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Cotidiano

Secretário suspende novas internações na UTI do PS Central

Resultado da sindicância será apresentado no próximo dia 17 de setembro. O vereador Marcos Calvo não descarta a possibilidade dos pacientes terem morrido por contrair a bactéria KPC

Publicado em 20/08/2015 às 11:29

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Após os desdobramentos da reportagem publicada pelo Diário do Litoral, em primeira-mão, na última sexta-feira (14), sob o título ‘Vereador denuncia bactéria letal na UTI’, dando conta que duas pessoas que faleceram recentemente na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Pronto-socorro Central de Santos (PS Central) teriam sido infectadas por bactéria produtora de Carbapenase (KPCs), o secretário de Saúde de Santos, Marcos Calvo, ratificou ser desnecessária a interdição do equipamento, mas interrompeu internações e vai reavaliar clinicamente todos os pacientes da unidade.

“Existem vários tipos de bactérias em um ambiente hospitalar. A partir dos próximos exames, faremos novos procedimentos. Vamos intensificar o que chamamos de limpeza terminal, que ocorre quando o paciente desocupa o leito. O local recebe um tratamento com produtos químicos capazes de eliminar a colonização e a presença de bactérias”, completou. A bactéria KPC tem uma enzima que impede que os remédios façam efeito. Em algumas pessoas, a bactéria pode provocar males como infecção urinária, pulmonar e generalizada levando à morte.

A denúncia foi do médico infectologista e vereador Evaldo Stanislau (PT), que descobriu a situação pessoalmente após ser alertado por equipes que trabalham na UTI do PS Central. No local, constatou falta de regras de operações para lidar com a situação e de mecanismos de proteção para evitar infecções cruzadas; que remédios prescritos não foram comprados; falta de manual de rotinas para precauções e controle de infecções; da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) operacional (o que é obrigatório por intermédio da Portaria Ministerial 2.616/98); de insumos básicos; equipes completas de enfermagem; de equipamentos (estetoscópios, termômetros e outros); documentos de rotina e procedimentos padronizados para higienização de circuitos respiratórios. 

Desdobramentos

A situação gerou sindicância administrativa aberta pela Administração Municipal; abertura de inquérito policial pela delegada Daniela Perez Lázaro, do 2º Distrito Policial de Santos — sobre a possibilidade de ter ocorrido crime de homicídio causado por negligência; inquérito civil pela Promotoria de Justiça de Saúde Pública de Santos e uma audiência pública (ontem) na Câmara. Só não houve abertura de uma Comissão Especial de Inquérito (CEI) no Legislativo em função da pressão exercida pelo Executivo.

Internações na UTI são interrompidas por determinação do secretário municipal de Saúde (Foto: Matheus Tagé/DL)

30 dias

Segundo Calvo, a sindicância tem 30 dias para apresentar os resultados, que serão revelados em 17 de setembro próximo. Ela é composta por um advogado e dois médicos infectologistas e vai avaliar todos os pontos apontados por Stanislau. Calvo não descarta a possibilidade dos pacientes terem morrido por contrair a KPC.

“Os prontuários sigilosos serão analisados para ver se houve algum procedimento irregular”, disse, alertando que a comissão também vai avaliar se remédios não foram comprados. Ele, no entanto, garantiu a existência de material de higiene, de proteção e que procedimentos serão reavaliados.

O médico infectologista Marcos Caseiro, que compõe a equipe de sindicância, disse que é prematuro afirmar que há um surto de infecção pela bactéria KPC, apesar de indícios de dois pacientes com ela. “Vamos tentar descobrir se foi um achado e se a bactéria foi a responsável pelos óbitos. Temos uma denúncia, vamos analisar documentos, exames e tudo que foi feito para obter as confirmações”, disse.

Tanto Calvo, como Caseiro, acreditam ser precipitada a possibilidade de ter havido homicídio por conta de negligência. Eles alertaram que o vereador deveria ser mais prudente em suas declarações. “Como ele (Stanislau) conseguiu dispor de tanta informação para concluir a possibilidade de homicídio?”, questiona Caseiro. “Ele enviou denúncia para vários órgãos e, antes das entidades se manifestarem, já fez um julgamento”, completou Calvo, alertando a possibilidade de não haver audiência.

Novas denúncias são apresentadas em reunião

O conselheiro e membro do Conselho de Fiscalização da Saúde de Santos, Silas da Silva, disse ontem na audiência pública que o sistema não está tratando “pacientes como gente” e que vários relatórios foram encaminhados à Secretaria de Saúde sem que nada fosse providenciado.
 
Ele revelou, diante de cerca de 30 pessoas que compareceram ao encontro, incluindo oito vereadores, que chegou a presenciar água do ar-condicionado do PS Central pingando sobre os medicamentos. “Estão dando banho em pacientes com soro fisiológico. Como pode isso se não falta água na Cidade”, revelou, alertando ainda que não há separação de sexos nas enfermarias, não dando privacidade aos pacientes.

No Pronto-socorro da Zona Leste, Silva denuncia camas quebradas e sem proteção. “Os doentes têm que ser amarrados para não cair. O setor de enfermagem está infectado por cupins. A Maternidade Silvério Fontes não possui aparelho cardíaco na UTI Neonatal. O Ministério Público precisa adotar alguma medida”, afirma o conselheiro, alertando que as reformas anunciadas nas policlínicas são irreais. “Está se fazendo reparos e alardeando reformas. Não dão sequer proteção externa nos aparelhos de ar-condicionado para evitar pombos”, finaliza.

Presente ao encontro, a representante do Conselho Regional de Enfermagem (Coren), Cláudia Costa, chegou a dizer que o órgão já detectou falta de procedimentos e de profissionais em diversos equipamentos do Município. “Informamos a Vigilância Sanitária Estadual, porque a municipal não apresenta resultados satisfatórios”.

Secretário vai apresentar resultado da sindicância em 17 de setembro (Foto: Matheus Tagé/DL)

Prefeito pede ‘novo agendamento’ de audiência

A Reportagem apurou ontem que a Prefeitura enviou ofício à Câmara Municipal solicitando uma nova data para a audiência pública, mas a reunião acabou sendo realizada ontem mesmo.

No ofício nº 122/2015 encaminhado ontem à audiência, o prefeito Paulo Alexandre Barbosa (PSDB) solicita um “novo agendamento, quando a Secretaria de Saúde terá imensa satisfação de comparecer”.

Alguns vereadores atenderam ao pedido do Executivo. Roberto Oliveira Teixeira (PMDB) e Ademir Pestana (PSDB) — membros da Comissão de Saúde da Câmara —, por exemplo, não compareceram à reunião pública. Mesmo assim, o encontro foi autorizado pelo presidente Manoel Constantino dos Santos (PMDB).
 

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