X

José Renato Nalini

Como acabar com a estupidez?

Foto:Pixabay

Quando se vê o descaso da humanidade pelo aquecimento global, cuja causa é a crescente emissão de gases venenosos, duvida-se que exista racionalidade nessa espécie. Quando se assiste a espetáculos dantescos na Ucrânia e na Faixa de Gaza, reforça-se a convicção de que o bicho-homem é um animal estúpido. E não é preciso muito para verificar que a estupidez permite que pessoas habitem nas vias públicas, entreguem-se à droga e à mendicância, enquanto malfeitores se valem da miséria para enriquecer.

            O calor que mata, os focos de incêndio no Pantanal, os rios secos na Amazônia e o Parlamento a discutir mais dinheiro para fazer propaganda política e a exigir cargos e emendas para aprovar projetos de interesse da população, conduz – tudo isso – à conclusão de que o projeto humano é um verdadeiro fracasso.

            Os seres privilegiados com o pensamento atilado, com o privilégio de enxergarem o que a manada ignora, sofrem com isso. Mas fazem o que podem, para alertar os que queiram ouvir, de que é preciso converter cada indivíduo, para que haja salvação para todos.

            No livro “Montevidéu”, o escritor espanhol Enrique Vila-Matas faz uma ficção que nos arremessa para a realidade. É uma obra escrita após o transplante de rim, cirurgia gravíssima e plena de riscos, mas que, bem sucedida, permitiu a ele renascer para uma ficção quase real.

            Sua maior angústia em nossos dias é a estupidez: “Passou um século e o panorama mundial da imbecilidade se ampliou, o que embora continue sendo risível e nos dê material para o humor, é muito alarmante. Claro que, no fundo, catástrofes de tal magnitude já foram previstas por Flaubert, quando ele disse que havia um só mal que nos afligia: a estupidez”.

            Sim. Enquanto a inteligência, a generosidade, a retidão, constituem atributos raros, a imbecilidade é distribuída com fartura. “É uma estupidez temível e universal. Por exemplo, quando se fala no embrutecimento das massas, falamos em termos injustos e incompletos, já que na realidade seria necessário ilustrar as classes ilustradas, começando pelas que estão no poder para nos entendermos. É a mais inculta que já existiu. Deveríamos começar pela elite, educar a ignorante classe política. E quem será corajoso para tentar?”.

            Para início de conversa, o que é elite? Os que mandam podem ser hoje considerados uma elite? Ou parece que o próprio significado de “elite” precisaria ser revisto?

VEJA TAMBÉM

ÚLTIMAS

Praia Grande

Circuito Sesc de Artes acontecerá este mês em Praia Grande

Atividades de diferentes linguagens culturais ocorrerão gratuitamente

Bertioga

Na faixa! Sebrae Aqui Bertioga abre inscrições para vários cursos

As quatro formações serão em endereços diferentes

©2024 Diário do Litoral. Todos os Direitos Reservados.

Software

Newsletter