Após caso de racismo, Daniel Alves não esperava tanta repercussão

O jogador foi alvo de uma manifestação racista por parte da torcida rival durante o jogo. Uma banana foi atirada aos seus pés

28 ABR 2014 • POR • 17h07

Depois de ganhar o apoio de colegas jogadores, celebridades e até da presidente Dilma Rousseff, o lateral-direito Daniel Alves admitiu ter ficado surpreso com a forte repercussão do seu ato na partida do Barcelona contra o Villarreal, no último domingo, pelo Campeonato Espanhol.

O jogador foi alvo de uma manifestação racista por parte da torcida rival durante o jogo. Uma banana foi atirada aos seus pés quando ele se preparava para bater um escanteio. Sem se abalar com o ato discriminatório, o brasileiro pegou a fruta do chão, comeu um pedaço e fez a finalização em direção à área.

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"Não sabia que um ato espontâneo geraria tanta repercussão. Fico feliz em poder contribuir nessa luta, estamos no século XXI e essas coisas não deveriam existir mais. Devemos combater com o nosso jeito brasileiro de ser, fazer com que os racistas se sintam envergonhados de certos tipos de atitudes", disse o lateral, em citação publicada pela CBF.

Nas redes sociais, Daniel Alves mostrou bom humor ao tratar do assunto. "Meu pai sempre me falava: filho come banana que evita cãibra (risos), como adivinharam isso? hahaha ???????? #somosmaisqueisso#ficaadica", brincou o lateral do Barcelona e da seleção brasileira.

Mais cedo ele citou o tópico criado pelo companheiro Neymar ainda na noite passada: #somostodosmacacos. O atacante do mesmo time de Daniel Alves postou uma foto em que aparece segurando uma banana. O gesto foi repetido por famosos e outros jogadores nas redes sociais. O casal Luciano Huck e Angélica foi um dos primeiros a encampar a campanha, com imagem semelhante a de Neymar. O mesmo fez o zagueiro Paulo Miranda, do São Paulo, ao lado da esposa. O atacante Fred, do Fluminense, fez uma "banana" com os dois braços.

"Meu Brasil Brasileiro, Verde, amarelo, preto, branco e vermelho Somos um povo alegre com samba no pé, e é com alegria e ousadia que a gente tem que se manifestar. Olha a banana, olha o bananeiro... Sou baiano, sou brasileiro... Estamos mais fortes do que nunca, o sorriso é a nossa proteção, a música é a nossa espada... Nos vemos na Copa... Estamos juntos!! #deusnocomando #somostodosmacacos #danidobrasil #amadajuazeiro", disse Daniel Alves.

Nesta segunda, a CBF manifestou seu apoio ao jogador. "Na primeira rodada do Campeonato Brasileiro deste ano, a CBF promoveu o início da campanha 'Somos Iguais'. Em todos os jogos da abertura da competição, uma faixa foi estendida com o emblema da entidade em preto e branco. Nesta segunda é a vez da CBF se solidarizar com Daniel Alves e ratificar sua posição nesta luta. Cor não faz diferença! Somos iguais!", disse a entidade, em nota

Através de sua conta no Twitter, Dilma elogiou a atitude do jogador e voltou a prometer o combate ao racismo durante a Copa do Mundo. "O jogador @DaniAlvesD2 (perfil de Daniel Alves no Twitter) deu uma resposta ousada e forte ao racismo no esporte. Diante de uma atitude que infelizmente tem se tornado comum nos estádios, @DaniAlvesD2 teve atitude", elogiou a presidente.

A manifestação racista também gerou uma resposta por parte de Joseph Blatter, presidente da Fifa. "O que Daniel Alves tolerou na noite passada foi ultrajante. Temos que lutar juntos contra todas as formas de discriminação. Haverá tolerância zero durante a Copa do Mundo", avisou o dirigente, a 45 dias do início do Mundial.