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Santos

Cachorro na praia: vai ter ou não?

Avança na Câmara de Santos proposta que permite cães na praia

Natalia Cuqui

Publicado em 16/01/2021 às 08:00

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Os passeios na praia só seriam permitidos em horários específicos / Nair Bueno/Diário do Litoral

O Projeto de Lei Complementar nº 29/2019, que permite cachorros nas praias de Santos, deu um passo à frente. A Câmara Municipal aprovou a proposta em primeira discussão, em dezembro de 2020, com 14 votos a favor e dois contra. Por enquanto, é preciso aguardar a próxima votação, ainda sem data para acontecer.
 
O projeto ainda pode sofrer alterações antes da segunda e última votação. Só então vai para veto ou sanção da Prefeitura.
 
O autor da proposta, o vereador Adilson Junior (PP), explica como funcionaria a lei: “os cães poderão circular na faixa de areia e no mar, durante o período das 17h até à meia noite, e de meia noite até às 8h. Para isso, eles precisam estar identificados com coleira ou plaqueta, vermifugados e vacinados. Além disso, os tutores precisam estar acompanhados o tempo todo e os cachorros não podem ser antissociais ou apresentar comportamento perigoso”.
 
Segundo ele, o projeto tem apoio de figuras importantes que participaram de audiência pública sobre a lei no ano de 2019, como o Dr. Alexander Biondo, professor de Zoonoses e Medicina Veterinária da Universidade Federal do Paraná (UFPR), o médico infectologista Dr. Evaldo Stanislau, do Hospital das Clínicas da USP, e também do atual secretário de saúde do Estado, Dr. Jean Gorinchteyn. Além disso, seria considerado um marco de avanço para a cidade de Santos.
 
“Os pets há muito deixaram de servir para guarda das casas, eles convivem com a família de forma ampla e são levados para restaurantes, shoppings, entre outros. Várias cidades do mundo e até aqui no Brasil, como o Rio de Janeiro, já permitem a circulação de cães na areia; com regras, é claro”, afirma Adilson.
 
De acordo com o projeto de lei, os tutores são os responsáveis por recolher e descartar as fezes dos cães adequadamente. Do contrário, está passível de multa. As cadelinhas no cio, ou pré-cio, também não poderão frequentar a praia.
 
RISCOS.
A veterinária Emilyn Diorgi, da Universidade Anhembi-Morumbi, afirma que locais com grande índice de umidade, como Santos, são propícios para o risco de o cãozinho desenvolver dirofilariose canina, ou comumente chamado, verme do coração. “É uma doença muito séria e silenciosa, já que o verme pode habitar o coração do cachorro e causar insuficiência cardíaca e hipertensão pulmonar, que podem levar o animal a óbito”, explica.
 
Ainda segundo ela, existem também outros riscos. “O animalzinho pode contrair a giardia, verminose, otites e dermatites por conta da areia e da umidade”, afirma.
 
Apesar disso, para quem não abre mão da companhia do seu melhor amigo, há solução. De acordo com Emilyn, vermífugos com repelente podem ser alternativas de proteção. “No mercado pet podemos encontrar sprays e até mesmo coleiras repelentes”, sugere. “A vacinação e a vermifugação são indispensáveis para qualquer passeio do cãozinho”, finaliza.
 
Para o veterinário Vinícius Moreira, a opção mais segura dos passeios é ficar pelo calçadão. “Se pensarmos nas praias de Santos, além da contaminação com verminoses, temos também que lembrar do risco da leptospirose, transmitida pela urina dos roedores, proliferados há anos nos jardins da orla; essa é uma doença extremamente grave tanto para o cachorro como para o humano”, esclarece.
 
Segundo ele, o animal precisaria estar extremamente bem cuidado, com vacinação anual em dia e mantendo vermífugos a cada seis meses. “Há ainda um detalhe que nem todos se lembram, que é a questão dos carrapaticidas mensais: há anos enfrentamos casos de doença do carrapato na nossa região e muitos tutores nem sabem disso”.
 
A dermatologista Ingrid Vendramini explica que as fezes dos cãezinhos devem ser recolhidas assim que eles fizerem as necessidades, “pois elas podem transmitir a larva migrans cutânea, o bicho geográfico, que causa lesões avermelhadas nos humanos e coça muito”. No entanto, segundo a médica, se os tutores se atentarem a essa limpeza, o animal não apresenta riscos para o ambiente e para outros banhistas.
 
TUTORES.
Para a advogada Ghabriela Trindade, a proposta é válida. “Sou a favor, desde que haja um lugar limitado e que eles não possam fazer as necessidades na areia. Quem sabe o horário que seu cãozinho usa o banheiro deve esperar para levá-los”, afirma.
 
“Com horário fica melhor para quem não gosta de cachorro, e vale uma conscientização dos donos para limpar as fezes”, comenta a bancária Katiele Santana.
 
O filmmaker Rafael Fonseca costuma passear com os seus cães durante a noite e também aprova a ideia. “Sempre deixo eles irem um pouco na areia durante os passeios, mas acho que a praia deve ser sinalizada que ali é permitido cães, e deve haver fiscalização para manter a higiene”.
 
Para a videografista Laiz Assucena, é importante que o cão seja sociável. “Eu não levaria, porque meus pets não são muito sociáveis, mas acho um projeto muito legal, sou a favor”.

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