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Litoral Norte

Sabesp alerta sobre lixo e ligações irregulares no Litoral Norte

Projetados para receber apenas esgoto, os sistemas da Companhia acabam sobrecarregados com grande quantidade de água de chuva e resíduos sólidos que obstruem as tubulações

Da Reportagem

Publicado em 15/04/2019 às 19:01

Atualizado em 20/05/2020 às 13:49

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Com as fortes chuvas, é constante a sobrecarga nas redes de esgotos / Divulgação/Sabesp

Todos os anos na temporada de verão as cidades do litoral norte sofrem com o grande volume de chuvas que atinge a região, causando transtornos não somente para turistas e moradores que sofrem com os alagamentos, mas para a Sabesp – Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo, cujos sistemas de esgotamento sanitário acabam afetados pelo grande volume de resíduos sólidos e águas pluviais – fruto de ligações irregulares, que chegam até suas redes coletoras, provocando inclusive obstruções.

Com as fortes chuvas, é constante a sobrecarga nas redes de esgotos, que é projetada e dimensionada para receber exclusivamente esgoto doméstico, composto por 99% de resíduos líquidos e 1% de sólido, ou seja, água de banho, de lavagem roupas e utensílios domésticos, urina e fezes.

Isso acontece porque muitos imóveis acabam conectando calhas e ralos na rede de esgotos, prática esta proibida por lei pelo decreto estadual nº 8468 – 8/09/1976, inclusive passível de multa. Dessa forma, quando chove, todo o volume de água que deveria chegar à galeria de águas pluviais, e posteriormente aos córregos e rios, vai diretamente para as tubulações da Companhia descaracterizando o efluente doméstico, ou seja, diluindo esse esgoto até então bruto (tal como sai dos imóveis), que após os temporais acaba muitas vezes extravasando nos poços de visita com aspecto/coloração semelhante à água (diferente do esgoto doméstico, caracterizado pela cor escura). Outro fator importante está relacionado às dimensões da rede de esgoto, que possui diâmetro menor (e com escoamento mais lento) se comparada à tubulação de drenagem urbana. Um grande volume de água de chuva acaba levando areia, terra e lixo para o sistema da Sabesp, provocando entupimento/vazamentos.

Outro problema de grande incidência está relacionado ao mau uso das redes, com o descarte de lixo por meio do vaso sanitários e ralos de pias. Entre os resíduos mais comuns, que vão parar diretamente nas redes coletoras estão absorventes, fraldas, cotonetes, preservativos, fio dental, remédios vencidos, fios de cabelo, bitucas de cigarros, restos de comida e até mesmo óleo vegetal - 1 litro tem a capacidade de poluir 25 mil litros de água. Para entender o transtorno, bastaria pensar na tubulação de esgoto como uma artéria do corpo humano, passível de entupimento e comprometimento do sistema de circulação pelo excesso de gordura no sangue.

A ligação de águas pluviais na rede e o seu mau uso com o descarte de resíduos sólidos, provoca consequentemente a obstrução das tubulações/artérias fazendo com que o esgoto doméstico, diluído e descaracterizado pelo excesso de água de chuva transborde pelos poços de visitas ou retorne para os imóveis pelos ralos de pias e banheiros. Uma vez que a atribuição da Sabesp é especificamente coletar e tratar esgotos domésticos, cabe ao município fiscalizar, identificar e autuar conexões clandestinas.

Conforme explica o superintendente da Sabesp no Litoral Norte, engenheiro José Bosco Fernandes de Castro. A quantidade de água de chuva, lixo e gordura na rede é absurda. "É preciso conscientização. Para se ter uma ideia, as manutenções periódicas das redes de esgotos do Litoral Norte registram uma média de 20 a 24 toneladas/mês de lixo em nossas tubulações. Estamos falando de ligações de água de chuva em nossas redes e do lixo que é descartado nos vasos sanitários e pias", destacou.

Acumulado de chuva em 2019 e as consequências para a região do LN

Anualmente, o verão é a estação de maior incidência de temporais na região do Litoral Norte, com grandes volumes de chuvas. Em 2019, a expectativa não poderia ser diferente com relação aos índices pluviométricos. As tempestades que atingiram a região nesse período castigaram as quatro cidades do Litoral Norte, e segundo informações oficiais dos municípios, somente em março o acumulado de chuva ultrapassou 600 milímetros, praticamente dobrando a média histórica, que no caso de Ubatuba era de 320 milímetros, segundo o Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC). Em Ilhabela, por exemplo, o acumulado atingiu a máxima de 740 milímetros, quase seis vezes mais que o índice registrado no mesmo período em 2018, de 129,7 milímetros.

Medidas simples fazem a diferença

Para o bom funcionamento das redes coletoras, mesmo em períodos de fortes chuvas, cada um deve fazer a sua parte, depositando todo e qualquer resíduo sólido nas lixeiras e nunca nos vasos sanitários – isso vale também para restos de comida, incluindo pó de café e até mesmo óleo de cozinha, que em contato com outros resíduos forma uma espécie de cola, danificando a tubulação.

Com relação a ligações irregulares, muitas vezes o cidadão não sabe se instalações internas de seu imóvel estão corretas, destinando água de chuva para a galeria pluvial e esgoto para as redes da Companhia. Nesse caso, basta solicitar uma inspeção junto à Central de Atendimento que funciona 24 horas pelo telefone 0800 055 0195.

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