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Cotidiano

Estudantes andam 2 km a pé até a escola em São Vicente

Região com 100 mil habitantes oferece apenas seis escolas de Ensino Médio

Publicado em 29/09/2014 às 10:42

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Alexandre sai de casa por volta das 12h15. Com a mochila nas costas, o jovem tem pela frente um percurso de quase dois quilômetros e meio para chegar à escola até as 13 horas. A pé, ele segue por ruas de terra e caminhos mal conservados. Na volta, já à noite, passa por locais com iluminação precária. Em dias de chuva, estudar é praticamente impossível.

O jovem de 16 anos mora em um conjunto residencial do Samaritá, na Área Continental de São Vicente e cursa o primeiro ano do Ensino Médio em uma escola do Parque das Bandeiras, bairro vizinho. Onde mora há apenas duas escolas de Ensino Fundamental.

“Estudo lá porque não tem escola aqui. Muitos amigos estudam no Centro porque não encontraram vaga. É bem cansativo. Em dia de chuva uma parte do caminho alaga. Se eu conseguir pegar lotação eu vou”, relata Alexandre.

O Diário do Litoral acompanhou o jovem no seu caminho até a escola. O dia estava nublado e não chovia.

Ele contou à Reportagem que não tem condições de arcar com as despesas de transporte público e mesmo que tivesse, os veículos que fazem o itinerário que o deixe próximo à escola demoram muito. Alexandre destaca que alguns colegas de sala desistiram de frequentar as aulas devido à distância.

Situação parecida vive a jovem Jussara, de 17 anos. Moradora do Jardim Rio Negro, ela também precisa ir até o Parque das Bandeiras para assistir aula. A estudante está no segundo ano do Ensino Médio. “Tentei uma vaga no Esmeraldo, mas não consegui”, conta. A escola citada por ela fica no Jardim Rio Branco, próximo à sua residência.

Ao contrário de Alexandre, Jussara, que estuda no período noturno, vai para a escola de lotação. Chegar atrasada é rotina. “Uso passe escolar. Entro às 19 horas e a condução demora”, ressalta.
Leandro, de 16 anos, mora no Jardim Irmã Dolores e também estuda no período noturno. Ele cursa o Ensino Médio em uma escola do Jardim Rio Branco. Sai de casa a pé por volta das 18 horas. O horário de entrada é às 19 horas. A volta é feita com o pai, que o busca de carro.

Alexandre caminha mais de dois quilômetros para chegar a escola (Foto: Luiz Torres/DL)

Ensino Fundamental

Blanche Froes mora no Samaritá e leva diariamente as filhas, que estão no quinto e sexto ano do Ensino Fundamental para estudarem em uma escola do Parque das Bandeiras. O motivo, segundo ela, é que nas escolas do bairro onde reside o horário das aulas foi reduzido para períodos de quatro horas e as salas estão lotadas.

“Construíram os conjuntos, mas esqueceram das escolas. O que eles fizeram foi adequar as salas existentes para atender a demanda. Tem gente que sai daqui para estudar no Rio Branco ou no Centro”, desabafa a moradora. O residencial onde mora possui 500 apartamentos e cerca de quatro mil moradores.

De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Estatística e Geografia (IBGE), a população do Samaritá passou de 1.472 pessoas para 4.685 em 2010. O conjunto onde Blanche mora foi inaugurado em 2012.

Os dados do Censo de 2010 indicam que a população da Área Continental de São Vicente é de mais de 96 mil habitantes. Atualmente, ultrapassa os 100 mil. No entanto, a região conta apenas com seis escolas de Ensino Médio: duas no Parque das Bandeiras, duas no Humaitá, uma na Gleba II, e outra no Jardim Rio Branco.

Atende a demanda

Procurada, a Diretoria Regional de Ensino de São Vicente, por meio da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo, informou que a Área Continental de São Vicente conta com sete escolas estaduais que atendem toda a demanda local para a educação básica, onde estão matriculados 8.069 estudantes do Ensino Fundamental, Ensino Médio e também da Educação de Jovens e Adultos.

A nota diz ainda que “todos os estudantes que necessitam e solicitaram o transporte escolar são atendidos com o serviço”, e que Diretoria de Ensino se mantém à disposição dos estudantes e familiares.

A Prefeitura de São Vicente informou que o Município disponibiliza transporte para alunos com necessidades especiais e para quem mora em áreas de difícil acesso. Quando o estudante mora muito longe, o setor de Demanda Escolar faz esforços para matricula-lo em uma unidade que seja mais próxima da residência dele.

Ainda de acordo com a Administração Municipal, a Secretaria de Educação mantém 42 unidades, entre creches e escolas de ensino Infantil e Fundamental.


Segundo moradores, obra está abandonada há cerca de dois anos (Foto: Luiz Torres/DL)

Obra de creche está abandonada no Samaritá

Enquanto jovens têm que andar quilômetros para se locomover até a escola, a obra de uma creche segue abandonada no Samaritá. De acordo com informações dos moradores, os serviços estão paralisados há cerca de dois anos. No local não há placas indicando o que está sendo construído, e nem mesmo o executor dos trabalhos.

O Diário do Litoral entrou em contato com a Prefeitura de São Vicente, e a mesma, por meio de nota, confirmou que no local está sendo construída uma creche e que a obra é realizada com recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), do Governo Federal. A Administração Municipal informou que os trabalhos foram ‘momentaneamente paralisados por causa de atraso no repasse da verba’.

A Reportagem entrou em contato com o FNDE, órgão ligado ao Ministério da Educação, e o mesmo informou que consta no sistema de liberações disponível na internet, os repasses feitos à Prefeitura de São Vicente em relação à construção de creches em 2014.

Segundo informações do portal, de janeiro até agora teriam sido repassados R$ 1.398.665,44. A última ordem de pagamento foi expedida no dia 29 de agosto, no valor de R$ 68 mil, depositados em uma conta do Banco do Brasil.

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