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Cultura

Estudo de Cena se apresenta na Praça dos Andradas e no emissário em Santos

Com essas apresentações o grupo inicia seu novo projeto chamado 'Teatro e Memória'

Da Reportagem

Publicado em 12/06/2018 às 19:43

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Nos próximos dias, a Companhia Estudo de Cena chega ao litoral para apresentar dois espetáculos diferentes na cidade de Santos. No dia 15 de junho, às 19h, o grupo apresenta o espetáculo Guerras Desconhecidas na Praça dos Andradas. E no dia 16 de junho, é a vez de apresentar o espetáculo A Farsa da Justiça, no Parque Roberto Mário Santini, que fica no Posto 1.

Com essas apresentações o grupo inicia seu novo projeto chamado "Teatro e Memória", que convida a população das cidades por onde vai passar, para uma viagem no tempo, relembrando conflitos sociais e guerras brasileiras que não aparecem na história oficial de nosso país.

"Nosso teatro narra histórias de revoltas populares que não são lembradas pela história oficial do país, mas que pertencem ao imaginário coletivo de parte do povo brasileiro e retratam a diversidade de nossa cultura. Nesse contexto, esse projeto é um convite à memória social, para que através dela possamos refletir sobre o nosso presente." – complementa Diogo Noventa, diretor e dramaturgo da Companhia.

A temporada de circulação do projeto "Teatro e Memória" da Companhia Estudo de Cena será realizada de Junho à Agosto, com apresentações confirmadas nas cidades de Santos, Pindamonhangaba, Guararema, Cajati, Presidente Prudente, São Paulo e ABC Paulista. Os espetáculos apresentados serão Guerras Desconhecidas e A Farsa da Justiça.

O espetáculo Guerras Desconhecidas é apresentando em uma "Barraca de Cena", um teatro mambembe realizado em uma estrutura de ferro e lona, com cerca de trinta e seis metros quadrados. Com essa barraca, o grupo já se apresentou em lugares emblemáticos para a criação do espetáculo. Em uma temporada especial pelo sertão, o grupo visitou feiras, praças e universidades das cidades de Juazeiro, Canudos, Uauá e Euclides da Cunha, na Bahia e Alagoa Grande, Itabaiana e João Pessoa, na Paraíba. Além de ter realizado vinte apresentações experimentais em dez feiras livres diferentes da cidade de São Paulo.

As cenas realizadas remetem o público a três guerras brasileiras que não aparecem na história oficial do país: a Guerra do Pau de Colher, a Guerra de São Bonifácio e a Guerra do Quintino Gatilheiro. A fonte de pesquisa dessas histórias foi o caderno "Guerras desconhecidas do Brasil" escrito pelo jornalista Leonencio Nossa e publicado pelo jornal O Estado de S. Paulo em dezembro de 2010.

Guerras Desconhecidas faz alusão também a escritos dos palestinos Edward Said e Mahamud Darwich, do peruano Aníbal Quijano e do poeta da Martinica, Aimé Césaire. Composto por diferentes recursos, o espetáculo é referenciado em jogos, brincadeiras populares e pantomimas.

Criado em 2013, Guerras Desconhecidas, é um espetáculo de variedades que estreou em 2014. Tem como tema central conflitos sociais da história do Brasil, essas demonstrações coletivas de luta por uma vida digna e por respeito à diversidade cultural brasileira. Com ele, o grupo recebeu o Prêmio Cooperativa Paulista de Teatro na categoria de "Grupo Revelação do Estado de São Paulo".

O segundo espetáculo a ser apresentado nesta temporada de circulação é A Farsa da Justiça, que narra o julgamento fictício de um sobrevivente real do Massacre de Eldorado dos Carajás, Inácio Pereira, que se fingiu de morto para salvar a vida. O fato que ficou mundialmente conhecido como O Massacre de Eldorado dos Carajás, ocorreu em 1996 na estrada PA-150, no sul do estado do Pará.

No dia 17 de abril daquele ano um grupo de trabalhadores sem terra interditou a estrada em ato pela reforma agrária. A polícia militar agiu com extrema violência, matando oficialmente 19 trabalhadores e deixando 71 feridos. Entre os feridos estava Inácio Pereira, que se fez de morto, foi jogado no caminhão dos corpos e se revelou vivo apenas quando chegou ao Hospital de Eldorado dos Carajás. Posteriormente 02 feridos faleceram, totalizando 21 mortos. O dia 17 de abril se tornou a data mundial da luta pela terra.

No ano de 2005, a peça A farsa da Justiça Burguesa foi criada pela Brigada Nacional de Teatro do MST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra) sob a coordenação de Augusto Boal, para ser apresentada na Marcha Nacional pela Reforma Agrária de 2005. Durante o evento, a apresentação do espetáculo aconteceu em meio a forte repressão policial, que tentou dispersar as pessoas com uso da Cavalaria, helicópteros e a Tropa de Choque. Por conta de sua estrutura, a peça não foi mais retomada pelo MST.

Em 2012, a Companhia Estudo de Cena retomou e adaptou a peça rebatizando-a de A farsa da justiça, com o objetivo de apresenta-la nas ruas e espaços de reflexão crítica. O grupo montou então o espetáculo de rua A farsa da justiça, uma adaptação do texto criado pela Brigada Nacional de Teatro do MST – Movimento dos Trabalhadores Sem Terra, com coordenação dramatúrgica de Sérgio de Carvalho.

A Estudo de Cena, grupo de teatro e vídeo, trabalha em processos artísticos que são definidos por temas que contribuem com o debate sobre as condições atuais da vida. Unindo experimento de linguagem e temas críticos o grupo atua em parceria com movimentos sociais no sentido de fortalecer a resistência popular do campo e da cidade, e expandir a pesquisa da arte contra-hegemônica.

Com esta Temporada de Circulação o grupo convida toda a população para participar desse momento de troca e de valorização à memória, e à cultura brasileira. As ações fazem parte do projeto Teatro e Memória, contemplado pelo edital 09/2017 do PROAC Circulação de espetáculo de Artes Cênicas para Rua no Estado de São Paulo.

Se você mora no Litoral, aproveite para assistir as apresentações e conhecer o trabalho do grupo. Mais informações em: www.facebook.com/Companhia-Estudo-de-Cena.

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