já a segunda noite do Soca será no próximo sábado, 8, com a Alvorada, às 5 horas da manhã do dia 9.

A solene Abertura do Império, na Casa do Império, é outro momento marcante com a presença do Imperador e da Imperatriz, e acolhe a Coroa, o Cetro e as Bandeiras e saem em procissão rumo à Matriz, no sábado, 8, na véspera de Pentecostes.

Outro ritual bastante conhecido é a distribuição do Pão Bento, que é feito a partir de um grande mutirão da Festa. Os pães são distribuídos à população, no domingo de Pentecostes, dia 9, logo após a missa solene na Igreja Matriz.

As missas e o início do setenário acontecem na igreja Matriz de Sant´Anna, de 2 a 8 de junho, no Centro Histórico. Já o encerramento da Festa, com a Descida do Mastro e a Bandinha do Divino, acontece na noite do dia 16.

Nos finais de semana, é realizada ainda a quermesse beneficente, até o dia 16, em frente à Igreja Matriz.

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