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Sindical e Previdência

“Petrobras não reconhece tecnólogo como profissional qualificado”

Coordenador geral do Sindipetro-LP, Ademir Gomes Parrela, alerta para venda de ilusão de mercado de trabalho a estudantes de curso superior de petróleo e gás

Publicado em 28/01/2013 às 22:03

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Em entrevista ao Diário do Litoral, o coordenador geral do Sindicato dos Petroleiros do Litoral Paulista (Sindipetro-LP), Ademir Gomes Parrela, apresentou a política dessa nova gestão do sindicato e ressaltou a necessidade de se repensar o mercado de trabalho para absorver os futuros tecnólogos em petróleo e gás.

Ademir Parrela comandará o sindicato nos próximos três anos juntamente com mais 29 diretores, sendo seis conselheiros. A gestão da nova diretoria vai de 1? de junho de 2009 a 31 de maio de 2012.

O Sindipetro-LP compõe a Frente Nacional dos Petroleiros (FNP) e representa 2.107 ativos e 2.300 aposentados e pensionistas em todo o litoral paulista, totalizando 4.407 pessoas.

DL – Quais são as propostas da nova diretoria para a gestão do Sindipetro-LP nos próximos três anos?
Ademir Parrela
– A proposta dessa diretoria é lutar pela nossa categoria e por uma sociedade mais digna. Nós queremos também mostrar para o trabalhador que nós não fugimos de uma boa conversa. Essa diretoria veio para resolver o problema da categoria: problema financeiro, social e de comunicação da empresa com os trabalhadores. E, não abrimos mão, também, de representar os terceirizados. Os terceirizados hoje são uma força muito grande dentro da Petrobras. Hoje nós temos, aproximadamente 65 mil trabalhadores diretos do Sistema Petrobras, e mais de 240 mil trabalhadores indiretos ligados à Petrobrás. Nós nos sentimos na obrigação e na responsabilidade de representar também os tercerizados. Lógico que eles têm seus sindicatos, mas nós entendemos que ‘entrou’ para dentro do portão da Petrobras, é nosso trabalhador, é petroleiro.

Qual a sua avaliação do futuro do mercado de trabalho com os investimentos na Bacia de Santos e exploração na unidade de gás no litoral norte. Estima-se a abertura de seis mil empregos diretos na Petrobras ao longo da próxima década?
Parrela
– A gente se preocupa porque a gente não pode vender ilusão para a população em geral. Nós temos aí a base operacional em Caraguatatuba, onde nós vamos ter uma planta de gás, onde nós vamos ter o recebimento desse gás que vem das plataformas. E a base administrativa é em Santos – temos um prédio na Rua Dom Pedro II, um na Avenida Conselheiro Nébias e tem um projeto de três torres no Valongo, cada torre com 22 andares, onde será instalado todo o setor administrativo. A nossa preocupação é o emprego. Nós queremos mais é que gere emprego, que venham os investimentos, mas temos que investir na formação do trabalhador da região, principalmente os das nove cidades da Região Metropolitana da Baixada Santista.

DL – Então, na sua opinião, caso a mão-de-obra local não seja qualificada há um grande risco dessas vagas serem ocupadas por profissionais de ‘fora’?
Parrela – Nós somos uma categoria nacional, defendemos mão-de-obra de qualquer lugar, mas os sindicatos também têm a obrigação social de defender os trabalhadores da região. Essas nove cidades da Região têm que começar a se preparar para oferecer formação para essa mão-de-obra, principalmente aos jovens futuros trabalhadores e dos próprios trabalhadores. Em três ou quatro anos vai ter oportunidade de emprego? Vai, mas tem que se preparar, e nós não temos essa juventude preparada na Região.

DL – Você fala em qualificação profissional de nível superior e técnico?
Parrela
– Qualificação em nível médio e superior. Uma das nossas principais preocupações são com os jovens dos cursos de tecnólogos, tanto em colégios quanto em universidades. Tem muito aventureiro aí anunciando curso de petróleo e gás, e, muitas vezes não é reconhecido pelo MEC (Ministério da Educação). Hoje nós temos quase dez mil pessoas na Região estudando petróleo e gás seja no nível técnico ou superior (tecnólogo). Temos cinco universidades oferecendo cursos de petróleo e gás.

DL – Os cursos da Região estão formando tecnólogos em petróleo e gás, mas há uma preocupação com a não absorção desse profissional pelo mercado, por que?
Parrela
– O curso de tecnólogo não é nem de nível técnico, nem nível superior. Está no meio termo e precisa prestar vestibular, mas o estudante desse curso está na ilusão que fazendo esse curso de nível superior de dois anos, ele vai trabalhar na Petrobrás, e não vai, porque a Petrobras, não reconhece o tecnólogo. Um dos motivos pelo qual a Petrobras não reconhece, e a Frente Nacional dos Petroleiros está tentando negociar com a empresa, é que o tecnólogo não se encaixa no Plano de Cargos e Carreiras (PCAC) da Petrobras, e para reconhecer o técnólogo, a Petrobras vai ter que mexer no PCAC. Estão vendendo a ideia de que 20 mil empregos serão gerados, seis mil diretos e 14 mil terceirizados, e esses estudantes acreditam que podem entrar nessas vagas de terceirizados e não vão. O sonho do jovem é trabalhar na Petrobras e do jeito que está ele não vai ter condições de trabalhar na Petrobras. Muita gente está investindo e os cursos não estão baratos, mensalidade média de R$ 500.

DL – Você alerta para que todos, políticos, donos de universidades e cursos técnicos se unam para discutir a reserva de mercado para o tecnólogo. Na sua opinião, todos estão preocupados com a formação e não com o mercado de trabalho?
Parrela
– A gente tem que parar de chamar para reunião para discutir pré-sal e investimentos. Vem o prefeito, vem o gerente representando a Petrobras, alguns políticos, o Lula fazendo propaganda do pré-sal. Estamos cansados disso. Nós queremos que os técnicos envolvidos nessa situação se reúnam e discutam. Esses técnicos são os donos de escolas e universidades. Eles estão preocupados em formar mão-de-obra, mas eles estão preocupados em encaixar essa mão-de-obra no mercado de trabalho. Eles têm que demonstrar isso pra gente e não estão demonstrando.

DL – O Sindipetro-LP está aberto a discussão de reserva de mercado com as instituições de ensino?
Parrela
– O sindicato está aberto à discussão. Vamos montar um grupo de trabalho com empresários de ensino, outros sindicatos. Vamos nos unir para discutir esse assunto e procurar ajudar as pessoas que precisam. O pré-sal vai trazer um investimento muito grande para a Região e vai ganhar com isso o portuário, petroleiro, metalúrgico, bancário, construção civil, todos vão sair ganhando. Inclusive para que esse grupo de trabalho discuta junto com o poder público e empresários a criação de uma escola de preparação de mão-de-obra para quem realmente precisa.

DL – Um novo quadro de mercado de trabalho se apresentará em poucos anos, então agora é a hora de começar a construir esse mercado?
Parrela
– Estamos abertos a essa discussão e preocupados com a existência de emprego para essa juventude que está se formando nas universidades.

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