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Cultura

Espetáculo coloca dramaturgia japonesa em cena na Baixada

Peça ‘Nós, os outros ilesos’ mescla teatro, dança e performance em adaptação da obra de Toshiki Okada

Da Reportagem

Publicado em 11/08/2017 às 19:00

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Primeira montagem de um texto de Toshiki Okada (1973) no Brasil será apresentada no Teatro do Kaos, em Cubatão, hoje e no Estúdio Tescom, em Santos, no domingo / Divulgação

Nós, os outros ilesos é a primeira montagem de um texto de Toshiki Okada (1973) no Brasil. O autor é dramaturgo e escritor, diretor do grupo Chelfitsch, um dos mais importantes do Japão. A primeira tradução para o português de uma de suas peças foi realizada por Rita Kohl e dirigida por Carolina Mendonça. Em cena, os atores Fernanda Raquel, Lúcia Bronstein, Rodrigo Andreolli e Rodrigo Bolzan se revezam entre personagens e narradores, borrando esses papéis todo o tempo. A montagem fará apresentações no Teatro do Kaos, em Cubatão, hoje e no ­Estúdio Tescom, em ­Santos, no próximo domingo (13).

A peça ‘Nós, os outros ilesos’ dá continuidade à pesquisa de Carolina Mendonça, que atua entre o teatro, a dança e a performance. O último trabalho da diretora, ‘Tragédia, uma tragédia’, que estreou no SESC Pompéia em 2014, circulou pelo Rio de Janeiro, Brasília, Curitiba e interior de São Paulo, tendo recebido inúmeras críticas.

A equipe que se uniu para a criação de ‘Nós, os outros ilesos’ tem parceria antiga. O criador de som Miguel Caldas tem colaborado com Carolina desde 2011 e o artista visual Theo Craveiro também participou de ‘Tragédia, uma tragédia’. Assim como os atores Rodrigo Andreolli e o premiado Rodrigo Bolzan, ganhador do Shell em 2012, que vem colaborando com a Cia. Brasileira já há alguns anos. Juntam-se a eles agora Fernanda Raquel e Lúcia Bronstein, que já realizou trabalhos de destaque no cinema e na televisão.

A obra de Toshiki Okada, marcada às vezes por uma linguagem extremamente coloquial e outras por um estranhamento da norma gramatical, nos dá a oportunidade de conhecer um pouco da dramaturgia contemporânea japonesa, tão rara em nossos palcos. A peça foi escrita em 2010, logo após as eleições que mudaram o rumo político no Japão, colocando em cena questionamentos acerca da felicidade e seus modelos, além da dificuldade de abertura ao outro, diferentes de nós – outras pessoas, outras culturas, outros modos de existência. Um certo lugar, um certo homem. Nada é muito preciso, para que a única certeza seja a impossibilidade de uma única perspectiva.

‘Nós, os outros ilesos’ retrata as apreensões da classe média, às vésperas de uma importante eleição, ao retratar um casal, que está prestes a se mudar para um apartamento em um arranha-céu recém-construído. A história é muito simples, porém mais importante que a trama é a maneira como ela é entremeada por pensamentos e dúvidas acerca dos modelos de vida que geralmente se impõem. Um marido, uma esposa, uma amiga, um homem desconhecido e outro ferido. Personagens sem muito contorno, que fazem emergir questões fundamentais em nossos dias, como o imperativo da ideia de felicidade, o medo diante do desconhecido, a precariedade das relações sociais e a ansiedade em relação ao futuro.

As ações são mais descritas que realizadas, nos forçando, de uma maneira um pouco nonsense, a nos colocarmos no lugar do outro. Essa abordagem convoca a uma proximidade com o público que se traduz também espacialmente. ‘Nós, os outros ilesos’ propõe uma experiência de imersão em um ambiente no qual todos estamos juntos, nos fazendo questionar sobre quem somos nós e quem são os outros.

O projeto de montagem da peça surgiu da pesquisa de Fernanda Raquel, que vem estudando as artes cênicas japonesas desde 2006. O espetáculo, contemplado pelo Proac 01/2016, inaugura o teatro de Toshiki Okada em palcos ­brasileiros.

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