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A ironia certa e jovial da Cia do Elefante/Tescom

O espetáculo de rua ‘Esta Peça Não Será Televisionada’, estará em cartaz gratuitamente hoje, às 16 horas, na Praça do Posto 2 (Praia da Pompeia)

Publicado em 01/09/2015 às 17:13

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Encapuzados, sete jovens de 20 a 30 anos tomam a praça. Escrevem cartazes, acendem sinalizadores, hasteiam bandeiras e chamam o público a revolucionar. Mas essa manifestação é outra, é sátira, é o início do teatro de rua ‘Esta Peça Não Será Televisionada’, em cartaz gratuitamente, na terça-feira (dia 8), às 16 horas, na Praça do Posto 2 (Praia da Pompeia), durante o FESTA 57.

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A Cia do Elefante/Tescom e as ideias companheiras do diretor Marcus Di Bello amadurecem nessa segunda montagem do coletivo. O sarcasmo é o melhor remédio para gerar reflexões do nosso dia a dia, como o planeta futebol em que vivemos, ainda mais em nossa terra pentacampeã. “O esporte acaba sendo nosso pão e circo. Tudo está bem se o Brasil ganha a Copa das Confederações”, me disse Marcus no ano passado, quando estreava a obra.

A montagem seguia os apelos das multidões por um país padrão Fifa. Com os colegas da Escola Tescom, onde leciona, Marcus mediou um texto coletivo de dez esquetes. Breves, enfáticos quando abordam os estereótipos do futebol. Os apelidos das torcidas, as mulheres relevadas pelas suas silhuetas em vez da habilidade nos pés, a polícia repressora, o superfaturamento das obras para erguer os maiores penicos de pombos a céu aberto do mundo - os estádios - e até as desapropriações de milhares para tais penicos. Tudo é observado, comentado, feito piada pelo elenco.

Mercado do futebol entra em pauta em espetáculo da Cia do Elefante/Tescom (Foto: Divulgação)

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Creio que mais que tratar do legado do futebol, a peça é o maior exercício da ironia teatral, ora com humor agressivo e apimentado, ora um tom até inocente. Essa mistura de cenas, fragmentadas, não-linear, cria o bom ritmo e fôlego para atrair o público. Aponto que esse acerto se deve a três fatores.

O primeiro é o entrosamento de todo o elenco uniformizado de vermelho e azul, cantando, dançando, encenando e tocando de guitarra a sanfona. Um show. Também fruto disso é a própria interação olho a olho com a platéia - facilitada porque mais atores mais espectadores envolvidos nesse intercâmbio visual.

Há então o segundo ponto positivo: a idade dos atores, e, portanto, jovialidade e irreverência ao experimentar o teatro de rua. A força deles não vem de personagens aprofundados, e sim de ganhar o público nos gestos, na dinâmica da cara limpa e, ao mesmo tempo, quase caricato como se o teatro fosse um jogo. E além deles, só a Alemáquina para manter o pique de trabalhar brincando em campo.

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Nesse um ano de peça em cartaz, teve ecos e roncos nas ruas, o fiasco do canarinho abocanhado por alemães e holandeses, e atletas clamando um Bom Senso FC. Enquanto não se há resultados extra-campo, os dilemas são tão permanentes como Esta Partida Não Será Televisionada, então uma crítica mais que bem-vinda para jovens, seus pais e avós no Brasil Pós-Copa.


 

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