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Cotidiano

Terceiro protesto contra a Copa em SP tem mais policiais que manifestantes

Mais uma vez, o "pelotão ninja", especializado em artes marciais, foi convocado - 200 soldados, sem identificação nas fardas, ficaram de prontidão para evitar atos de vandalismo e depredação

Pedro Henrique Fonseca

Publicado em 13/03/2014 às 22:42

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No terceiro protesto contra a Copa do Mundo, 2,3 mil policiais militares foram mobilizados, em uma megaoperação, para acompanhar 1,5 mil manifestantes pelas ruas de São Paulo. Mais uma vez, o "pelotão ninja", especializado em artes marciais, foi convocado - 200 soldados, sem identificação nas fardas, ficaram de prontidão para evitar atos de vandalismo e depredação. Mas, quando os manifestantes chegaram à Avenida Paulista, houve tumulto.

A manifestação "Não Vai Ter Copa" teve a adesão do Movimento Passe Livre (MPL). O protesto começou às 18h desta quinta-feira, 13, no Largo da Batata, em Pinheiros, zona oeste da capital. A Avenida Faria Lima no sentido zona sul foi bloqueada. A passeata organizada por 30 coletivos começou por volta das 19h15. Sob forte escolta policial, o grupo seguiu na direção da Avenida Rebouças, onde as duas pistas foram fechadas às 19h45.

Às 21h, quando os manifestantes chegaram à Avenida Paulista, uma agência do Itaú foi depredada e uma bomba, lançada. A polícia não havia feito cerco aos manifestantes. No último protesto, no dia 22 do mês passado, 262 pessoas foram detidas e, em menos de 30 minutos de protesto, um grupo foi encurralado por PMs no centro. Ontem, três jovens foram detidos para averiguação, tiveram as bolsas revistadas e foram dispensados em seguida.

Ao longo do trajeto, um cordão da PM acompanhou a marcha pelos dois lados das avenidas. Um pelotão de moto seguiu à frente. Policiais ficaram perto de lojas, bancos e postos de gasolina para evitar a ação de black blocs. O grupo Advogados Ativistas procurou o comandante da Tropa de Choque para questionar a falta de identificação nas fardas. O policial, que se identificou apenas como Evangelista, disse que a tropa se vestiu às pressas

Os manifestantes carregaram faixas e bandeiras e entoaram gritos contra a Copa que se misturavam a outras reivindicações, como "Brasil, vamos acordar! Um professor vale mais do que o Neymar" e "Ei, Fifa, paga minha tarifa!".

No terceiro protesto contra a Copa do Mundo, 2,3 mil policiais militares foram mobilizados (Foto: Mônica Reolom/Estadão Conteúdo)

Integrante do Fórum Popular de Saúde, Paulo Spina disse que o objetivo era promover um ato tranquilo. "Temos coletivos como o Contra a Copa, Fórum Popular de Saúde, a Uneafro e Ciberativistas, além de integrantes de movimentos de defesa do transporte público. Queremos protestar de forma pacífica na rua. Queremos uma manifestação sem violência, mas sabemos dos excessos da polícia nos atos de 25 de janeiro e 22 de fevereiro. Queremos que dessa vez seja diferente e nós vamos ocupar as ruas de forma pacífica", afirmou.

A exemplo do que ocorria nos atos contra o aumento da passagem, em junho do ano passado, moradores da Avenida Rebouças ontem mostraram bandeiras brancas e acendiam e apagavam as luzes de suas sacadas em apoio ao protesto. "Vem, vem pra rua vem. Não vai ter Copa", respondia o grupo.

Corrupção

Um manifestante, que não quis se identificar, disse que foi às ruas para protestar contra a corrupção. "Estou aqui por causa de toda essa roubalheira que acontece no País." Apesar de participar do protesto contra a Copa, outro manifestante contou que vai assistir ao torneio. "Aos jogos do Brasil eu vou assistir, sim, mas só por causa de amigos. Eu não estou de acordo com o que estão fazendo, de gastar nosso dinheiro com a Copa."

O tenente-coronel Eduardo Almeida, comandante da operação, disse que a polícia só agiria em caso de "quebra da ordem" ou se houvesse percepção de início de vandalismo. Segundo ele, isso acontece quando os manifestantes apresentam martelos, pedras ou coquetel molotov. Em relação ao grande efetivo, ele disse que os advogados ativistas não souberam informar quantos manifestantes iriam ao ato nem o trajeto: "Assim eu preciso trazer efetivo que pode ser desproporcional ao tamanho da manifestação".

A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) manteve um plantão para atender à demanda dos ativistas.

Manifestantes distribuíram folhetos ontem com convocação para novo ato no dia 27 de março, às 18h, na Praça do Ciclista, na Avenida Paulista.

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