06 de Maio de 2024 • 16:35
Saúde
A declaração de Bolsonaro foi dada horas depois de a CPI da Covid no Senado aprovar a quebra de sigilo telefônico e telemático dos ex-ministros Eduardo Pazuello (Saúde) e Ernesto Araújo (Relações Exteriores) e de integrantes do chamado "gabinete paralelo"
Marcelo Camargo/Agência Brasil
Após anunciar que o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, estava preparando um "parecer visando desobrigar" o uso de máscara por pessoas imunizadas contra a Covid ou que já haviam sido infectadas pelo coronavírus, o presidente Jair Bolsonaro disse nesta sexta-feira (11) que caberá a seu auxiliar, a prefeitos e a governadores dar a palavra final sobre o assunto.
"Ontem [quinta-feira (10)] pedi para o ministro da Saúde fazer um estudo sobre máscara. Quem já foi infectado e quem tomou a vacina não precisa usar máscara. Mas quem vai decidir é ele, vai dar um parecer.
Se bem que quem decide na ponta da linha é governador e prefeito. Eu não apito nada, né? Segundo o Supremo, quem manda são eles. Mas nada como você estar em paz com a sua consciência", disse Bolsonaro a jornalistas na entrada do Palácio da Alvorada antes de embarcar para uma agenda no Espírito Santo.
Ao discursar em uma cerimônia de anúncios de medidas para o setor do turismo na tarde de quinta-feira, Bolsonaro disse que havia solicitado a Queiroga um parecer para desobrigar o uso do equipamento de proteção.
A declaração de Bolsonaro foi dada horas depois de a CPI da Covid no Senado aprovar a quebra de sigilo telefônico e telemático dos ex-ministros Eduardo Pazuello (Saúde) e Ernesto Araújo (Relações Exteriores) e de integrantes do chamado "gabinete paralelo", estrutura de aconselhamento do presidente para temas ligados à pandemia e com defesa de teses negacionistas.
Em uma fala que não estava prevista no roteiro original do evento no Palácio do Planalto, ele anunciou que daria uma notícia aos jornalistas que acompanhavam o ato. "Olha a matéria para a imprensa amanhã, vou dar matéria para vocês aqui. Acabei de conversar com um tal de Queiroga, não sei se vocês sabem quem é.
Nosso ministro da Saúde. Ele vai ultimar um parecer visando a desobrigar o uso de máscara por parte daqueles que estejam vacinados ou que já foram contaminados para tirar este símbolo que, obviamente, tem a sua utilidade para quem está infectado", afirmou o presidente mostrando a máscara que usava ao chegar à cerimônia, mas que tirou para discursar.
Logo após esta declaração, especialistas começaram a criticar a intenção de abolir o uso de máscaras.
O baixo número de pessoas completamente vacinadas contra a Covid-19 (cerca de 11% da população) e a alta taxa de transmissão do vírus, com a média móvel de novos casos da doença acima de 50 mil por dia, não permitem que a população deixe de usar as máscaras neste momento -incluindo os que já receberam algum imunizante ou já foram infectados pelo Sars-CoV-2.
Queiroga também foi instado a se manifestar sobre o assunto. O ministro da Saúde disse no início da noite de quinta que o país precisava avançar na vacinação para a medida. "Queremos que [o não uso da máscara] seja o mais rápido possível, mas para isso precisamos vacinar a população brasileira e avançar", disse ele em entrevista na saída do ministério.
Pouco depois, porém, o Ministério da Saúde divulgou um vídeo em que Queiroga confirma que fará um estudo sobre o tema e atribui o pedido do presidente a medidas adotadas em outros países.
Queiroga voltou a dizer nesta sexta-feira (11) que o governo federal realizará estudos para flexibilizar o uso de máscaras por vacinados contra a Covid-19 e recuperados da doença. Ele participou da entrega de leitos Covid-19 ao Hospital Municipal Guarapiranga, na zona sul da capital paulista.
"Eu já comentei a respeito das máscaras. Todos já sabem as nossas posições. O nosso presidente da República solicitou que fizéssemos estudos. O presidente tem acompanhado o ritmo da velocidade da vacinação no Brasil, no mundo, em países que alcançaram a cobertura ampla, e já assistimos à flexibilização do uso de máscaras", disse à imprensa no final do evento.
Questionado sobre se é o caso do Brasil, Queiroga disse: "Será o caso do Brasil, e estamos estudando para ter posições sólidas e nos anteciparmos em relação a todas as medidas que devem ser colocadas no enfrentamento à pandemia".
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