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Artigo - Realidade superando a ficção

A realidade supera a ficção, mas nem sempre  na edificação de um convívio fraterno e solidário, num planeta a cada momento mais maltratado

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Publicado em 30/11/2020 às 08:10

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José Renato Nalini, presidente da Academia Paulista de Letras / DIVULGAÇÃO

Por José Renato Nalini

A ficção científica sempre atraiu as mentes mais imaginativas que surgiram nesta espécie teimosa. O homem sonhou com a conquista do espaço, com a exploração das profundezas oceânicas, idealizou maquinário que lhe daria asas e, aos poucos, tudo isso foi acontecendo.

Todavia, persiste aquela indagação incômoda: tudo o que a ciência consegue realizar é algo justo, moralmente inatacável?

Os ficcionistas mais sensíveis se preocuparam com isso. Um deles, talvez o mais famoso, é Isaac Asimov que, em 1942, elaborou as três leis da robótica. Elas constam de um conto inserto no livro “Eu Robô”. A Inteligência Artificial era intuída por Asimov, mas foi em 1950 que Alan Turing publicou o livro “Computadores e Inteligência”, dando maior consistência à ideia. Cinco anos depois, surgiu o conceito de “Inteligência Artificial”, com os pesquisadores John Mc Carthy, Marvin Minsku, Nathaniel Rochester e Claudio Shannon, na Faculdade Dartmouth, Estados Unidos. A ideia era fazer com que máquinas falassem, conceituassem e conseguissem fazer abstrações. Deflagrou-se a concepção de que, se esse estágio fosse alcançado, as máquinas conseguiriam até se auto aprimorar.

As três leis da robótica de Isaac Asimov são: 1. Um robô não pode ferir um ser humano ou, por omissão, permitir que um ser humano sofra algum mal; 2. Um robô deve obedecer as ordens que lhe sejam dadas por seres humanos, exceto nos casos em que tais ordens contrariem a Primeira lei; 3. Um robô deve proteger sua própria existência, desde que tal proteção não entre em conflito com a Primeira e a Segunda Leis. 

Esse ponto de partida serviu para que outros ficcionistas criassem novas leis. O próprio Asimov formulou a Lei Zero: “um robô não pode causar mal à humanidade ou, por inação, permitir que a humanidade cause mal a si mesma”.

A Lei Zero é uma advertência oportuna e atualíssima. A humanidade não leva a sério a destruição da natureza e responderá por isso. Já está a responder. A ameaça climática já é uma concreta e nefasta reação do planeta à inclemência humana. 

Isso não impediu que mentes criativas viessem a criar uma Quarta Lei: “Um robô deve explicitar sua identidade como robô em todas as ocasiões. E, depois, uma Quinta Lei: “Um robô deve saber que é um robô”. 

Somos sábios para formular leis para os robôs. Mas as leis para os humanos, são observadas? A realidade supera a ficção, mas nem sempre  no sentido de aprimoramento do convívio e na edificação de um convívio fraterno e solidário, num planeta a cada momento mais maltratado. 

José Renato Nalini, presidente da Academia Paulista de Letras

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