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Preparo e equilíbrio foram fundamentais no resgate, diz especialista

A espeleóloga Adriana Batista de Castro disse que foi o resgate mais complexo da história recente

Agência Brasil

Publicado em 10/07/2018 às 19:50

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O resgate dos 12 garotos e do técnico na Tailândia foi bem-sucedido / Associated Press

O resgate bem-sucedido dos 12 garotos e do técnico na Tailândia, após duas semanas de confinamento numa caverna, foi comemorado hoje (10) pela Sociedade Brasileira de Espeleologia. A espeleóloga Adriana Batista de Castro disse à Agência Brasil que foi o resgate mais complexo da história recente. Para ela, o resultado positivo se deve ao preparo profissional dos resgatistas e ao equilíbrio psicológico e emocional ao longo da operação.

“Pelo que vi nos croquis, os dutos eram muito apertados, era quase impossível passar com os cilindros. Os mergulhadores jogavam os cilindros na frente, depois seguiam. Além de tudo havia o fluxo da água”, afirmou Adriana, especialista em mergulho em cavernas.
 
A espeleóloga disse que mergulhar em uma caverna denominada “ambiente com teto” sem treinamento ou preparo é uma arriscada operação que envolve vários fatores. Habilitada por agências internacionais, Adriana Castro lembrou que os mergulhadores que acompanharam a operação na Tailândia tiveram assistência dessas entidades durante todo o processo de resgate.

“É muito difícil nessas condições. Pensar em algo assim, sem treinamento formal, está fora de cogitação porque certamente a sorte não estará ao seu lado”, afirmou. “[No caso da Tailândia], a visisibilidade era baixa e a água turva. É preciso muito treinamento e anos de experiência.”

Turismo

Levantamento da Sociedade Brasileira de Espeleologia mostra que há 7.514 cavernas registradas no país. Elas são classificadas por tamanho e profundidade. As principais estão em Minas Gerais, São Paulo, no Pará, na Bahia e em Goiás. O espeleólogo Marcelo Rasteiro, especialista em turismo em cavernas, alerta que o correto é visitar locais que estejam em unidades de preservação ambiental.

“As cavernas que estão em unidades de preservação ambiental já foram estudadas, passaram por avaliações de segurança física, capacidade de carga e vetores de doença, por exemplo”, recomendou. “As cavernas são lindas e vale muito a pena. Mas é preciso ter um acompanhamento adequado de pessoas habilitadas para evitar surpresas desagradáveis.”

Marcelo Rasteiro disse que o episódio envolvendo o time de futebol na Tailândia não deve assustar quem tem curiosidade e vontade de fazer ecoturismo. “Há muitas cavernas públicas no Brasil. É um dos passeios mais bonitos que existem. Mas não se deve aventurar. É preciso tormar os cuidados.”

Acompanhando atentamente a operação na Tailândia, o espeleólogo comemorou. “Foi um esforço de resgate incrível e monumental. Seguimos a cada ação”, afirmou.

Doenças

As cavernas não exploradas tecnicamente por vezes podem provocar problemas de saúde, adverte Marcelo Rasteiro. Segundo ele, as cavernas que estão em unidades de preservação e têm planos de manejo não oferecem esses riscos. Há situações em que os visitantes são orientados ao uso de equipamentos, como máscaras, luvas e botas.

No caso da Tailândia, um dos riscos é de hipotermia, que ocorre quando há longa permanência em ambientes inundados ou com baixas temperaturas. O corpo fica com menos de 26 graus e, com o cansaço, pode levar a choque circulatório, inconsciência e até morte. O aquecimento com cobertores ou banhos quentes e o uso de bebidas quentes é a forma mais eficiente de tratamento para hipotermia.

Outra ameaça em cavernas não estudadas é o risco de quedas devido ao relevo e às galerias, além de envenenamento, pois nas proximidades e no interior de algumas é possível encontrar cobras, escorpiões e aranhas.

Há registros ainda de casos de hidrofobia (raiva), transmitida por morcegos, pois no contato acidental com unhas e dentes, existe o risco de contaminação. A histoplasmose, que ocorre por meio da inalação dos esporos do fungo Histoplasma capsulatum, presente nas fezes de aves e morcegos, é outro risco.

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