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José Renato Nalini

Evolução ou involução?

O otimismo acredita na perfectibilidade humana. A vocação da criatura racional seria tornar-se a cada dia um pouco melhor. Esse roteiro ainda reside na consciência das mães – principalmente elas – quando se encarregam do “currículo oculto”. O ensino daquelas palavras mágicas, hoje ausentes em inúmeras rodas: por favor, com licença, muito obrigado, perdão. 

Assistir ao comportamento generalizado de boa parte da população é desmentir essa crença. Não parece que a sociedade tenha evoluído, mas parece estar em acelerada involução. Mas não é por falta de material posto à disposição de quem queira se aprimorar.

Não é preciso recorrer a obras recentes, que são desprezadas quando catalogadas como de “auto ajuda”. Nem a modismos psicanalíticos, psicoterápicos ou de todas as tonalidades terapêuticas. Há obras muito antigas, que infelizmente caíram no oblívio e seria interessante encontrassem leitores. Pois são atemporais. Continuam atuais, embora escritas séculos antes da era Cristã. 

Pense-se, por exemplo, em “Ciropédia”, escrita por Xenofonte em 360 antes de Cristo. É obra emblemática da Paideia, a instrução que a civilização helênica oferecia à juventude da época. 

Embora o contexto em que escrita fosse recordar o sucesso de Ciro, fundador do Império Persa, o livro foi escrito cento e cinquenta anos depois da morte do personagem. Mas é um manual de observância de regras comportamentais garantidoras de uma existência saudável. 
O ideal para qualquer pessoa é cultivar a moderação, o autocontrole e a generosidade. Além disso, controlar a fome, a sede e os demais apetites, inclusive os sensuais. Uma recomendação instigante era o exercício da gratidão. A ingratidão conduz à imprudência, caminho que faz com que os homens perpetrem práticas indecorosas. O ingrato é um ser que abre as portas para acesso de todos os demais vícios. 

Atribui-se a Ciro admoestar seus comandados a respeito da abstenção a um prazer, para que a recompensa fosse decuplicada em seguida. O autocontrole é uma qualidade que denuncia excelente caráter. Assim como a misericórdia. Em lugar de abater o inimigo vencido, a clemência pode fazer dele um leal parceiro e aliado. A vitória há de ser comemorada com moderação. É próprio dos selvagens alegrarem-se quando infligem humilhante derrota aos adversários.

Quase quatro séculos antes de nossa era, os persas condenavam o deslumbramento. Algo que na segunda década do segundo milênio ainda parece acometer os que empolgam o poder e não conseguem se controlar. 

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