Exame reprova 59% dos novos médicos; 64% não ligam tosse à tuberculose

O porcentual de reprovados ficou 4,7 pontos acima do número de 2012. O resultado foi considerado "ridículo" pelo coordenador do exame, Bráulio Luna Filho

22 JAN 2014 • POR • 22h48

Quase 60% dos recém-formados em escolas médicas de São Paulo não atingiram o critério mínimo no exame do Conselho Regional de Medicina do Estado (Cremesp). Isso significa que 1.684 dos 2.843 participantes acertaram menos de 72 das 120 questões da prova, aplicada em novembro. A maioria dos profissionais não conseguiu responder, por exemplo, se tosse por longo tempo poderia indicar suspeita de tuberculose.

O resultado foi considerado "ridículo" pelo coordenador do exame, Bráulio Luna Filho. "Nós, do Cremesp, queremos que esse profissional (reprovado) volte para a escola. O maior problema é que, assim que recebe o diploma, o aluno deixa de ser responsabilidade da faculdade e se torna responsabilidade do conselho", diz. De acordo com o Cremesp, 70% das questões de múltipla escolha tiveram nível fácil e médio, o que deixa o quadro ainda mais preocupante. "O objetivo é avaliar se o recém-formado sabe o básico ao concluir o curso, o mínimo necessário para exercer com segurança a profissão."

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O porcentual de reprovados ficou 4,7 pontos acima do número de 2012. Esta foi a 9ª edição da prova, mas apenas a segunda realizada depois que se tornou obrigatória para quem deseja se inscrever no Cremesp e atuar no Estado. O registro, no entanto, não depende do desempenho no exame.

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A porcentagem de egressos de instituições de ensino privadas que não atingiram o nível mínimo no exame foi mais que o dobro da de formados vindos de escolas públicas: 71% ante 33,9%. "O órgão regulador do Estado teria de estar olhando a qualidade dos cursos, o que não está ocorrendo", ressalta o professor Gonçalo Medina, da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP). Luna Filho concorda. "As escolas brasileiras avaliam mal os seus alunos. A condição para ser médico em alguns lugares é poder pagar de R$ 4 mil a R$ 6 mil por mês."

O Ministério da Educação (MEC), responsável pela regulação e liberação de cursos, afirmou, por meio de nota, que "a melhoria da formação médica é prioridade" para a pasta. Segundo o MEC, "várias ações foram implementadas ao longo dos dois últimos anos e outras estão sendo desenvolvidas em prol da qualidade dos cursos de Medicina do País". Como exemplo, o MEC cita o Mais Médicos e a intensificação dos procedimentos de supervisão, aperfeiçoamento dos instrumentos de avaliação in loco para os cursos de medicina e implementação de um programa permanente de monitoramento.