25 de Abril de 2024 • 23:44
A alta da inflação, a maior no período de 12 meses desde outubro de 2011, refletirá nos alimentos, influenciados principalmente pelas carnes, combustíveis e tarifas públicas. O aumento, medido pelo Índice de Preços ao Consumidor Pleno (IPCA) acumula 6,75%, acima do teto da meta do Banco Central, que é de 6,5%.
Segundo a professora mestra Karla Andreia Berni Simionato, coordenadora do curso de Ciências Econômicas da Universidade Católica de Santos (UniSantos), o consumidor deve sentir diferença, especialmente, nas tarifas, já que não há como negociar preços.
“As tarifas públicas, como água, luz, telefone, subiram. O pior, quando você tem o aumento de tarifas públicas, não há como negociar, como fugir. Quando há o aumento dos preços privados, o consumidor substitui o produto, tenta negociar com quem está vendendo, mas com essas tarifas não tem como negociar. Você pode até tentar diminuir o consumo de água, luz, telefone, mas não negocia o valor da tarifa. Aí o consumidor fica onerado”.
A economista explicou os fatores que elevaram a inflação. “Podemos citar as eleições que acabaram interferindo no mês. Fora isso, nós tivemos uma seca acentuada pela falta de chuvas que faz subir os preços dos gêneros alimentícios que compõem a cesta básica. Isso aumenta o valor da cesta básica e também influência no valor da inflação. São diversos fatores que fazem com que os preços subam e que acabou deixando a inflação acima da meta do governo. Mas, basicamente, foi o processo eleitoral e também a seca acentuada”.
De acordo com a professora mestra, a classe média é quem deve sentir mais os efeitos do aumento de preços. “Quem sofrerá mais o impacto é a classe média porque ela ganha acima do salário mínimo. Não se tem, em termos de reposição salarial, toda a inflação. Se tiver, é exatamente a inflação. Diferentemente da classe mais baixa, que tem uma reposição acima da inflação. O salário mínimo foi reajustado acima da inflação. O salário mínimo paulista está acima ainda do nacional, preservando o poder dessa classe econômica. Mas a classe média não. Ela ficou muito sujeita a essas negociações. Ela não teve necessariamente a reposição toda”.
O peso das eleições
Karla Andréia acredita que o resultado das eleições presidenciais interfere diretamente na economia e, por isso, prefere não fazer nenhuma previsão antes do resultado das urnas. Entretanto, a expectativa é que não haja um grande aumento nos preços até o fim do ano.
Já para a Baixada Santista, a tendência é que a economia não sofra tantas alterações já que não haverá mudança no governo estadual.
“A região, de maneira geral, deve seguir a tendência do Brasil, até porque nós não teremos grandes alterações. O Alckmin foi reeleito, então isso não interferiria na política de preços em relação ao Estado. A região e o Estado de São Paulo de uma maneira geral ficam realmente na expectativa do que vai acontecer em relação ao “Risco Brasil” e ao comportamento de preços em virtude das eleições presidenciais. No Brasil, o que dita muito o comportamento do mercado e dos preços é a eleição do chefe do Executivo. Mas em termos de São Paulo e Baixada Santista, não teremos muitos problemas”.
Cotidiano
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